Uma taxa de ocupação dos leitos de UTI superior a 91% no Espírito Santo pode levar ao bloqueio total de 11 municípios - Grande Vitória e mais cinco do interior. Trata-se do lockdown, expressão em inglês que define confinamento e impõe medidas ainda mais restritivas de circulação de pessoas e de funcionamento de atividades econômicas. Para evitar lançar mão desse recurso, o governo do Estado amplia a oferta de vagas - para a próxima semana estão previstas 1.040 - mas admite limite de capacidade de expansão.
A nova matriz apresentada pelo governo do Estado nesta quarta-feira (20) para definir o nível de ameaça de transmissão do coronavírus por município, e, assim, as normas que devem ser adotadas para contenção da Covid-19, indica em que condições as cidades entram em risco extremo e estão suscetíveis ao bloqueio.
Serão considerados indicadores de isolamento, população acima de 60 anos, taxa de letalidade e incidência de novos casos, somados à ocupação das vagas de terapia intensiva superior a 91%. Na projeção do governo com dados do dia 19, Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Fundão, Santa Teresa, Alfredo Chaves, Afonso Cláudio, Presidente Kennedy e Marataízes seriam bloqueados.
"É um risco mais intenso que significa um isolamento social radical. Se chegar a 91% de ocupação de leitos de UTI, os municípios com risco extremo vão ter que parar totalmente as atividades econômicas. Estamos definindo ainda outras medidas, comércio e serviço fechados, talvez algumas indústrias", ressaltou o governador Renato Casagrande, em coletiva de imprensa.
Ainda pela projeção do governo, os demais 67 municípios passariam a ser classificados como risco alto, também com regras mais rigorosas do que as vigentes.
"Todo o Estado ficaria com restrições. Alguns municípios com restrição total, outros, parcial. Para os próximos 14 dias, a partir de domingo (24), essa vai ser a modelagem que norteará o nosso trabalho", acrescenta Casagrande, numa referência à matriz de risco que passará a considerar ocupação de leitos acima de 91% como alto índice de vulnerabilidade. No Painel Covid-19 desta quarta, ferramenta do governo que atualiza os dados diariamente, o indicador está em 69,72%.
O Espírito Santo dispõe hoje de 918 leitos de UTI e enfermaria para atendimento a pacientes com a Covid-19. Na coletiva, o governador apontou que até a próxima semana estarão disponíveis 1.040, contando em parte com os contratos que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está formalizando com hospitais filantrópicos e particulares. Casagrande ressaltou a oferta de 190 novas vagas no Hospital Vila Velha, da rede privada, que estarão disponíveis pelo SUS. Desse total, 50 já foram abertas.
Até a última semana, eram 15 hospitais no Estado com vagas reservadas para pessoas com o coronavírus. Mais quatro unidades foram incluídas para ampliar a oferta e também para compensar o esgotamento de leitos que tem sido registrado nos últimos dias.
O Hospital Evangélico de Vila Velha, por exemplo, está com 100% da ocupação tanto em UTI quanto na enfermaria. Na Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim, a terapia intensiva também chegou ao limite de atendimento. Em Colatina, das 13 vagas de UTI, 12 estão ocupadas. O Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, é referência para casos de Covid-19 da região metropolitana, e tem 79,12% das 206 vagas de UTI com pacientes graves.
"Leitos salvam vidas, mas não as de todos. O que salva é o isolamento, o uso de máscara, a não aglomeração, são os cuidados com a higiene, a disciplina. Isto sim salva 100% das vidas. Apresentamos o esforço do governo; até semana que vem serão 1.040 leitos, mas precisamos muito do esforço de todos para que possam praticar o isolamento. A abertura de leitos tem limite e estamos chegando ao nosso: financeiro, de profissional e de equipamentos. Até agora avançamos, conseguimos ficar um passo à frente da doença, mas ela está no nosso calcanhar. Damos um passo adiante e logo depois tem mais pessoas precisando ocupar boa parte desses leitos. O isolamento ajuda a administrar a ocupação", concluiu Casagrande.
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