A Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com o laboratório farmacêutico chinês Sinovac, tem a previsão de intervalo de até 28 dias entre a aplicação da primeira e da segunda dose. O reforço é necessário para que se tenha a imunização completa contra o novo coronavírus.
Mas o repasse de lotes do imunizante aos Estados, prometido pelo Ministério da Saúde, foi menor que o necessário para atender todo o público. A falta de vacinas tem preocupado quem já recebeu a primeira dose e está com o prazo da segunda aplicação vencendo. Na noite de sábado (24), o secretário da Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, usou as redes sociais para explicar o motivo do atraso e respondeu a uma série de perguntas e respostas sobre o tema.
Apesar disso, o assunto ainda traz dúvidas. Nas redes sociais, muitos capixabas questionam sobre os possíveis efeitos da demora e se tomar a segunda dose da Coronavac com atraso inviabiliza a imunização. Diante disto, a reportagem questionou a epidemiologista Ethel Maciel sobre o que acontece se ultrapassado o intervalo de 28 dias.
A especialista explicou que, por enquanto, não há muitos dados específicos sobre o assunto. As pesquisas mais avançadas sobre a imunização são realizadas em países em que grande parte da população já recebeu a vacina, como em Israel e no Reino Unido. Nesses locais, entretanto, não houve atrasos e o que ocorre no Brasil é uma situação inédita.
Assim, não há parâmetro. Via de regra, entretanto, a imunização somente poder ser considerada completa após a segunda dose do imunizante. Ou seja, mesmo com atraso, é preciso tomar a segunda dose.
“Em nenhum desses países (mais avançados nas pesquisas sobre as vacinas) tivemos esses problemas que estamos tendo aqui. As doses foram dadas no tempo certo. Ainda não temos uma previsão para o que está acontecendo no país. O que a gente sabe, de fato, é que a segunda dose é o que a gente chama de booster, é como se ela reforçasse para a resposta imunológica durar por mais tempo.”
Ethel diz que a primeira dose da vacina serve, a princípio, para apresentar aquele agente infeccioso ao sistema imunológico, e que, nessa fase, a resposta do organismo ainda é baixa. A segunda dose do imunizante ajuda a reforçar a imunidade e a mantê-la por mais tempo.
Ela observa que o momento ainda é de incertezas e que, idealmente, o prazo previsto, com intervalo entre 14 e 28 dias entre a primeira a segunda dose da vacina contra a Covid-19 deveria ser cumprido. Mas, mesmo com atrasos, ainda é importante completar a imunização. Isto é, se o paciente tomou a primeira dose da Coronavac, deve receber a segunda, ainda que o prazo ultrapasse a previsão inicial.
“O que a gente sabe das pesquisas é que a segunda dose deve ser administrada entre 14 dias e 28 dias. Além disso, não sabemos. Mas sabemos, por conta de outras vacinas, que para fazer uma imunização mais prolongada, é preciso tomar a segunda dose. Então, mesmo com atraso, é mais importante tomar que não tomar."
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