A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) suspendeu as atividades nesta quarta-feira (31) nos campi de Vitória (Goiabeiras e Maruípe). A instituição alega que a medida foi necessária por "não ter sido possível viabilizar o funcionamento do Restaurante Universitário", após estudantes bloquearem os acessos ao Campus de Goiabeiras na terça-feira (30) em protesto por melhorias na alimentação.
As manifestações na Ufes começaram na segunda-feira (29), quando estudantes liberaram o acesso ao RU. A justificativa foi a de que a administração central da universidade planeja barrar o acesso dos estudantes, implementando catracas maiores, e punir com processo administrativo quem pular a roleta e não pagar R$ 5 para se alimentar.
Após esse ato, a Ufes interrompeu o fornecimento do jantar de segunda-feira (29) e do almoço do dia seguinte, em Goiabeiras e Maruípe, justificando que a suspensão das atividades era necessária para reestabelecer as condições de segurança, de trabalho e de organização adequada do fluxo de fornecimento das refeições, "comprometidas pelas manifestações".
Em resposta ao fechamento do RU feito pela Ufes, os estudantes bloquearam as entradas da universidade em Goiabeiras, na terça-feira (30), dizendo que a medida da administração central era arbitrária e não era possível manter as atividades acadêmicas sem alimentação.
Em carta de reivindicações enviada à reitoria da Ufes, os estudantes pedem melhorias nas condições para a alimentação no RU, confira todos os pontos abaixo.
Em relação à suspensão das atividades desta quarta-feira (31), a Ufes informou, em nota, que a medida foi necessária porque não houve condições para realizar os preparativos das refeições que começam sempre no dia anterior. As atividades administrativas estão mantidas e se iniciam a partir das 13h, exceto no prédio da Reitoria.
"Na tarde dessa terça-feira, a Administração Central designou uma comissão para continuar o diálogo iniciado na última segunda-feira com representantes estudantis que realizam manifestações com fechamento dos acessos aos campi de Goiabeiras e Maruípe, a fim de construir soluções para a retomada das atividades", informou.
A comissão se reuniu com os representantes dos estudantes na noite de terça-feira, entre 19h30 e 23h30. Foram definidos diversos encaminhamentos, entre os quais o compromisso dos estudantes de liberação das vias de acesso aos campi de Goiabeiras e Maruípe.
"A reabertura possibilitará o funcionamento do Restaurante Universitário a partir de quinta-feira, dia 1/06, quando também serão retomadas as atividades acadêmicas", ressaltou a Ufes.
"O diálogo da Reitoria com os estudantes prossegue hoje (quarta-feira), a fim de construir soluções conjuntas para a pauta apresentada pelos estudantes. Dentre essas soluções, a Reitoria já se comprometeu a estudar o aumento da faixa de isenção para ingresso gratuito no RU e a promover a composição de uma comissão, no âmbito do Fórum de Assistência Estudantil, para debater diversas ações possíveis que revertam em melhorias para os restaurantes universitários. Também foi definida a promoção de diálogo entre estudantes, Sindicato dos Trabalhadores da Ufes e servidoras do Restaurante Universitário para construir formas de destensionamento no ambiente de trabalho", finalizou a instituição.
A Administração Central da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coerente com seu compromisso com a democracia, o diálogo e a transparência, a respeito das manifestações ocorridas nessa segunda-feira, 29, no campus de Goiabeiras, cujo foco é o Restaurante Universitário (RU), informa:
- A manifestação que aconteceu dentro do RU de Goiabeiras nesta segunda-feira gerou grandes dificuldades para que o atendimento fosse realizado. Esse fato se somou a um conjunto de situações que vêm se acumulando e gerando descontentamento, insegurança e até mesmo adoecimento das trabalhadoras e dos trabalhadores do Restaurante Universitário de Goiabeiras.
