Os efeitos da pandemia da Covid-19, apesar de terem sido amenizados após o início da vacinação, ainda são sentidos no Espírito Santo. Tanto que o Estado aparece como o de maior incidência de casos da doença no País, conforme dados do Ministério da Saúde. Porém, o combate ao coronavírus pode ganhar reforços este ano. Vacinas produzidas no Brasil e imunizantes em forma de spray nasal são algumas das novas esperanças para enfrentar o vírus e reduzir o número de casos não só em território capixaba, mas também em todo o Brasil
Alguns estudos promissores entram na fase final de testes. Nesta reportagem, listamos algumas esperanças para o combate à doença a partir de 2023.
Quando falamos em vacina, a primeira coisa que vem à mente é uma picadinha de agulha no braço. Porém muitos cientistas trabalham no desenvolvimento e em testes de imunizantes em spray a serem aplicados diretamente no nariz, para começar a atacar o vírus na via que é a porta de entrada dele para o corpo humano.
As vacinas em uso atualmente se provaram eficazes para promover uma redução considerável da mortalidade, mas são menos eficientes em relação à contaminação. Por isso, a imunização na mucosa será uma poderosa aliada também no combate ao vírus.
No Brasil, o Instituto do Coração (Incor) e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) trabalham no desenvolvimento de uma vacina em spray. A pesquisa teve dificuldade de conseguir financiamento, mas, segundo o diretor titular da Faculdade de Medicina da USP e diretor do laboratório de imunologia do Instituto do Coração (Incor), Jorge Kalil, o imunizante está sendo produzido para entrar na fase de testagem em humanos. O cronograma é de que esses testes comecem ainda em 2023.
Em novembro do ano passado, a revista Nature, uma das mais importantes publicações científicas do mundo, divulgou um estudo do Centenary Institute em parceria com a Universidade de Sydney, na Austrália, sobre a vacina Pam2Cys. De acordo com artigo, o imunizante se mostrou eficaz na fase de testes com camundongos. China e Cuba já têm vacinas em spray nasal aprovadas.
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a vacina Spin-tec deve chegar à última etapa da fase de testes no final de 2023. Por nota, a universidade declarou que “os estudos clínicos em seres humanos da Spin-tec foram iniciados no dia 25 de novembro. Os testes clínicos se encontram, atualmente, na primeira de três fases a serem realizadas”.
Alguns medicamentos já foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), inclusive, com permissão para serem vendidos em farmácias. É possível que, em 2023, esses remédios se tornem mais presentes no tratamento. Vale ressaltar que a vacinação é o único método comprovado para o combate à doença e que o tratamento com o uso de medicamentos deve ser acompanhado por um médico.
No dia 22 de dezembro, a venda do Lagevrio (Molnupiravir) em farmácias foi aprovada pela Anvisa. Desde maio, havia uma aprovação da agência para o uso emergencial do remédio.
O Lagevrio impede a replicação do vírus. “Para alguns pacientes, o molnupiravir pode ser uma alternativa terapêutica que reduz o risco de desenvolver a doença grave e a internação hospitalar”, escreveu a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, em seu voto pela autorização do uso do remédio.
“É importante ampliar o acesso ao medicamento, quando essa for a estratégia terapêutica estabelecida pelo médico que avaliou o paciente e considerou que o remédio em uso emergencial no Brasil é a melhor decisão para o tratamento”, destacou a diretora da Anvisa nas considerações finais do voto.
Também em dezembro, a Anvisa divulgou a inclusão do fosfato dissódico de dexametasona, o Decadron Injetável, como indicação terapêutica. O medicamento pode ser usado em casos graves de Covid-19.
Segundo nota divulgada pela agência, "a inclusão de nova indicação do medicamento foi baseada nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e nas manifestações de autoridades reguladoras estrangeiras equivalentes, em especial a Agência Europeia de Medicamentos (EMA)".
O Paxolovid (nirmatrelvir + ritonavir), da farmacêutica Pfizer, já tem a distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aprovada desde março e venda em farmácias e hospitais particulares do país aprovada em novembro de 2022.
Apesar de poder ser vendido em farmácias, o fármaco da Pfizer pode estar distante da realidade dos brasileiros. Cada tratamento, que dura cinco dias, custou ao governo dos Estados Unidos cerca de US$ 530. Levando em consideração a cotação atual da moeda norte-americana no Brasil, o remédio poderia chegar a custar mais de R$ 2.700,00.
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