Acordar de madrugada, se arrumar, pegar a bicicleta e pedalar por cerca de 40 minutos de casa até o trabalho para encarar uma jornada na operação de máquinas pesadas. É assim a rotina de Uanderson Miranda Correia, de 40 anos. Morador do bairro São Judas Tadeu, na Serra, ele trabalha em Civit II, no mesmo município.
Para fugir da aglomeração e do risco por contágio do coronavírus nos ônibus do Sistema Transcol, Uanderson e diversos outros profissionais da Grande Vitória estão optando seguir o trajeto de casa até o trabalho em um veículo de locomoção alternativo aos ônibus.
Em julho, A Gazeta mostrou relatos, fotos e vídeos enviados pelos passageiros que utilizam os ônibus do Transcol diariamente. Eles narraram a dificuldade de manter o distanciamento social, reclamaram da aglomeração e de organização nos terminais.
A preocupação tem fundamento porque a quarta fase do inquérito sorológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apontou que 29,1% dos capixabas que testaram positivo passaram mais de 30 minutos dentro dos ônibus, onde quase nunca é possível respeitar a distância mínima de um metro, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Quando opta pelo Transcol, Uanderson pega o ônibus que faz a linha 828 (São Marcos - Terminal de Laranjeiras) perto da casa dele às 5h50. Quando chega no terminal, segue caminhando até o trabalho. A viagem dura em torno de 60 minutos. Segundo ele, o período não é o problema, mas sim as condições da viagem.
Há cerca de dois meses, o operador de máquinas pesadas foi diagnosticado com Covid-19. Após cumprir o isolamento, foi considerado curado. Mesmo após esse período, ele reclama que ainda não conseguiu recuperar o paladar. Das comidas e bebidas, consegue distinguir o que é doce e salgado. O sabor, sente somente o de refrigerante.
Não sei como, onde e nem quando fui infectado. Mas me preocupo muito com minha família. De bicicleta, também é arriscado porque é preciso dividir espaço com os carros, ônibus e pontos sem estrutura adequada para receber ciclistas. Mesmo diante das dificuldades, prefiro seguir meus 40 minutos pedalando
De acordo com Marcos Paulo Silva Duarte, presidente da Federação Espírito Santense de Ciclismo (Fesc) a comercialização e o uso de bicicletas durante a pandemia cresceram cerca de 40% na Grande Vitória. No Brasil, a partir da análise de publicações nacionais, ele estima um crescimento entre 50% a 70% na comercialização.
Além de desafogar o trânsito, o presidente da Fesc também relaciona a prática do ciclismo ao melhor desenvolvimento físico e mental. Segundo ele, algumas empresas capixabas também estão estimulando o uso do veículo com a adequação de espaços para os colaboradores ciclistas.
Marcos Paulo defende a ampliação local e a integração da malha cicloviária da região metropolitana. Uma das propostas da Federação é a instalação de espaços públicos onde os ciclistas tenham acesso a ferramentas que facilitem o reparo dos veículos que apresentarem problemas no deslocamento diário.
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