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Tragédias familiares: existe explicação para tantos casos no ES?

Tragédias familiares: existe explicação para tantos casos no ES?

Especialistas citam as tecnologias, a intolerância e a cultura da violência como fatores que influenciam no aumento dos crimes envolvendo parentes, amigos ou colegas de trabalho

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 17:12

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Especialistas citam fatores que influenciam no aumento das tragédias familiares
Especialistas citam fatores que influenciam no aumento das tragédias familiares. (Bernardo Bracony | Montagem A Gazeta)
Nayra Loureiro
Estagiária / [email protected]

Nos últimos dias, casos de família que se transformaram em ocorrências policiais repercutiram no Espírito Santo. Em Cariacica, uma mulher de 48 anos foi presa por tentar matar a própria filha, de 21 anos, com um vaso de plantas. No mesmo município, a mãe de um bebê de 8 meses foi presa em flagrante por torturar e causar queimaduras nele. Já em Jaguaré, interior do Estado, a prisão de um homem procurado por estrangular e matar o filho, um adolescente de 15 anos, chocou os moradores. Diante dos casos, pode-se surgir um questionamento: há algo que explique tamanha violência entre familiares?

A fragilização das relações em virtude da falta de diálogo e da intolerância com as diferenças é um dos agravantes. Diante desse cenário, os crimes de proximidade, onde autor e vítima são parentes, amigos ou colegas de trabalho, aumentaram no Espírito Santo. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública apontam que, de janeiro a outubro do ano passado, foram 154. No mesmo período deste ano, são 162.

A neuropsicóloga Julienne Melo explica como a tecnologia impacta as relações familiares
A neuropsicóloga Julienne Melo explica como as tecnologias impacta as relações familiares . (Bernardo Bracony)

Em entrevista ao repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta, a neuropsicóloga Julienne Melo explicou que as tecnologias tornam as relações mais vulneráveis e distanciam os indivíduos. “Não está existindo diálogo entre as famílias e o diálogo é algo que produz intimidade. Para isso acontecer, a gente precisa conversar um com o outro, para conseguir ficar junto e entender as demandas uns dos outros”, disse.

O delegado Agis Macedo explica o que é a cultura da violência
O delegado Agis Macedo explica o que é a cultura da violência. (Bernardo Bracony)

Ajuda da religião

O padre Celso Porto Nogueira analisa que o amor e a boa convivência em família são duas coisas que precisam ser construídas
O padre Celso Porto Nogueira analisa que o amor e a boa convivência em família são duas coisas que precisam ser construídas. (Bernardo Bracony)

Em momentos de crise familiar, a religião é um dos refúgios. O padre Celso Porto Nogueira, coordenador da Comissão da vida e da família da Paróquia São Francisco de Assis, em Jardim da Penha, avalia que o amor e a boa convivência em família são duas coisas que precisam ser construídas.

Aspas de citação

É algo que precisa ser buscado todos os dias, é um grande exercício diário. De certo modo, é preciso remar contra a maré, porque vivemos em uma cultura do individualismo

Celso Porto Nogueira
Padre
Aspas de citação

Em geral, os crimes de proximidade tendem a acontecer em uma escalada de desrespeito, o que também é reflexo da cultura da violência. “A cultura de violência é aquela em que a pessoa pensa que pode resolver conflitos sociais mediante a prática de atos violentos”, explicou o delegado Agis Macedo em entrevista ao repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta.

O delegado Agis Macedo explica o que é a cultura da violência
O delegado Agis Macedo explica o que é a cultura da violência. (Bernardo Bracony)

A busca por saúde mental e acolhimento representam formas de solucionar o problema, de modo que seja possível aprimorar a prática de se colocar no lugar do outro. “É preciso sair um pouco desse mundo onde a gente se isolou conosco mesmos para entender o outro. Vale a pena olhar pela janela e, através dessa janela, vai estar seu filho, seu pai, sua mãe. Vai estar esse sujeito que pertence a você e que você também pertence a ele em uma relação de cuidado”, finalizou a neuropsicóloga Julienne Melo.

*Com informações do repórter Álvaro Guaresqui da TV Gazeta

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