Vitória
A rede de abastecimento de água em Vitória deve ser trocada de forma integral com o auxílio de robôs. O serviço, que já teve início e prevê mudança, reparo ou ampliação da tubulação em toda a Capital, usa o método não destrutivo (MND), tecnologia originária da Alemanha, cujas ferramentas reduzem os impactos no trânsito durante as obras. O modelo é utilizado para assentamento de novas tubulações subterrâneas em áreas onde a escavação se apresenta inviável, como em travessias abaixo de rodovias e centros urbanos de alto fluxo.
O método permite a redução considerável de abertura de valas com uma técnica adaptável a diversos tipos de solo, possibilitando controle de profundidade e distância das perfurações, menor interrupção no tráfego de veículos e de pessoas, além da redução de custo operacional. Para efeito de comparação, serviços que demorariam três meses podem ser concluídos em três dias.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o presidente da Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), Munir Abud, explicou que as redes de abastecimento de água em Vitória foram danificadas em decorrência do envelhecimento natural e da falta de manutenção adequada nos últimos 50 anos, o que motiva os reparos.
"Como exemplo, na Avenida Leitão da Silva, nós temos obras em um trecho de 1,2 quilômetro. Sem o MND, teríamos que abrir uma vala de 5 metros de largura por toda a extensão do trecho a ser trocado. Com o MND, abrimos janelas de 1m x 1,80m para a passagem dos tubos. Nesse processo, conseguimos instalar certa de 120 metros de tubos por operação", explica Samuel Reis, engenheiro civil do setor de operações e manutenções da Cesan.
Os tubos antigos da tubulação na Capital são feitos de fibrocimento, ferro fundido, aço e PVC. Com a troca, são instalados tubos de Polietileno de Alta Intensidade (PEAD), que têm durabilidade mínima de 80 anos e são mais leves e resistentes que os demais materiais.
O objetivo é que o método seja usado também em outras cidades capixabas. “Iniciamos a substituição em locais como Leitão da Silva, Avenida Vitória e, em breve, começaremos na Avenida Maruípe, assim como nos bairros Praia do Canto e Mata da Praia. Nosso objetivo é expandir esse método para todo o Espírito Santo, começando por Vitória e Guarapari”, detalhou Munir Abud, sinalizando que, apesar dos trabalhos iniciados, os cronogramas estão sujeitos a alteração e não há prazo concreto para conclusão de toda a troca.
Para o presidente da Cesan, um dos benefícios ligados à troca da tubulação é a redução do desperdício de água. “Cerca de 40% da água tratada em Vitória é perdida devido a vazamentos e ligações clandestinas. Com a melhoria das redes, podemos reduzir essas perdas, melhorando o abastecimento em até 40%”, ponderou.
Segundo a Cesan, as intervenções na Capital serão realizadas principalmente durante a noite para evitar interrupções no tráfego de veículos.
“Além disso, implementamos redes de bypass para garantir que não haja suspensão no abastecimento durante as obras. Essas medidas têm sido eficazes em Guarapari e serão replicadas em Vitória e outras cidades”, disse Munir Abud. Segundo o presidente, para garantir o abastecimento contínuo, a Cesan quadruplicou a frota de caminhões-pipa, assegurando que qualquer eventualidade durante as obras seja atendida.
Questionado sobre obras em vias onde o recapeamento asfáltico foi realizado recentemente pela Prefeitura de Vitória, como a Avenida Maruípe, e o trecho da Dante Michelini entre Jardim da Penha e Jardim Camburi, Munir sinalizou que a administração municipal tem ciência das obras previstas pela Cesan.
“A Cesan não realiza obras em Vitória, a não ser em caráter emergencial, sem anuência da prefeitura, que conhece nosso cronograma e colabora conosco para planejar onde serão realizadas as obras [...] Em relação aos impactos na pavimentação asfáltica, nossa abordagem facilita a recomposição do pavimento e nos responsabilizamos pela reparação e entrega do asfalto da forma que o encontramos”, pontuou.
Gustavo Perin, secretário Municipal de Obras de Vitória, afirmou que todo o trabalho de recapeamento do asfalto e dos serviços na tubulação é feito em conjunto entre o Executivo municipal e a Cesan.
"Em 12 de março (deste ano), a Cesan nos apresentou toda a metodologia de planejamento da execução. Então trabalhamos de forma alinhada em variadas vias. O programa de recapeamento da prefeitura começou em setembro (de 2023) e combinamos com a Cesan para que eles começassem pela Leitão da Silva, antes de intervenções em vias onde temos projetos mais avançados", explicou o secretário.
Segundo a Prefeitura de Vitória, já foram recapeadas 82 ruas e avenidas em 13 bairros, totalizando o equivalente a 67 quilômetros de uma via de mão dupla e faixa simples na Capital.
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