A primeira testemunha a depor no julgamento dos seis acusados pela morte de Milena Gottardi, na manhã desta segunda-feira (23), foi uma amiga que trabalhava com ela em duas unidades hospitalares. Grávida de 38 semanas, Aline Coelho Moreira Fraga relatou, em seu depoimento, que chegou a avisar Milena do risco dela ser morta.
“Quando ela me relatou que tinha escrito uma carta, e o que nela constava, alertei a Milena de que aquilo era uma ameaça e que ela corria o risco de ser morta”, afirmou.
Segundo a testemunha, meses antes do crime as duas conversavam muito sobre a situação que a médica enfrentava diante das dificuldades para se separar de Hilário. Ela relatou que Milena sofreu uma "progressão de inseguranças". Com o passar do tempo, ela foi ficando com mais medo.
Aline, que é reumatologista, relatou que Hilário em várias ocasiões foi ao Hospital das Clínicas e que Milena desconfiava que estava sendo seguida e que ele a monitorava até pelo celular.
"Ela parou de enviar mensagens e só falava com a gente pessoalmente. Marcava de encontrar com a gente e depois mudava de local", contou.
Em uma visita de Milena à sua casa, quando a primeira filha de Aline nasceu, ela relata que em 40 minutos Hilário chegou a ligar mais de 20 vezes para Milena.
"Milena ficava olhando a varanda, desconfiada de que ele a seguia. Ouvi quando ela atendeu uma ligação de Hilário e ele disse que ela teria que buscar as crianças, mas não era o dia dela", contou a testemunha.
Na ocasião, diante das preocupações da amiga, Milena falou sobre a carta que ela tinha feito.
"Falei com a Milena que Hilário poderia matá-la, mas Milena disse que ele não faria isso."
A testemunha conta que nas últimas semanas Milena estava mais apreensiva e preocupada com sua segurança.
A testemunha conta ainda que Milena não aceitava denunciar Hilário, com medo de prejudicá-lo. Contou ainda que no período que Milena ficou separada ela relatou estar mais tranquila.
"Ela já usava maquiagem e falava em fazer uma confraternização com os amigos".
A testemunha relatou ainda que, após a morte de Milena, vários pacientes do Hospital das Clínicas tiveram que ser realocados para outras unidades hospitalares. E que no Hospital Infantil essa realocação acabou gerando uma longa fila por atendimento para os pacientes de tratamento oncológico.
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