O assassinato da médica pediatra Milena Gottardi, de 38 anos, completa três anos nesta segunda-feira (14) e os familiares da vítima e os seis réus acusados de envolvimento no crime ainda aguardam julgamento no júri popular. A data ainda não foi informada pela Justiça.
No dia 14 de setembro de 2017, Milena foi baleada com um tiro na cabeça, no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), em Vitória. Ela tinha acabado de sair do trabalho e estava acompanhada de uma amiga quando foi surpreendida por um homem que simulou um assalto.
A morte foi declarada no dia seguinte. Ex-marido da médica, o policial civil Hilário Frasson e o pai dele, Esperidião Frasson, foram denunciados como mandantes do crime. Eles teriam contratado dois intermediários, Hermenegildo Palauro Filho e Valcir da Silva Dias, para encontrar um atirador.
Dionathas Alves é apontado como a pessoa que realizou o disparo. Ele, por sua vez, solicitou ao cunhado Bruno Broetto uma moto, que foi usada no crime. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), todos estão presos.
Hilário está na Penitenciária de Segurança Média 1 desde o dia 8 de novembro de 2017. O pai dele, Espiridião, foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana 2 no dia 21 de setembro do mesmo ano. Valcir foi preso no mesmo dia e encaminhado para o CDP de Vila Velha.
Já Hermenegildo foi preso no dia 25 de setembro e levado para o CDP da Serra. Dionatas e Bruno estão no CDP de Guarapari desde o dia 17 de setembro, três dias após o crime.
JULGAMENTO
O crime chocou o Estado e o júri popular segue sem data. Para evitar o contágio pelo novo coronavírus, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) anunciou a adoção do regime de teletrabalho no dia 20 de março. Em julho, o Judiciário informou que as atividades presenciais seriam retomadas a partir do dia 10 de agosto.
Para o advogado da família da médica Milena Gottardi, Renan Sales, a data da audiência ainda não foi definida por causa da pandemia. Ele acredita que os réus sejam levados ao Tribunal do Júri ainda neste ano.
O processo está absolutamente maduro para que o juiz marque o dia do julgamento. Acredito que não foi agendado por causa desse momento infeliz que a gente vem passando
Renan Sales
•Advogado da família de Milena
Sales evidenciou a importância do trabalho realizado pela Polícia Civil, na condução da investigação, e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Ele avalia que a partir das provas coletadas ao longo do processo, a Justiça vai declarar a condenação dos seis acusados de participação no crime.
Houve vários recursos. Os réus buscaram recorrer por várias vias. Mas, de fato, os seis acusados devem ser levados a julgamento. Esses indivíduos são absolutamente perigosos, soltos eles colocam em risco a garantia da ordem pública e devem permanecer presos até a condenação, que é a decisão que nós acreditamos que vai ser alcançada no processo, comentou.
O QUE DIZ A DEFESA DOS ACUSADOS
Hilário Frasson
O advogado Leonardo Gagno defende o policial civil Hilário Frasson. Na avaliação dele, o julgamento deverá acontecer somente no início do ano que vem, quando a situação da pandemia do coronavírus estiver mais controlada. Neste intervalo, ele está estudando o processo e preparando o discurso da defesa.
Nós estamos bem ansiosos. Estamos visitando o Hilário com uma rotina mais intensa para prepararmos a tese. Ele está muito triste, emocionalmente bem abatido e tem muita fé em Deus. Ele é cristão, está se apegando a isso. O Hilário está concentrado para que tenha sucesso no julgamento, para conseguir provar que ele não participou desse crime que tirou a vida da Milena."
Dionathas Alves Vieira
A defesa de Dionathas Alves Vieira informou que o homem apontado como executor do crime é réu confesso e tem colaborado com a polícia e a Justiça desde o início do processo. O advogado Leonardo da Rocha de Souza disse que o cliente dele vive a expectativa de que o julgamento seja agendado o mais breve possível.
A expectativa é que ele seja julgado o quanto antes possível pelo conselho de sentença da cidade de Vitória. É isso que ele pede todos os dias na cadeia. Ele também espera julgamento para que ele venha receber uma conduta que ele não nega desde o início desse processo, declarou.
Bruno Rodrigues Broetto
Bruno está preso acusado de ter fornecido uma moto CB 300 vermelha que teria sido usada por Dionathas no dia do crime. O advogado Leonardo da Rocha de Souza, contratado por Dionathas, também defende Bruno.
O Bruno é inocente e nega a autoria desde o início. É uma injustiça o que está sendo feito, visto que a única imputação que recai sobre ele é o fato dele ter cedido a moto que foi utilizada no crime, destacou.
Valcir da Silva
O advogado Alexandre Lyra Trancoso é o responsável pela defesa de Valcir da Silva, acusado de ter contratado o executor do crime. Acredito que o julgamento não aconteça esse ano. Seria incoerência marcar audiência presencial nessa época, devido a pandemia, disse.
Até o fechamento desta edição, a reportagem não conseguiu contato com os advogados que representam Espiridião Carlos Frasson e Hermenegildo Palauro Filho.
Caso Milena Gottardi
1 de 31
Milena Gottardi, de 38 anos, foi morta com um tiro na cabeça no estacionamento do Hospital Universitário (Hucam), em Maruípe, Vitória, em 14 de setembro de 2017 (Reprodução/Facebook)