A taxa de transmissão do novo coronavírus no Espírito Santo continua em alta. É o que aponta o último relatório apresentado pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), do Instituto Jones do Santos Neves (IJSN), sobre o ritmo de contágio (rt) da doença no Estado. A situação mais delicada, e que já influencia diretamente nos resultados a nível estadual, é a do interior. Em algumas regiões, o ritmo de contágio já passa de 2, o que significa que 100 infectados podem passar a doença para outras 200 pessoas.
O relatório apresentado mostra os números do ritmo de contágio no dia 12 de março. Na ocasião, o Espírito Santo apresenta o rt de 1,43, e consolida um mês de aumento da transmissão da doença em todo o território capixaba, visto que nas últimas quatro medições, o índice vem apresentando alta: 0.82 em 19/02; 1.1 em 26/02; 1.28 em 05/03 e 1.43 em 12/03.
Diferente da Grande Vitória, onde o ritmo de contágio apresentou uma ligeira queda em comparação à última semana - de 1.28 em 05/03 para 1.16 no dia 12/03 - o interior vem mostrando uma disparada na alta da transmissão da doença. Há duas semanas, o rt no interior era de 1.01. Depois, ele passou para 1.3 em 05/03 e agora apresenta um índice de 1.61 no dia 12/03. Uma alta de aproximadamente 60% na transmissão do vírus.
Um dos trechos que puxam essa alta é a região Nordeste do Estado. No último relatório, o rt era de 1.1 no dia 05/03. De acordo com a última atualização, referente ao dia 12/03, o ritmo de contágio passou para 2.02. Ou seja, praticamente dobrou em apenas uma semana.
Segundo o diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, a velocidade de transmissão ainda preocupa. Mesmo na Grande Vitória, que apresentou uma ligeira queda, o marcador acima de 1 indica que a doença continua sendo transmitida com rapidez.
“Reduziu um pouco mas continua alto, próximo de 1.2. Significa que a cada 10 pessoas contaminadas na Grande Vitória, a gente tem a possível transmissão para outras 12 pessoas, fazendo o arredondamento. Então, ainda é um número alto”, disse.
Sobre o interior, Lira destaca a expansão da segunda fase da pandemia. Para ele, diferente da Grande Vitória, o interior não apresentou uma queda brusca entre a segunda e a terceira fase, o que significa que a doença apresenta uma tendência de maior expansão no momento atual. Além disso, a circulação de novas variantes no interior do Estado contribuem para a alta nas regiões.
“A Grande Vitória está há 3 semanas com a taxa de transmissão acima de 1, está com um ritmo acelerado. O interior vem a quatro semanas com a taxa acima de 1. Está mais forte o crescimento da velocidade de transmissão do vírus no interior. Combinado a isso, temos as novas variantes concentradas em municípios do interior”.
A média de mortes também traz um panorama sobre o avanço da doença no interior. Até o dia 1 de abril, a média móvel de óbitos dos últimos 7 dias mostra que o interior apresenta mais mortes do que na Grande Vitória, diferente de outros momentos da pandemia.
“A média móvel de óbitos no interior está mais forte do que na Grande Vitória, e já é a maior média desde o início da pandemia. Supera o primeiro e o segundo pico. E ainda está subindo, a média está aumentando. Muitos municípios do interior tiveram o primeiro impacto maior entre dezembro e janeiro. Eles tiveram um número menor de mortes no primeiro pico, no segundo tiveram uma expansão mais forte e estão mantendo agora na terceira fase da pandemia”, destacou.
Lira prevê os primeiros efeitos da quarentena já nos próximos relatórios. Mesmo com a taxa de isolamento ainda abaixo das expectativas, o ritmo de contágio deve apresentar queda.
“Apesar da taxa de isolamento não ter crescido tanto, a gente vai perceber os primeiros efeitos da quarentena. Mas, se a população continuar fazendo sua parte, os efeitos serão maiores, tanto na confirmação de casos, na taxa de transmissão e na pressão sobre os leitos”, completou.
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