Uma pesquisa liderada pelo Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes) vai utilizar plasma no tratamento de pacientes internados com Covid-19. As transfusões poderão começar nesta semana, segundo Rachel Lacourt, diretora-técnica da instituição.
A pesquisa do Espírito Santo foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Conep), órgão nacional que regulariza pesquisas, assim como entidades estaduais para que pudesse ser realizada. Em parceria com a Vigilância Epidemiológica do Espírito Santo e o Laboratório Central (Lacen), o Hemoes está entrando em contato com pessoas que tiveram comprovadamente a Covid-19.
Até agora, 20 pessoas curadas já doaram o plasma, que é coletado por um equipamento específico. O doador também deve atender a todos os requisitos da doação de sangue, como peso, idade e demais critérios de saúde.
"O sangue é composto por três partes. Uma é a hemoglobina, que é a parte vermelha, onde estão as hemácias responsáveis por transportar o oxigênio para os tecidos. A parte branca do sangue, os leucócitos, faz a defesa do nosso organismo. E a terceira parte é o plasma, onde estão as proteínas e também os anticorpos. É essa que nos interessa", explicou a médica.
A segunda etapa do estudo, segundo Rachel Lacourt, é a transfusão do plasma para pacientes internados em estado grave no Hospital Jayme Santos Neves, referência no Estado para o tratamento de infectados pelo novo coronavírus.
"A proposta científica nossa é que o paciente que receber o plasma obtenha um número expressivo de anticorpos contra o vírus da Covid-19. Desse modo, sendo pacientes que tenham um certo potencial de gravidade da doença, esperamos melhorar a resposta imunológica dele, reduzindo o tempo de internação, tempo de ventilação mecânica e o desfecho negativo, que é a taxa de mortalidade", definiu Lacourt.
Testes como estes estão sendo realizados nos Hemocentros dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo e também em outros países. "É um projeto que exige certo rigor e que depende da tabulação de dados. A ideia é aplicar em até 50 paciente e mais 50 equivalentes não receberem o plasma, tendo uma amostra de 100 pessoas", detalhou.
Nem todos os internados vão receber plasma, apenas os que a família ou o paciente aceitarem participar da pesquisa.
Rachel disse que já há equipe médica para realizar transfusão de plasma e 40 bolsas de doadores. "Está tudo pronto, aguardando a solicitação do hospital. Dentro do projeto, traçamos um perfil de paciente que não está em estado de gravidade muito avançado. Se nas avaliações da pesquisa percebermos uma resposta muito discrepante, de melhora ou piora, a pesquisa será suspensa", observou.
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