Um servidor público e uma recepcionista, ambos de 32 anos, com suspeita de Covid-19 receberam atestados médicos de cinco dias de validade cada um, após consulta no Pronto Atendimento do Trevo de Alto Lage, em Cariacica. Porém, a orientação da Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo (Sesa) é de que seja seguido como padrão o período de isolamento de 14 dias para doentes com sintoma de coronavírus.
De acordo com a secretaria, a portaria nº036-R, de 16 de março de 2020, estabelece o protocolo clínico para síndromes respiratórias gripais, em virtude do surto do novo coronavírus. De acordo com ele, deve ser adotado o protocolo de isolamento domiciliar por 14 dias a todos os casos de síndromes gripais, mesmo sem sinais de gravidade, independentemente de confirmação laboratorial.
O casal apresentava sintomas de síndrome gripal e realizou a coleta de material para teste da doença, mas mesmo assim, a médica do plantão recomendou apenas cinco dias de isolamento.
"Procuramos o posto pois tínhamos febre, tosse, dor no corpo e na garganta. Tenho um problema pulmonar desde quando eu era criança e estava tendo falta de ar leve. Fomos atendidos com duas horas de diferença com a mesma médica. Fizeram a coleta de material com swab (cotonete estéril utilizado em testes laboratoriais) para exame de coronavírus e a médica passou remédios para os sintomas. Porém, os atestados que ela forneceu para nós dois foi de cinco dias", explicou a recepcionista Kamila Reis, de 32 anos.
Ao final dos cinco dias, o marido de Kamila voltou a trabalhar, sem cumprir o isolamento de 14 dias recomendado pela Secretaria de Saúde. Já a recepcionista foi atendida por outro médico, que trabalha na clínica onde Kamila é recepcionista, que prolongou o isolamento dela até completar o período recomendado.
Os resultados dos testes, que só ficaram prontos após o fim do período de afastamento estipulado pelo atestado médico, surpreendeu os dois. Enquanto o exame do servidor público foi positivo, o da esposa deu negativo.
"Estávamos com sintomas leves, mas apresentávamos sintomas gripais. O que fiquei indignada foi com o fato recebermos atestados de cinco dias. Meu marido trabalha com o público diretamente e, desde que acabou a validade do atestado, ele voltou a trabalhar. Agora, que sabemos que ele deu positivo, fico pensando em quantas pessoas ele pode ter infectado por não ter um atestado para ficar mais tempo isolado", descreveu a recepcionista.
Outro alerta feito por Kamila é o fato de que outras pessoas podem ter recebido a mesma orientação de cinco dias de afastamento do trabalho e não os 14 dias recomendados pelos órgãos de saúde. "Se com nós dois foi assim, esse procedimento está se repetindo?", questiona.
A reportagem procurou a Prefeitura de Cariacica, que informou que o Pronto-Atendimento de Alto Lage, administrado pelo Instituto de Gestão, Inovação e Saúde (IGIS), tem o procedimento padrão em casos suspeitos de Covid-19, considerando se tratar de paciente enquadrado em protocolo de coleta de swab nasal e faringe e que o resultado deveria ser liberado, em 48 horas, pelo Laboratório Central (Lacen).
Em nota, a gestão municipal explica que cada médico tem autonomia para conceder no atestado o prazo de afastamento que achar conveniente, de acordo com a sua avaliação. Os pacientes recebem orientação para permanecer em isolamento até o resultado dos exames serem liberados pelo Lacen.
A prefeitura orienta, ainda que, caso o prazo do atestado vença antes do resultado do teste, a recomendação é que o paciente retorne ao pronto atendimento para ser reavaliado pelo médico.
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