O número de acidentes na Terceira Ponte aumentou desde o início das obras para criação de novas faixas de trânsito, em março deste ano. Entre esse mês e junho, foram 71 ocorrências a mais do que no mesmo período de 2022: um crescimento de 42%.
Somente em março, quando começaram as retiradas das muretas laterais, as colisões quase dobraram, segundo dados da Rodosol, concessionária da via. Foram registrados 70 acidentes contra 37 no mesmo mês do ano passado: alta de 89%. Em abril, o avanço foi de 28% em comparação com o mesmo mês de 2022.
A quantidade de casos também cresceu em maio (38%), coincidindo com o início das atividades para o estreitamento das pistas. Hoje, a ponte conta com duas faixas em cada sentido da via. Com o fim das intervenções, serão três disponíveis de cada lado.
Embora o total de veículos que passem pela ponte também tenha expandido, essa alta apresentou ritmo menos acelerado, de quase 4%, passando de 4.899.769, entre março e junho de 2022, para 5.090.311 no mesmo período de 2023.
Para o professor de Engenharia de Tráfego do curso de Engenharia Civil da UVV Fábio Romero, a falta de sinalização mais eficiente pode ter contribuído para o aumento no número de acidentes.
Ele aponta alguns problemas verificados durante as intervenções. Romero diz que não estão sendo seguidas algumas regras de segurança viária de sinalização, o que aumenta o risco para os motoristas. O professor cita o fato de faixas reflexivas dos cones colocados na ponte não estarem funcionando, bem como a falta de aviso do afunilamento da pista pelo menos 200 metros antes da intervenção.
Ele ainda ressalta que, com o afunilamento, os motoristas têm perdido a guia da pintura horizontal — a que fica no chão —, o que dificulta a noção de espaço para passagem do veículo.
"Dou aula em Vila Velha e moro em Vitória. Por isso, passo todo dia à noite pela ponte. Muitas vezes, a obra já começava na primeira curva, sem aviso nenhum. Diminuíram as faixas e, sem a pintura, o motorista acaba perdendo a noção do espaço. Também é preciso diminuir mais a velocidade na ponte para evitar acidentes", frisa.
Na reta final para a conclusão da obra — agora prevista para agosto —, interdições e afunilamento da pista na Terceira Ponte também têm ocorrido durante o dia — antes, eram à noite e de madrugada. Situação que incomoda os motoristas e passageiros de ônibus, devido à lentidão no trânsito.
Concessionária que administra a Terceira Ponte, a Rodosol afirma que inúmeras variáveis podem impactar os registros de acidentes, como aumento de fluxo, comportamento de motoristas e eventos atípicos. Por isso, diz que não é possível estabelecer uma relação direta de causa e consequência, entre as obras na via e o crescimento no número de ocorrências de trânsito, como colisões.
A Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) informa que as obras de ampliação da Terceira Ponte e Ciclovia da Vida acontecem desde 2021 e lembra que os estreitamentos tiveram início na segunda quinzena de maio, mantendo o trânsito em duas faixas por sentido.
A Semobi destaca que toda a extensão da ponte está devidamente sinalizada e, nos locais com interdições, a velocidade é reduzida, contribuindo também para evitar acidentes, não sendo assim apropriado associar os dados de acidente e colisões com a medida adotada.
A secretaria acrescenta que, apenas neste mês de julho, período de férias escolares, quando há menor fluxo na via, os estreitamentos provisórios foram adotados de forma pontual, fora do horário de pico, limitando o trânsito a uma faixa por sentido.
Sobre as críticas feitas pelo professor Fábio Romero, a respeito da sinalização da obra, a Semobi informou que todas as medidas que trazem interferência ao trânsito são sinalizadas seguindo as recomendações de segurança dos órgãos responsáveis, inclusive com o uso de sinais luminosos no período da noite.
Por fim, reconhece que obras em via pública podem ocasionar transtorno temporário ao trânsito e orienta os condutores que tenham atenção ao trafegar no local.
A ampliação da Terceira Ponte é executada pelo governo do Estado, por meio da Semobi, com prazo de conclusão previsto até agosto de 2023. As obras foram contratadas pelo valor de R$ 127 milhões e têm como responsável o Consórcio Ferreira Guedes Metalvix.
Além da construção da Ciclovia da Vida, foi instalada uma estrutura metálica anexada às laterais da ponte, fazendo a barreira de proteção contra suicídios. Essa grade é anti-escalada e tem 3 metros de altura.
Segundo a Semobi, a capacidade de trânsito da ponte também será aumentada em torno de 40%, com a criação de duas novas faixas. Desse modo, a ponte passará a contar com três faixas em cada sentido.
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