Indígenas realizam um protesto contra a Vale e a Fundação Renova na tarde desta segunda-feira (28), em dois pontos da Grande Vitória. O grupo afirma ter recebido a "pior indenização de toda a bacia" após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). A manifestação ocorre nas duas entradas da mineradora: em Camburi, Vitória, e em Carapina, na Serra.
Imagens registradas pelo repórter fotográfico de A Gazeta Carlos Alberto Silva mostram o grupo na Unidade Tubarão da Vale, em Camburi, na Capital. Utilizando um carro de som, eles estenderam faixas dizendo que foram enganados e pedindo um tratamento com isonomia.
Segundo apuração no primeiro ponto onde ocorreu a manifestação, os povos indígenas seguiriam para Carapina, na Serra, onde fica a outra entrada da Vale. Não foi informado se há uma previsão para o término do protesto. O líder do grupo não quis gravar entrevista.
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, aconteceu em novembro de 2015. Dezenove pessoas morreram na tragédia, que causou destruição ambiental.
Demandada pela reportagem, a Fundação Renova considerou "legítima" a manifestação desta segunda-feira (28) afirmando que mantém diálogo durante as tomadas de decisões. Informou ainda que mais de 1.600 famílias indígenas foram indenizadas.
Também procurada por A Gazeta, a Vale informou que o diálogo está sendo conduzido pela Fundação Renova.
O diálogo com representantes das comunidades está sendo conduzido pela Fundação Renova, criada para gerir e executar os programas e ações de reparação e indenização às pessoas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão da Samarco. Reforçamos nosso respeito aos povos tradicionais. Cabe destacar que as reivindicações em questão não têm relação com a operação da Unidade de Tubarão.
A Fundação Renova esclarece que considera legítima qualquer manifestação popular, coletiva ou individual e reafirma que possui o diálogo como prática norteadora de suas ações. As ações de proteção e recuperação da qualidade de vida dos povos indígenas e tradicionais visam reparar e compensar os impactos sociais, culturais, ambientais e econômicos nessas comunidades atingidas. São famílias que fazem parte da história do rio Doce, mantendo uma relação própria com o rio.
Os casos de atendimento para indenização de indígenas foram construídos a partir de mais de 40 reuniões e diálogos com lideranças e associações indígenas Tupiniquim e Guarani de três territórios durante um ano e são fruto de um Termo de Acordo Geral — Indenização por Danos Econômicos e Processo de Reparação Integral, pois vinculam compromissos para a definição dos Programas de Reparação. Além da Fundação Renova, assinaram as comunidades, por meio das lideranças indígenas, associações indígenas, Ministério Público Federal (MPF), Defensorias Públicas da União (DPU) e do Estado do Espírito Santo (DPES).
Em janeiro de 2022, a Fundação Renova concluiu o pagamento dos acordos de indenização para mais de 1.600 famílias indígenas e 8 associações de Aracruz (ES). Os acordos, homologados pela 12ª Vara Federal, totalizaram cerca de R$ 390 milhões. Destas, 22 famílias não aderiram ao acordo.
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