- Os ingressos irregulares no RU de Goiabeiras (roletaços) têm alcançado o expressivo número de 500 por dia (cerca de 15% dos usuários). Tal fato recorrente traz prejuízos sérios às condições de trabalho no RU, desorganização do processo produtivo e impactos no orçamento do restaurante.
- Acrescente-se a isso as situações de agressões e humilhações já registradas contra trabalhadoras e trabalhadores do RU, em especial em relação às mulheres, que compõem a maior parte da força de trabalho. As unidades da Ufes que respondem pelos restaurantes, há meses, têm buscado a superação desse problema por meio do diálogo com os estudantes, mas não têm conseguido obter respostas que revertam o quadro de tensão que se instalou no RU de Goiabeiras nos últimos meses.
- Diante disso, a Reitoria nomeou um grupo de trabalho para estudar e propor melhorias nos restaurantes universitários. Diversas possibilidades estão sendo examinadas dos pontos de vista social, educativo, dialógico, orçamentário e técnico, e, após a conclusão dos trabalhos, as proposições sugeridas serão debatidas com os estudantes.
- Na tarde dessa segunda-feira, o reitor, Paulo Vargas, o vice-reitor, Roney Pignaton, o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde, e outros assessores estiveram reunidos com representantes das entidades estudantis, DCE e UNE, oportunidade em que foi manifestada mais uma vez a disposição de dialogar a fim de construir soluções conjuntas que possibilitem o restabelecimento da normalidade e de um clima de tranquilidade no RU, fazendo com que ele volte a ser um local de encontro, amizade e criatividade.
- Nessa reunião, foi afirmado que o propósito é construir uma solução que dialogue com as reivindicações dos estudantes dentro dos limites orçamentários, legais e administrativos da Ufes, e apresentar ao governo federal outras demandas que extrapolem a capacidade de financiamento por parte da Universidade.
- A Ufes mantém um Programa de Assistência Estudantil que assegura aos estudantes participantes a isenção total do preço da refeição nos RUs, ou seja, a gratuidade, que beneficia cerca de 4.500 estudantes, o que corresponde a 25% dos discentes.
- Além disso, o preço vigente nos restaurantes da Ufes, fixado em 2018 pelo Conselho Universitário, corresponde a aproximadamente 40% do custo da refeição servida no RU, (portanto, um subsídio de cerca de 60%). O valor estabelecido para esses estudantes que não integram o Programa de Assistência Estudantil é de R$ 5.
- Nos últimos anos, a Ufes tem aperfeiçoado sua Política de Assistência Estudantil, prevista por decreto federal para estudantes com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, por meio de diversos mecanismos, dentre os quais a criação do auxílio estudantil unificado, que beneficiou um maior número de estudantes, e a destinação de recursos adicionais para zerar a fila de espera para ingresso no Programa.
- A Administração Central considera os Restaurantes Universitários ferramentas essenciais na Política de Assistência Estudantil, que contribuem fortemente para o bem-estar e a permanência dos estudantes na Ufes, estando comprometida em implementar melhorias que valorizem ainda mais o papel dos RUs, dentro das condições orçamentárias de que dispõe atualmente.
- De igual modo, a Administração Central considera essencial o bom convívio, a cordialidade e o respeito com o conjunto das trabalhadoras e trabalhadores que constroem cotidianamente os diversos espaços-tempos da nossa Universidade, em especial, as equipes de trabalhadoras dos Restaurantes Universitários.
A Administração Central reafirma que está empenhada em manter a qualidade e aprimorar os serviços do Restaurante Universitário. Para isso, é importante que o clima de diálogo seja mantido e que não se repitam fatos como os ocorridos na noite dessa segunda-feira, quando alguns dos que ocuparam o prédio da Reitoria se exaltaram, adotando práticas ofensivas e impedindo a livre circulação de integrantes da Administração Central.
Reafirma ainda o seu apoio ao direito de manifestação com respeito e com o compromisso de todos de construir o diálogo como o melhor caminho para a solução dos problemas.
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