A taxa de transmissão (RT) do coronavírus voltou a subir e está acima de 1 nos municípios da Grande Vitória. Os dados do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) apontam que o indicador chegou a 1.07 em 18 de setembro, demonstrando uma tendência de crescimento que já vinha sendo registrada nas semanas anteriores. O dado mais recente revela que um grupo de 100 infectados com a Covid-19 transmite a doença para 107 pessoas.
As informações foram extraídas nesta quinta-feira (1º) do Painel Covid-19, ferramenta do governo do Estado com atualização diária sobre a doença. Nele também consta que a atual taxa de transmissão no Estado é 0.93, ou seja, 100 pessoas transmitem o vírus para outras 93. Nas cidades do interior, o indicador é mais baixo, mas também registrou crescimento e chegou a 0.83. Neste cenário, 100 infectam 83. Vale ressaltar que esses dados são consolidados porque já decorreu um período de 14 dias, intervalo que a doença pode se manifestar após o contato de uma pessoa com o vírus.
O índice de contágio na região metropolitana está maior que o do Estado. O monitoramento realizado pelo NIEE revela, ainda, que a taxa de transmissão da Grande Vitória não era maior que a constatada nos municípios do interior, pelo menos, desde o dia 10 de julho.
Pablo Lira é diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional. Segundo ele, o aumento representa "variações positivas observadas na curva epidemiológica."
Na avaliação de Lira, três fatores podem ter contribuído para a elevação da taxa, como o aumento da interação social, a mudança do modelo de testagem para a Covid-19 e o inquérito sorológico do sistema prisional.
"Temos de acompanhar o comportamento da doença nas próximas semanas e desenvolver uma análise empírica para estabelecer esse nexo causal com precisão. Ainda é cedo para fazer qualquer afirmação", argumenta.
De acordo com Pablo Lira, o aumento da interação social registrada após a flexibilização das medidas restritivas pode ser considerado um fator causador do aumento do RT na Grande Vitória. "Só que ainda é cedo pra fazer essa afirmação. Do feriado de 7 setembro, o ciclo da doença completaria os 14 dias no dia 21 do mesmo mês. A taxa de transmissão desse período só pode ser analisada na próxima semana".
Desde o dia 14 de setembro, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) testa qualquer pessoa no Espírito Santo que apresente algum sintoma respiratório característico dos casos suspeitos de Covid-19. "Isso pode influenciar uma variação positiva na taxa de transmissão, aumenta o diagnóstico de casos confirmados e, então, a média móvel de casos também é influenciada", destaca Pablo Lira.
O estudo indicou que, entre os 22 mil presos do sistema penitenciário do Estado, cerca de sete mil teriam sido infectados. Na região Norte, 43,7% dos custodiados testados tiveram resultado positivo para a Covid-19; na região metropolitana essa taxa foi de 28,7%; e, na região Sul, 19,8% dos presos testados tiveram contato com o vírus. "O maior número de unidades prisionais está na Grande Vitória", pontua Pablo Lira.
"Hoje estamos com uma taxa de transmissão de 0,93 no Estado. Nas últimas nove semanas, desde 17 de julho, a nossa taxa está abaixo de um. Ficando abaixo de um, demonstra que estamos reduzindo. Mas o aumento de 0,77 para 0,93, no dia 18 de setembro, mostra que estamos diminuindo o ritmo de redução." A afirmação é de Pablo Lira, membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE).
Mesmo diante deste cenário, Lira prevê que os dados que serão analisados na próxima semana, possivelmente no dia 8 de outubro, vão registrar redução das taxas de transmissão a partir do número de casos confirmados e os óbitos provocados pela Covid-19.
"O Painel Covid-19 mostra que a média móvel de casos confirmados dos últimos 14 dias está em queda de -11,74%, e o número de óbitos tem redução de -27,93%. Tudo indica que na semana posterior à semana do dia 18, muito provavelmente, teremos uma taxa de transmissão voltando a cair", estima.
A taxa de transmissão é baseada em um cálculo que mede a velocidade em que o vírus se dissemina na população. A análise considera dados coletados durante o inquérito sorológico realizado com base em testagem por amostragem pela Sesa, como o número de casos confirmados de Covid, registros de óbitos e percentual de prevalência. Também entram na conta quem ainda não se infectou e a parcela da população que está suscetível ao vírus.
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