De um importante imóvel às margens do Rio Itapemirim sobrou apenas uma parede, que hoje se encontra em ruínas e está de pé por força de escoras. O chamado ‘Trapiche de Marataízes’, no Litoral Sul do Espírito Santo, foi durante o século XIX um importante centro comercial para os negócios da Vila, com mercadorias que dali partiriam rumo a outros países, em embarcações.
A historiadora Laryssa Machado conta que o Porto da Barra de Itapemirim pertencia à então província de Itapemirim, que na época, era o principal porto de exportação do Estado para a cana de açúcar — e depois, na década de 40, para o café que vinha do interior. As mercadorias chegavam até o porto e dali seguiam para o Rio de Janeiro.
O volume comercial era grande e, vendo a possibilidade de lucro, o Barão de Itapemirim construiu o trapiche — nome dado a um armazém que servia para estocar mercadorias. “O casarão foi construído por conta da atração de grandes negociações entre comerciantes, e não existia um prédio comercial para isso ali. O Barão de Itapemirim começou a construção em fevereiro de 1857. Depois, na década de 80, surgiu o segundo andar do imóvel”, conta a historiadora.
Laryssa Machado conta que o local, além de armazém para depósito das mercadorias, era uma mesa de rendas (unidades menores do governo para cobrança de impostos em portos de pouco movimento).
“O porto perdeu sua importância por conta do assoreamento do Rio Itapemirim e a construção das estradas de ferro. Acabou se tornando um terminal pesqueiro. O imóvel chegou a ser saqueado, sofreu um incêndio criminoso no final dos anos 80 e foi se deteriorando, com a queda de partes da estrutura”, relembra a historiadora.
Depois de ser propriedade do Barão, o local foi vendido a outros proprietários e os últimos herdeiros foram a família Soares. Os Soares doaram o imóvel à prefeitura de Marataízes em 1998. O imóvel foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura, no mesmo ano.
Para não deixar parte da história morrer, um grupo de moradores organiza nas redes sociais um abaixo-assinado online para que algo seja feito ao local. “Houve descaso tanto do poder público quanto da população. Nossa intenção é chamar a atenção e mobilizar para que o poder público agilize alguma intervenção, uma obra para que o que hoje ainda existe não se perca”, disse.
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) informou que a primeira parte do projeto de reurbanização da área do Trapiche, desenvolvido pela Prefeitura de Marataízes, foi aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura. Explicou que esta parte corresponde à proteção da estrutura da ruína, e a Secult aguarda o recebimento do restante do projeto para prosseguir a análise.
A prefeitura, por sua vez, disse que com a aprovação da Secult, o projeto deve ser licitado em breve. O custo da obra deve ficar em torno de R$ 1 milhão. O projeto, segundo a prefeitura, prevê inicialmente, como medida emergencial, a salvaguarda para consolidação da estrutura que já existe e precisa ser preservada. Na sequência, deve ser feita a revitalização do entorno, com áreas de convivência, totens para contar a história do local e paisagismo.
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