Um fenômeno natural chama a atenção e desperta a curiosidade de quem frequenta a comunidade de Córrego Alto, no interior de Vargem Alta, na Região Serrana do Espírito Santo. A água do Rio Fruteiras, que atravessa a região, simplesmente desaparece ao passar por uma gruta e ressurge metros à frente, em outra caverna.
Isso é possível graças ao fenômeno do "sumidouro", que, como explicam especialistas, acontece graças a buracos formados por erosões no solo. Esses buracos se comunicam como uma galeria subterrânea e fazem com que o curso de água entre no subsolo.
Mesmo não sendo um local propício ao banho, a beleza e a natureza preservadas tornam o fenômeno uma atração para os moradores e visitantes da região.
“O rio some todo por uma fenda na gruta e ressurge uns 600 metros à frente em outro ponto, numa outra gruta. Provavelmente, há milhares de anos, a água esculpiu em um ponto onde a rocha era mais mole e a escavou”, destaca o biólogo e secretário de Meio Ambiente de Vargem Alta, Helimar Rabello, acrescentando que a região possui quatro grutas.
Geóloga, Suzana Donna Gaburo, coordenadora de Proteção e Defesa Civil de Vargem Alta, explicou que, no Brasil, as maiores concentrações de mármore (calcário) estão no Espírito Santo, principal produtor de rochas ornamentais do país.
“As grutas formam-se principalmente por dissolução da ação da água em rochas calcárias, como no caso do mármore. Normalmente, o calcário (mármore) é uma rocha com abundantes fraturas. À medida que a água entra nessas fraturas, ocorre uma reação química que dissolve a rocha, alargando essas aberturas e acelerando o processo de erosão química”, disse a especialista.
Helimar complementa que, diferentemente de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, que possui predominância de granito, a formação de grutas em Vargem Alta é de rochas calcárias. Por serem mais moles, esses materiais permitem a formação de fendas por onde a água penetra.
O calcário propicia outro fenômeno natural no local: a formação de estalactites. São estruturas que crescem no teto das grutas e cavernas em direção ao solo. “Havia uma grande estalactite na gruta, mas infelizmente foi destruída na última enchente, em 2020. O interessante é que essas grutas se tornaram o habitat de muitos animais, como periquitos, corujas, lontras e até quatis”, disse o secretário.
Para garantir mais proteção ao local, esses pontos estão sendo mapeados pela Prefeitura de Vargem Alta para também entrarem futuramente em área de preservação ambiental.
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