Há pouco mais de dez dias, a técnica de Enfermagem do Trabalho, Nelcileia Aparecida Viana, 42 anos, deixou a UTI do Hospital São Camilo, em Aracruz. Após passar 16 dias internada, boa parte deles intubada, ela conseguiu vencer a Covid-19. Agora luta para superar as sequelas: uma perna paralisada e lapsos de memória.
Nelcileia se emociona ao falar da doença. É muito ruim lembrar do que vivi, mas Deus me deu uma nova chance e quero aproveitá-la. Agora a sensação é de libertação, conta, emocionada.
Desde que deixou o hospital, no último dia primeiro, ela enfrenta dificuldades com lapsos de memória. Às vezes quero falar, contar algo, e não consigo me lembrar das palavras. Esqueço e não consigo falar direito, relata.
Parte de sua perna esquerda também ficou paralisada, o que tem impedido Nelciléia de andar. Não consigo andar sozinha. Preciso sempre do apoio de outra pessoa. Dentro de casa, com muito esforço, tenho dado alguns passos, conta.
O médico informou para Nelciléia que as sequelas podem ser um reflexo da intubação e da medicação que precisou tomar. Foi o que me informaram. Vou começar a fazer fisioterapia para recuperar o movimento da perna. Segundo eles, com o tempo, vai melhorar. É o que espero, conta.
Aos 42 anos, ela é mãe de duas filhas, uma de 14 e uma de 22 anos. No momento está morando com a irmã em Jardim Camburi, Vitória, já que não consegue ficar sozinha e precisa de ajuda para continuar se recuperando.
Nelcileia é técnica de Enfermagem do Trabalho e atua em uma empresa que faz prestação de serviços de portaria, principalmente na Serra. Relata que começou a sentir os primeiros sintomas em meados de maio. Eram sintomas de gripe e fui afastada do trabalho. Cheguei a procurar duas unidades de saúde na Serra e fui diagnosticada até com coqueluche, explica.
No dia 15 de maio, quando sentiu um agravamento do quadro, foi até a UPA de Serra Sede. Lá me atenderam melhor e o médico avisou que estaria com sintomas de Covid-19. Fiz um raio x, exame de sangue e o teste. Voltei no dia seguinte e já tinha o resultado do exame. De lá já fui encaminhada para Aracruz, na ambulância, para internação. Não havia vagas no Hospital Jayme Santos Neves, conta.
Ela só se recorda do momento em que chegou ao hospital e de entregar sua bolsa para um cunhado. Não me lembro de mais nada. A enfermeira falou que fiquei mais de uma semana inconsciente, conta.
Do período total de internação, 12 dias ela passou na UTI. Os contatos com a família eram viabilizados pelos médicos, por intermédio de videoconferência. Eles foram muito atenciosos. Não podia receber nenhuma visita, mas todos os dias eles ajudavam a manter contato com a minha família, diz.
Sua irmã, Rosemeri da Silva Rodrigues, relata que a angústia aumentava à medida que o quadro de Nelcileia se agravava. "Os rins pararam de funcionar e o coração ficou muito fraco, mas ela conseguiu superar a doença. O atendimento da equipe no hospital foi maravilhoso e ajudou muito", conta.
Nelcileia agora quer se recuperar, continuar trabalhando e concluir o curso que está fazendo na área de Segurança do Trabalho. Agora é bola pra frente, diz, assinalando que as pessoas precisam ter cuidado para evitar a contaminação dos outros. Até os que são assintomáticos precisam ficar em casa. O risco de contaminar um parente é muito grande, alerta.
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