As aulas estão suspensas em todos os campi da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e em toda a rede educacional no Estado por conta da pandemia no novo coronavírus, mas ainda assim a universidade segue tendo papel relevante à sociedade, principalmente em projetos de pesquisa e extensão. Um deles é o trabalho para a produção de álcool glicerinado, destinado aos hospitais públicos e comunidades carentes.
O produto já era desenvolvido antes dos casos da doença explodirem mundialmente, mas o avanço rápido da Covid-19 fez com que a produção fosse intensificada nos laboratórios universitários o álcool 70% é uma das formas seguras e recomendadas para a assepsia das mãos, além de lavar as mãos com água e sabão. O professor e diretor de gestão e extensão da Ufes, Athelson Bittencourt, explicou os motivos para a intensificação do projeto e como é desenvolvido.
"Esse projeto foi pensado para atender uma demanda da sociedade. Em função da pandemia, álcool gel e antissépticos à base de álcool sumiram do mercado. Imagina que o mundo inteiro está consumindo. Ele é produzido no laboratório do departamento de Ciências Farmacêuticas dentro das disciplinas pelos professores e alunos, mas, agora, pensamos nesse projeto. Reunimos um grupo grande da universidade, vários departamentos, setores para produção de antissépticos à base de álcool em larga escala para atender essa demanda. Tanto de instituições de saúde pública, e ainda comunidades carentes que também demandam desse produto", explicou o professor.
A falta do polímero necessário para transformar o álcool líquido em gel, fez com que as equipes optassem por utilizar a glicerina ao produto. A troca, contudo, não diminuiu a eficiência do álcool e garante até mesmo uma proteção mais prolongada, visto que o produto glicerinado cria uma espécie de película protetora nas mãos, como detalhado por Bittencourt.
"A gente ouve muito falar do álcool gel. Ele tem um polímero que aumenta a viscosidade e isso é seguro para ser usado em casa, porque ele é menos fluido e evita acidentes. Mas, do ponto de vista da assepsia, esse álcool glicerinado deixa uma película na superfície da pele que segura o álcool por mais tempo, isso aumenta a eficiência de assepsia do álcool. Então, agora, estamos produzindo esse álcool glicerinado em função até de uma escassez do polímero no mercado mundial. O mundo inteiro está produzindo álcool gel. Estamos comprando mais polímeros para produzir também o álcool em gel aqui", reforçou.
Em um primeiro momento, a produção será distribuída para o Hospital Universitário Hospital Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em Vitória, que também atua no tratamento à Covid-19, além dos setores de saúde da Ufes. O álcool glicerinado também chegará aos hospitais públicos por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Além dos hospitais, a população de áreas mais necessitadas também serão contempladas. Nesses casos, a distribuição ocorrerá por ONGs que atuem nos locais.
Nos laboratórios são produzidos álcool glicerinado em galão de 5 litros, estes direcionados aos hospitais. Já embalagens de meio litro são destinadas às comunidades necessitadas. Segundo o professor, a produção foi iniciada com matéria-prima que a Ufes já tinha nos laboratórios. Foi feita uma nova aquisição de mais matéria-prima e um carregamento de 5 mil litros chegará ainda nesta semana. A estimativa é produzir pelo menos 20 mil litros nos próximos 3 meses.
O álcool glicerinado tem qualidade comprovada e está de acordo com os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A matéria-prima é testada antes, e o produto final testado posteriormente para garantir a qualidade e eficiência do produto que vai ser entregue.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta