Nos últimos dias, casos de família que se transformaram em ocorrências policiais repercutiram no Espírito Santo. Em Cariacica, uma mulher de 48 anos foi presa por tentar matar a própria filha, de 21 anos, com um vaso de plantas. No mesmo município, a mãe de um bebê de 8 meses foi presa em flagrante por torturar e causar queimaduras nele. Já em Jaguaré, interior do Estado, a prisão de um homem procurado por estrangular e matar o filho, um adolescente de 15 anos, chocou os moradores. Diante dos casos, pode-se surgir um questionamento: há algo que explique tamanha violência entre familiares?
A fragilização das relações em virtude da falta de diálogo e da intolerância com as diferenças é um dos agravantes. Diante desse cenário, os crimes de proximidade, onde autor e vítima são parentes, amigos ou colegas de trabalho, aumentaram no Espírito Santo. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública apontam que, de janeiro a outubro do ano passado, foram 154. No mesmo período deste ano, são 162.
Em entrevista ao repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta, a neuropsicóloga Julienne Melo explicou que as tecnologias tornam as relações mais vulneráveis e distanciam os indivíduos. “Não está existindo diálogo entre as famílias e o diálogo é algo que produz intimidade. Para isso acontecer, a gente precisa conversar um com o outro, para conseguir ficar junto e entender as demandas uns dos outros”, disse.
Em momentos de crise familiar, a religião é um dos refúgios. O padre Celso Porto Nogueira, coordenador da Comissão da vida e da família da Paróquia São Francisco de Assis, em Jardim da Penha, avalia que o amor e a boa convivência em família são duas coisas que precisam ser construídas.
Em geral, os crimes de proximidade tendem a acontecer em uma escalada de desrespeito, o que também é reflexo da cultura da violência. “A cultura de violência é aquela em que a pessoa pensa que pode resolver conflitos sociais mediante a prática de atos violentos”, explicou o delegado Agis Macedo em entrevista ao repórter Álvaro Guaresqui, da TV Gazeta.
A busca por saúde mental e acolhimento representam formas de solucionar o problema, de modo que seja possível aprimorar a prática de se colocar no lugar do outro. “É preciso sair um pouco desse mundo onde a gente se isolou conosco mesmos para entender o outro. Vale a pena olhar pela janela e, através dessa janela, vai estar seu filho, seu pai, sua mãe. Vai estar esse sujeito que pertence a você e que você também pertence a ele em uma relação de cuidado”, finalizou a neuropsicóloga Julienne Melo.
*Com informações do repórter Álvaro Guaresqui da TV Gazeta
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