Estudantes, professores e servidores que trabalham e estudam no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, Vitória, promovem um ato na manhã desta quinta-feira (8) em repúdio ao bloqueio no orçamento das instituições federais de ensino superior, anunciado em decreto do governo federal no dia 1º de dezembro. O corte deve deixar 14,7 mil estudantes sem bolsas e auxílio estudantil, o que pode comprometer o avanço das pesquisas, por exemplo. Na Ufes, mais de 5,4 mil estudantes ficarão sem o benefício e, no Ifes, o número chega a 8,5 mil.
O grupo se manifesta em uma das entradas da Ufes em Goiabeiras, com faixas e cartazes contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Há cadeiras e cavaletes no trecho.
Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (8), a Administração Central da Ufes comunicou que, por conta do bloqueio dos acessos aos campi de Goiabeiras e Maruípe, as atividades acadêmicas e administrativas dos dois locais estão suspensas.
Em entrevista ao repórter Paulo Ricardo Sobral, da TV Gazeta, a vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes), professora Jacyra Paiva, afirmou que o bloqueio deixo o orçamento da Ufes ainda mais comprometido, inviabilizando pagamento de energia elétrica e limpeza, por exemplo.
Jacyra Paiva ainda chamou atenção para o efeito do bloqueio na vida acadêmica dos estudantes. De acordo com a vice-presidente da Adufes, 50% dos estudantes da Ufes ingressaram na universidade por meio de ações afirmativas e necessitam do auxílio para sobrevivência.
Jacyra Paiva classificou que é "impossível" o funcionamento da universidade após o bloqueio anunciado.
O corte também afeta bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado que recebem pela Capes. A nível nacional, o impacto também chega ao pagamento das bolsas aos residentes nos hospitais universitários. O decreto zerou a verba do Ministério da Educação (MEC) para gastos considerados “não obrigatórios”, como bolsas estudantis, salários de terceirizados e pagamentos de luz e água.
Os cortes na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) totalizam quase R$ 6 milhões e, diante dessa situação, o reitor Paulo Vargas anunciou, na reunião do Conselho Universitário na manhã de terça-feira (6), que não haverá pagamento de bolsas e auxílios neste mês de dezembro, visto que o corte deixou a instituição sem recurso para cobrir as despesas. Os valores são pagos, segundo a universidade, até o quinto dia útil do mês.
O Ifes reiterou que, diante das restrições orçamentárias impostas nos últimos anos, sempre trabalhou para manter seus compromissos em dia, especialmente com os estudantes. A instituição continua atuando junto com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) para tentar reverter a situação.
O Ministério da Educação foi procurado pela reportagem de A Gazeta para comentar os cortes, mas não houve retorno.
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