O corte de recursos na ordem de R$ 800 milhões no Ministério da Educação, feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no Orçamento de 2022, vai impactar os serviços da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Segundo o reitor da instituição, Paulo Vargas, as áreas de pesquisa científica e infraestrutura devem ser as mais afetadas, com redução de bolsas de iniciação científica e paralisação de obras de reforma e manutenção.
Apesar do orçamento destinado à Ufes este ano (R$ 130 milhões) ser 0,4% maior do que o do ano passado, e algumas áreas importantes como assistência estudantil e capacitação pessoal terem recebido aumento de 22% e 26% nos repasses, respectivamente, houve uma redução de quase 10% dos recursos que são destinados ao funcionamento da instituição.
“A gente enfrentou um corte fenomenal nos recursos de 2020 para 2021 e tivemos que fazer muita mágica para manter o funcionamento da universidade. Como houve um esforço dos reitores juntos ao Congresso para viabilizar essa recomposição, havia uma expectativa que esse valor fosse bem maior e, pelo menos, igual ao de 2019”, destacou Vargas.
Mesmo com a evidência da ciência no cenário da pandemia, a tesourada promovida pelo presidente atinge o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico), uma das instituições responsáveis pelo fomento a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico no país.
O investimento nessa área também foi afetado pelos cortes promovidos pelo governo federal no Ministério de Ciência e Tecnologia, que destina recursos para o desenvolvimento de vários projetos nas universidades. Segundo o reitor da Ufes, a situação vai impactar, principalmente, no financiamento de pesquisas e oferecimento de bolsas para estudantes.
“Alguns programas de bolsas já foram afetados nos últimos anos, e outros podem não ter continuidade com esses cortes. E isso é muito ruim. Boa parte dos estudantes depende dessas bolsas para garantir a permanência na universidade, e é dessa forma que eles participam do desenvolvimento de pesquisas nas mais diversas áreas. Quando a gente tem corte de bolsas ou de investimento em laboratórios, a universidade perde muito”, frisou.
Com a volta das aulas presenciais, o valor do orçamento preocupa ainda mais a universidade. Segundo a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Proplan), há necessidade de investimentos para adequação da instituição ao cenário de pandemia, que ainda permanece, além de data centers, salas de aula e laboratórios.
O gasto com custeio também vai aumentar, assim como o reajuste de contratos na universidade.
“São necessários mais recursos para garantir as condições de funcionamento pleno da universidade, como energia elétrica, água, cuidado com limpeza. Além disso, todos nossos contratos estão sofrendo reajustes, que 15% a 18%”, apontou Paulo Vargas, afirmando que será necessário rever o planejamento de infraestrutura da universidade para se adequar ao valor repassado em 2022.
“Hoje, a gente tem muitas obras de reforma e manutenção na universidade, que já não eram realizadas há muito tempo e foram feitas a partir da economia em contratos feita durante a pandemia. Com recurso insuficiente este ano, vamos ter que reorientar nosso planejamento para investir menos em infraestrutura e garantir o funcionamento da universidade no plano acadêmico”, ponderou.
A reportagem informava anteriormente que orçamento destinado à Ufes em 2021 foi de R$ 122 milhões. Esse valor, porém, se refere ao orçamento de 2020. A informação foi corrigida.
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