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Morte na Darly Santos: testemunhas dizem que motorista estava em alta velocidade

Morte na Darly Santos: testemunhas dizem que motorista estava em alta velocidade

O acidente tirou a vida de Amanda Marques, 20, em Vila Velha no dia 17 de abril

Publicado em 30 de abril de 2021 às 17:31

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Amanda Marques e o namorado Matheus José. A moto em que eles estavam foi atingida por um carro em Vila Velha
Amanda Marques e o namorado Matheus José. A moto em que eles estavam foi atingida por um carro em Vila Velha. (Instagram)

Testemunhas que viram o acidente que matou a jovem Amanda Marques, 20 anos, e deixou ferido o namorado dela confirmam que o motorista do carro que atingiu a moto estava em alta velocidade e aparentava estar bêbado. 

A batida aconteceu na Rodovia Darly Santos, no trecho do bairro Jardim Asteca, em Vila Velha, no dia 17 de abril. O casal havia saído da casa da mãe da jovem, no bairro Jockey, e seguiam de motocicleta para o bairro Divino Espírito Santo, onde moravam, quando ocorreu o acidente.

Era Matheus quem pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Toyota Corolla, conduzido por Wagner Nunes de Paulo, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta. O Corolla arrastou vítimas e a moto por cerca de 50 metros até parar.

Um casal de namorados que passava pela rodovia no mesmo sentido viu o acidente. "Foi uma imagem muito chocante e com essa frieza toda, nunca presenciei assim. A gente seguia na pista da esquerda, onde o trânsito é mais fluido e a moto estava na pista da direita. Percebemo um carro vindo em alta velocidade e com farol alto atrás  da gente. Só deu tempo de pensar  'vai bater'", conta uma universitária que não quis se identificar. 

SUSPEITA DE EMBRIAGUEZ

"O motorista do carro estava andando tranquilamente, normal, para perto das vítimas, onde nós paramos. Quando ele chegou próximo da gente dava para sentir o cheiro de álcool nele. Quando ele parou no meu lado, eu olhei para Amanda e falei  'vc matou a mulher do cara'. Ele só deu um sorriso", contou a outra testemunha. 

POLICIAL CIVIL TENTOU INTERFERIR

Ainda na cena do acidente, já com a chegada da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) e da Guarda Municipal, um policial civil chegou ao local em uma viatura descaracterizada e ficou próximo a Wagner, conversando. O policial é amigo da família de Wagner, que também tem policiais civis, e estava de folga.

"Ele falou 'vamos todo mundo se retirar, agora não é o momento'", lembrou uma das testemunhas. 

Ele tentou tirar o motorista do local. Porém, foi impedido pela equipe do Samu e também da guarda municipal. Ainda segundo consta o relatório da investigação do acidente, o policial civil teria tentado influenciar na versão presenciada pela testemunha, tendo a ameaçado de prisão e de que iria conduzi-la à delegacia.

PROCEDIMENTO PADRÃO NÃO FOI OBEDECIDO

Segundo o relatório da investigação, também houve falha dos PMs que assumiram a ocorrência ao não registrarem em momento algum que Wagner apresentava aparentemente sinais de embriaguez, como relatado por outras testemunhas, ou mesmo sobre a presença do policial civil junto ao detido nos registros formais necessários.

Os militares nem sequer completaram os autos de constatação de alteração psicomotora, como é solicitado em caso de acidente onde os condutores se recusam a fazer teste de bafômetro.

Wagner Nunes de Paulo foi preso após acidente com morte em Vila Velha
Wagner Nunes de Paulo foi preso após acidente com morte em Vila Velha. (Redes sociais)

Na Delegacia Regional, segundo consta no relatório, os familiares tiveram acesso a Wagner e às dependências da unidade policial, procedimento que não é o padrão da Polícia Civil. 

As testemunhas do acidente tiveram que esperar de 21h às 2h da madrugada para prestarem depoimento.  "A gente só não saiu dali mesmo porque precisava que se fizesse justiça. Parecia que queriam nos vencer no cansaço, para que desistíssimos de dar depoimento", lembra uma universitária. 

Outra conduta questionada no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito é o fato do delegado de plantão na Delegacia Regional de Vila Velha, para onde o suspeito foi levado, não ter conduzido Wagner para os exames toxicológico e de alcoolemia junto à perícia da corporação, onde a recusa do exame - direito que o acusado possui - é documentada adequadamente.

CORREGEDORIAS

Por nota, a Polícia Civil informou nesta quinta-feira (29) que "não coaduna com condutas inadequadas ou delituosas e apura todos os fatos, independentemente das pessoas envolvidas. O relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito demonstra que a investigação é imparcial. A partir da conclusão do Inquérito Policial, a Corregedoria da Polícia Civil vai instaurar investigação para apurar a conduta de todos os policiais citados no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito e aplicará as medidas cabíveis", finalizou.

Questionada, a Polícia Militar informou que "até o momento não recebeu qualquer documento relativo ao fato e, após tomar conhecimento de todo o conteúdo das peças que envolvem o acidente de trânsito e que foram encaminhadas à Corregedoria, irá instaurar o devido procedimento apuratório", afirmou a corporação.

INDICIAMENTO

Na data do crime, Wagner foi autuado em flagrante por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. Foi arbitrada uma fiança de R$ 10 mil, que não foi paga, por isso Wagner foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana no domingo (18).

Dentro do prazo legal estipulado, o delegado Maurício Gonçalves encaminhou à Justiça a conclusão do inquérito policial que investigava o acidente e concluiu que se tratou de um homicídio qualificado por motivo fútil, uma vez que foram reunidos fatos que apontam que Wagner ingeriu bebida alcoólica antes de pegar a direção do Corolla. Fora isso, ainda tentou fugir do local e não prestou socorro às vítimas.

Wagner continua detido no Centro de Triagem de Viana desde o dia do acidente. A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa do motorista, Ramon Coelho, nesta quinta-feira. Por telefone, ele solicitou que a ligação fosse retornada em um intervalo de uma hora. A reportagem atendeu ao pedido. No entanto, o advogado não atendeu e nem respondeu às mensagens.

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