A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) recebeu o primeiro conjunto de equipamentos de alta tecnologia, que fará parte do Laboratório Caminhar. O espaço tem o intuito de desenvolver pesquisas para a recuperação do movimento de caminhar em pacientes com disfunção da marcha.
Uma dessas ferramentas é o exoesqueleto de alta tecnologia Lokomat, que está na Clínica Escola Interprofissional em Saúde da Ufes sob responsabilidade dos fisioterapeutas Fernando Zanela e Lucas Nascimento, professores do Departamento de Educação Integrado em Saúde.
A Ufes é a única universidade federal com esse equipamento, adquirido com recursos de emenda parlamentar do ex-deputado federal Felipe Rigoni, atual secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a partir de edital público de seleção. Além disso, o Espírito Santo é um dos poucos estados do Brasil a possuir o Lokomat – já em operação em São Paulo, Goiás e Rio Grande do Norte.
Além das pesquisas, os professores pretendem, futuramente, promover ações de extensão e atendimento junto à comunidade capixaba.
O foco da pesquisa dos professores envolve a recuperação do movimento a partir do equipamento robótico de reabilitação de marcha, produzido pela indústria suíça Hokoma. O Lokomat pode ser acoplado a um paciente que sofreu danos no sistema nervoso para fazê-lo andar sobre uma esteira. O movimento realizado, sob a orientação de fisioterapeutas, é semelhante ao natural, e contribui para estimular áreas do cérebro relacionadas ao processo fisiológico do caminhar.
“A fisioterapeuta da empresa fabricante veio ao estado para treinar a equipe que utilizará o Lokomat. Convidamos três pacientes para testar a máquina. Em um dos pacientes, que ficou paraplégico devido a lesão com arma de fogo, foi possível testar o equipamento e observar como funciona em todo o corpo”, afirma Zanela.
O professor, que havia visitado a fábrica suíça antes de receber o Lokomat, acrescenta que há evidências científicas de avanços no tratamento com o uso do equipamento.
“É um equipamento caro, custa cerca de R$ 1,5 milhão, mas as evidências apontam bons resultados em casos agudos recentes, com a aceleração da recuperação da marcha em pacientes vítimas de acidente cardiovascular cerebral (AVC)”, detalha.
Na Ufes, além desse equipamento, os recursos da emenda parlamentar de R$ 2,5 milhões possibilitaram também também possibilitaram a aquisição de uma esteira adaptada para pacientes neurológicos com suporte parcial de peso e de um sistema de análise de movimento humano de última geração, com oito câmeras com luz infravermelha, que capta de forma detalhada as disfunções de movimento que dificultam a recuperação das funções e da marcha, possibilitando ao fisioterapeuta orientar a pessoa em tratamento com mais precisão.
O paciente Caio Rodriguez, de 29 anos, que sofreu lesão na medula há quatro anos e não movimenta as pernas, ficou muito feliz com o resultado de sua primeira experiência no Lokomat. Ele fez uma sessão de 30 minutos no equipamento, acompanhado de seu pai, Fabrício Costa.
"Foi fantástico! É um privilégio termos a oportunidade de fazer um tratamento de alto nível aqui no Espírito Santo. É uma alegria muito grande poder vislumbrar a melhoria da qualidade de vida do meu filho e de tantas pessoas que sofrem com as barreiras da falta de acessibilidade, do capacitismo e do desrespeito aos direitos das pessoas com deficiência", afirma.
Costa contou que, antes de seu filho aceitar participar, questionou por que deveria ir, uma vez que não é possível garantir quais serão os resultados para o seu caso específico.
"Ele acabou aceitando participar para contribuir não só para a sua própria melhoria da qualidade de vida, mas também para viver esse momento histórico para a Ufes, para os cidadãos capixabas, e contribuir para a inovação e para o avanço da ciência. Estamos otimistas, com realismo", acrescentou.
A partir de estudos liderados por Zanela e Nascimento, os equipamentos adquiridos serão utilizados para orientar pacientes que tiveram traumatismo craniano encefálico, doença de Parkinson, AVC e outras doenças neurológicas que impactam o ato de caminhar.
"Temos interesse em expandir não só as pesquisas, mas também os atendimentos à comunidade. No entanto, para isso, precisaremos de parcerias", relatou Zanela.
*Com informações da Ufes
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