Um chefe de máquinas desapareceu após um rebocador afundar em Guarapari, no início da noite do último domingo (01). A embarcação naufragou depois de bater em uma pedra, segundo informações dos familiares da vítima.
Eric Barcelos Rangel, de 56 anos, estava com outros dois tripulantes no rebocador "Oceano I", que seguia de Vitória para o Porto de Açu, em São João da Barra, no Norte do Rio de Janeiro.
Os colegas de Eric foram resgatados na tarde de segunda-feira (02), após passarem várias horas em alto-mar, mas Eric não foi mais visto. O resgate, segundo a família de Eric, foi acionado por tripulantes de um navio que viram o rebocador.
"Conseguiram resgatar dois e meu pai ficou desaparecido. Eles ainda estavam muito debilitados e disseram que meu pai chegou a chamar pelo nome deles e a falar que estava bem. Depois disso, não viram mais meu pai", contou uma das filhas de Eric, Tamiris Rosa.
Os dois estavam bem debilitados, um com sinais de hipotermia (quando a temperatura corporal é reduzida drasticamente), e foram levados de ambulância para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória.
De acordo com Tamiris, os tripulantes relataram que havia muita ventania e fortes correntezas no momento do acidente, que ocorreu nas proximidades da Ilha Escalvada.
"A gente não tem muita notícia porque eles foram levados para o hospital. Nós sabemos que eles estavam muito angustiados, desnorteados, passaram a noite toda em alto-mar, desidratados. Falaram que foi muito rápido: quando eles viram que estava afundando, eles pularam do rebocador. Meu pai ficou preso dentro e depois conseguiu sair, mas desapareceu. É muito angustiante", desabafa a filha de Eric.
O rebocador embarcou na manhã de domingo (01) e estava programado para chegar no Porto de Açu por volta das 2h30 de segunda-feira (02). O último contato que a família de Eric teve com o chefe de máquinas foi às 10h50 de domingo, quando Eric mandou uma mensagem avisando que a embarcação tinha acabado de passar pela Terceira Ponte, que liga Vitória a Vila Velha. Os familiares foram avisados do desaparecimento somente na segunda-feira.
A Capitania dos Portos do Espírito Santo (Marinha do Brasil) participou do resgate aos tripulantes e segue na busca pelo desaparecido. Duas aeronaves são usadas para tentar localizar o chefe de máquinas.
O rebocador, chamado de Oceano I, pertence à empresa Vitória Embarcações. Por telefone, o proprietário da empresa, Edson de Sousa, informou para A Gazeta que toda a Vitória Embarcações está empenhada em ajudar os feridos e auxiliar nas buscas pelo desaparecido. Segundo ele, os dois tripulantes hospitalizados devem ter alta nesta terça-feira (03).
"Nossa prioridade é a vida, é salvá-lo. Estamos ajudando nas buscas, que se concentram em Guarapari, mas seguem por outros trechos da costa do Espírito Santo. Já fomos próximo a Aracruz e avisamos pela comunicação todas as embarcações que estão no litoral capixaba para caso vejam algo", relatou.
A Marinha do Brasil (MB), por intermédio do Comando do 1° Distrito Naval, informou que tomou conhecimento, no dia 2 de novembro, de que o Rebocador Oceano I, que havia saído do Porto de Vitória na manhã de domingo (01) e com previsão de chegada ao Porto de Açú no Rio de Janeiro, não havia chegado ao destino às 12h de segunda-feira (02). A Marinha abriu um inquérito para investigar o caso.
O Serviço de Busca e Salvamento (SAR) foi acionado e militares da CPES realizaram buscas nas proximidades das Três Ilhas, onde foi realizado o último contato, mas não obtiveram sucesso. O Navio-Patrulha Macaé e uma aeronave Sea Hawk (SH-16), sediados no Rio de Janeiro e em São Pedro dAldeia, respectivamente, também foram movimentados para a área de buscas. No fim da tarde de domingo (01), a Capitania recebeu da Companhia Docas do Espirito Santo (CODESA) a informação de que duas pessoas foram avistadas na área de fundeio.
Os tripulantes foram resgatados pela lancha Falésia , da Praticagem, e trazidos ao cais da Capitania. Foram prestados os primeiros atendimentos médicos em ambulância do SAMU, sendo em seguida encaminhados ao hospital.
As duas pessoas resgatadas foram confirmadas como tripulantes do rebocador. Eles informaram que a embarcação naufragou nas proximidades da Ilha Escalvada.
A Marinha do Brasil afirma que permanece com suas equipes de buscas e salvamento ao tripulante desaparecido, empregando uma aeronave, o Navio-Patrulha Macaé e duas embarcações da Capitania.
A partir desta terça-feira (03), uma aeronave do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo da Secretaria da Casa Militar (NOTAer) também auxilia nas buscas.
"Foi instaurado o Inquérito Administrativo sobre Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as circunstâncias do acidente. Após sua conclusão e cumpridas as formalidades legais, o mesmo será encaminhado ao Tribunal Marítimo, que fará a devida distribuição e autuação e dará vista à Procuradoria Especial da Marinha, para que adote as medidas previstas. Cabe destacar que a Marinha incentiva e considera importante a participação da comunidade, que pode ser feita pelos telefones 185 (número para emergências marítimas e pedidos de auxílio) e 27-2124-6526 (diretamente com a CPES para outros assuntos, inclusive denúncias). Também estão disponíveis o e-mail [email protected] e o aplicativo "Praia Segura", que pode ser baixado gratuitamente em aparelhos celulares Android e iOS", detalhou a Marinha.
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