Nos últimos dias, o Espírito Santo foi atingido por chuvas intensas e ventos fortes. Além de enxurradas, alagamentos, quedas de árvores e outros transtornos, o período chuvoso também pode levar ao surgimento de fenômenos naturais incomuns.
Foi o que ocorreu no último sábado (5), quando um redemoinho sobre o mar chamou a atenção de banhistas na Praia de Putiri, em Aracruz, no Norte do Estado. O fenômeno, conhecido como tromba d’água, costuma ser confundido com a cabeça d’água. Apesar dos nomes parecidos, ambos têm origens e características diferentes. A Gazeta ouviu um especialista para explicar essas diferenças.
De acordo com o meteorologista Mauro Bernasconi, a tromba d’água é um fenômeno meteorológico semelhante a um tornado, mas que ocorre sobre o mar ou outros corpos d'água. O evento é caracterizado por uma coluna de ar em rotação que se estende da base de uma nuvem até a superfície da água. A formação ocorre quando há grande instabilidade atmosférica, alta umidade e diferenças de temperatura entre o ar e a superfície da água, com correntes ascendentes fortes que geram rotação e conexão entre a nuvem e o mar.
Já a cabeça d’água é o nome popular dado a uma enchente repentina e violenta que ocorre em rios ou córregos e cachoeiras. O volume de água aumenta abruptamente devido a chuvas intensas, geralmente em áreas distantes do ponto onde o fenômeno é observado. O escoamento da água acaba elevando a vazão de forma súbita e perigosa.
PRINCIPAIS DIFERENÇAS
A cabeça d’água ocorre de forma repentina e, por isso, representa grande risco a banhistas em rios e cachoeiras. Bernasconi recomenda que as pessoas evitem permanecer nesses locais durante ou após chuvas. É importante também estar atento a sinais, como aumento repentino no barulho da água, alteração na cor (água turva) e presença de galhos descendo o rio. Além disso, é essencial buscar informações com guias locais e acompanhar a previsão do tempo antes de trilhas ou banhos em áreas naturais.
No caso da tromba d’água, a orientação é evitar navegar em dias com formação de nuvens de tempestade, afastar-se da região caso observe uma coluna de água se formando e acompanhar as previsões meteorológicas, especialmente em regiões costeiras ou próximas a grandes lagos.
Segundo o meteorologista, entre os dois, a cabeça d’água é mais difícil de prever, pois depende da intensidade e localização exata da chuva. Podem haver alertas preventivos emitidos por sistemas de monitoramento hidrológico e pluviométrico, mas o aviso em campo, principalmente em áreas sem cobertura tecnológica, ainda é um desafio.
A tromba d’água, por sua vez, pode ser monitorada por radares meteorológicos. Apesar disso, a previsão exata do local de formação ainda é bastante limitada, sendo possível apenas indicar condições favoráveis a sua ocorrência.
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