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Taxa de ocupação de UTI passa de 50% e pode mudar mapa de risco no ES

Taxa de ocupação de UTI passa de 50% e pode mudar mapa de risco no ES

A utilização dos leitos de terapia intensiva é um dos indicadores que determina a classificação dos municípios, conforme o risco de transmissão da Covid-19

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 21:18

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Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Leitos de UTI no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, unidade de referência para o atendimento de pacientes com a Covid-19. (Reprodução/TV)

Espírito Santo ultrapassou, nesta segunda-feira (23), a marca de 50% da taxa de ocupação de leitos potenciais de UTI, o que coloca o Estado em alerta na matriz de risco de convivência para a Covid-19. O índice chegou a 50,4% e, caso persista o indicador elevado até o final da semana, o novo mapa pode trazer mais municípios em risco moderado de transmissão da doença - hoje são cinco - e até algumas cidades em nível alto.

O governador  Renato Casagrande já havia tratado da questão na última sexta-feira (20), em pronunciamento, quando anunciou que o mapa de risco da Covid-19 sofreria mudanças caso a taxa de leitos potenciais chegasse aos 50%. Leitos potenciais referem-se à capacidade máxima de leitos de UTI (715) que o Estado pode atingir para o enfrentamento do novo coronavírus, de acordo com estratégias definidas pelo governo do Estado.

Taxa de ocupação de UTI passa de 50 por cento e pode mudar mapa de risco no ES

A taxa de utilização de leitos é um indicador de vulnerabilidade na matriz que, associada a três tipos de ameaça - casos ativos de Covid-19, média móvel de mortes e testagem dos moradores  - coloca o Estado em níveis diferentes no risco para a doença. Em ocupação abaixo de 50%, o Espírito Santo é classificado como adequado; de 50 a 80%, passa-se ao alerta; de 80 a 90%, situação crítica; e, acima desse índice, chega-se ao plano de crise. No auge da pandemia, o Estado alcançou o terceiro estágio. 

À medida que avança a ocupação e pioram os demais indicadores, as ações restritivas também se tornam mais abrangentes. Atualmente, nos municípios de risco moderado, as escolas não podem ter atividades presenciais; bares e restaurantes têm limite de horário; e eventos corporativos não podem passar de 300 pessoas, apenas para citar alguns exemplos.  Além disso, independentemente do nível de risco, distanciamento, higienização frequente das mãos e uso de máscara são medidas obrigatórias em qualquer atividade social ou econômica. 

TAXA GERAL

Quando não se trata de leito potencial, a taxa geral de ocupação, que se refere à disponibilidade atual, chega a 85,1%.  A informação consta na atualização desta segunda-feira (23) no Painel Ocupação de Leitos Hospitalares, mantido com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), assim como os referentes aos leitos potenciais. Esse é o maior indicador desde 5 de julho, quando atingiu a marca de 86,5%. À época, porém, havia 693 leitos disponíveis, sendo 600 ocupados por pacientes com a Covid-19. Atualmente, são 424 vagas, com 361 pacientes.

O número total de pacientes nesta segunda é o maior desde o dia 14 de setembro, quando 362 pessoas estavam internadas nas UTIs dos hospitais do Estado.

Na Grande Vitória, a situação é ainda mais preocupante. São 91,5% dos leitos ocupados entre os 295 disponíveis. Alguns hospitais na região já apresentam taxa de 100% de ocupação dos leitos de UTI para a Covid. Mas a situação é observada também em outros municípios. 

Pelo painel da Sesa,  as unidades da Santa Casa, em Vitória e Cachoeiro de Itapemirim; o Hospital Evangélico de Vila Velha e o Vila Velha Hospital já tinham atingido a capacidade máxima de leitos destinados a pacientes com o coronavírus. 

NOVOS CONTRATOS

Em nota à reportagem de A Gazeta, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa que está com um edital em aberto para a ampliação de leitos Covid para a rede SUS, renovando o contrato com hospitais privados, e esclarece que o chamamento visa à contratação de até 130 leitos de UTI e 187 de enfermaria. Desses, 40 leitos de terapia intensiva e 150 de enfermaria já foram adquiridos.

A Sesa diz, ainda, que nesta semana também foram ampliados leitos exclusivos para Covid-19 na Região Sul, que passou a contar com mais oito leitos de UTI e 13 de enfermaria e que ainda trabalha com a previsão de entrega de mais 160 leitos, fruto de obras na rede própria, até o final deste ano, em caso de ascendência da curva. A secretaria frisa que trabalha com a disponibilidade de leitos de forma estadual e que estratégias são adotadas de acordo com o comportamento da curva da doença, que é observada diariamente, já que a taxa de ocupação dos leitos nos hospitais é dinâmica.

MOMENTO DE CUIDADOS REDOBRADOS

A alta nas taxas de ocupação de leitos de UTI no Estado levanta preocupações quanto à evolução da Covid-19 no Espírito Santo. Para a doutora em Epidemiologia Ethel Maciel, esse momento da trajetória da doença no território capixaba é crucial para definir o futuro do combate ao novo coronavírus. “A preocupação é acompanhar os dados para verificar se estabilizamos a primeira onda, ou se os índices continuam a subir. Poderia acontecer uma segunda onda sem acabar a primeira”, aponta a especialista.

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Estamos diante de uma encruzilhada. Tudo depende da evolução do vírus, da aglomeração de pessoas, do comportamento. As pessoas não estão respeitando distanciamento, o uso de máscaras, o transporte coletivo está cheio. Alguns comportamentos individuais têm que ser retomados. E o Estado deve agir, como na questão do transporte coletivo e na fiscalização de restaurantes e locais onde as pessoas estão se aglomerando

Ethel Maciel
Doutora em Epidemiologia
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* Rafael Carelli é aluno do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob supervisão da editora Joyce Meriguetti e de Aline Nunes.

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