> >
Um ano de pandemia: 5 razões para ter esperança e 5 razões para se preocupar

Um ano de pandemia: 5 razões para ter esperança e 5 razões para se preocupar

A Gazeta conversou com especialistas em saúde que estudam e acompanham o comportamento do vírus no Espírito Santo e no restante do país. Os profissionais apontaram as boas notícias e desafios que ainda precisam ser encarados

Publicado em 6 de março de 2021 às 02:00- Atualizado há 4 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
arte 1 ano de pandemia de Covid
Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, é referência em tratamento contra a Covid-19 . (Fernando Madeira/Arte Geraldo Neto)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Pouco mais de um ano após o Ministério da Saúde confirmar o registro do primeiro caso de Covid-19 no País, os brasileiros já enfrentaram diversos estágios da pandemia do novo coronavírus, declarada no dia 11 de março de 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Com mais de 254 mil mortes, a doença está na terceira fase de expansão em diversos estados brasileiros. No Espírito Santo, a chegada do vírus foi confirmada no dia 5 de março de 2020.

 Em pronunciamento recente, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes disse que “a terceira onda da doença da Covid-19 no ES deve começar entre março e abril". Diante de um cenário marcado pelo medo do contágio, da preocupação com a oferta de leitos, da crise sanitária e a escassez de vacinas, o que pode ser considerado como positivo ao longo dos últimos 12 meses?

Para saber a resposta, A Gazeta conversou com especialistas em saúde que estudam e acompanham o comportamento do vírus no Espírito Santo e no restante do país. Os profissionais apontaram as boas notícias e desafios que ainda precisam ser encarados.

O médico infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Crispim Cerutti Júnior, disse que umas das principais notícias positivas está relacionada ao estudo de vacinas. De acordo com o BioRender, um site que compila informações sobre imunizantes e drogas terapêuticas para tratar a Covid-19, mais de 200 candidatas a vacinas são estudadas, sendo que 77 estão sendo testadas em humanos.

 No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da Coronavac, produzida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina da Oxford/Astrazeneca. O medicamento da Pfizer teve o registro definitivo concedido pela agência no mês passado.

Aspas de citação

O elemento positivo é o fato da gente ter vacinas e das vacinas terem o potencial de, ao serem usadas por larga parcela da população, interromperem a transmissão do vírus. Agora sabemos lidar melhor com os infectados. Existem protocolos de conduta que conseguem minimizar os danos que o vírus causa para os indivíduos

Crispim Cerutti Júnior
Médico infectologista
Aspas de citação

A pós-doutora em Epidemiologia e professora de Enfermagem da Ufes, Ethel Maciel, também comemora o avanço das vacinas e destaca as variantes do novo coronavírus como um dos desafios no enfrentamento à doença.

Aspas de citação

As novas variantes resultam um desafio enorme porque muitas delas têm mutações que deixaram o vírus mais transmissível. Então, a gente precisa pensar em novas estratégias como máscaras mais filtrantes. Deveríamos estar fazendo o lockdown neste momento para salvar vidas em março e abril

Ethel Maciel
Epidemiologista
Aspas de citação

CINCO RAZÕES PARA TER ESPERANÇA

  • Vacina da Pfizer é a primeira a obter registro definitivo no Brasil

    01

    VACINAS EM ESTUDO

    Com mais de 200 medicamentos em estudo em diversos países, os especialistas em saúde estimam que a vacinação, principalmente no Brasil, possa ser acelerada quando os novos compostos forem  disponibilizados. Os imunizantes empregam todos os tipos de tecnologias: vírus vivos atenuados, vírus inativados, subunidades de proteínas, vetores virais recombinantes, partículas semelhantes ao vírus (VLPs), DNA e mRNA.

  • Imagens da chegada dos pacientes de Manaus infectados pelo coronavírus ao Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra

    02

    TRATAMENTO AOS PACIENTES

    Os médicos entenderam quais procedimentos e medicamentos têm sido mais eficazes no tratamento aos sintomas e complicações que o vírus provoca no organismo. O uso de corticóides, anticoagulantes e antibióticos estão sendo, cada vez mais, incorporados ao protocolo de atendimento dos pacientes.

  • Pulseira "Anti-Covid" foi desenvolvida por alunos da Ufes

    03

    INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

    Esterilizador de ar, câmara de luz que elimina o vírus, pulseira anti-Covid, estudo do sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2, teste sorológico de R$ 17 e pesquisas de compostos para tratar e curar a doença. Essas são algumas das propostas criadas em somente em solo capixaba.  O enfrentamento à doença estimulou a criação de diversas ferramentas que podem ajudar a identificar ou eliminar o vírus.

  • Foram entregues 15 novos leitos semi-intensivo no Hospital Estadual Dr. Dório Silva, na Serra

    04

    MAIOR ATENÇÃO AO SUS

    Aquisição de equipamentos, contratação de profissionais e a abertura de novos leitos nos hospitais. A  pandemia vai deixar como herança o uso de novos protocolos de segurança, como a incorporação dos equipamentos de proteção individual (EPIs) em todos os setores dos hospitais, a instalação de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria, a telemedicina e a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS).

  • Institutos de pesquisa anunciaram que os resultados das pesquisas clínicas com as vacinas para o novo coronavírus têm se mostrado favoráveis

    05

    APOIO À CIÊNCIA

    O enfrentamento ao coronavírus potencializou a integração entre pesquisadores capixabas e impulsionou investimentos de recursos públicos em pesquisa e inovação, com o lançamento de editais específicos para apresentação de projetos voltados ao combate da doença no Espírito Santo. Em um deles, somente no ano passado, o governo do Estado destinou R$ 3 milhões para o apoio a projetos com ações efetivas e inovadoras para enfrentar à Covid-19.

CINCO MOTIVOS PARA SE PREOCUPAR 

  • Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, recebe trinta e seis pacientes com Covid-19 vindos de Manaus

    01

    NOVAS VARIANTES

    As novas variantes do coronavírus têm causado preocupação em pesquisadores em toda a parte do mundo. Entre as mais perigosas já identificadas, a variante brasileira, chamada de P1, também já foi encontrada no Espírito Santo. Ainda segundo pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) há pelo menos cinco variantes diferentes de coronavírus no Estado.  

  • Primeiro paciente vindo de Rondônia que chegou neste domingo, às 14h, no Aeroporto de Vitória. O paciente foi transferido para o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves.

    02

    AUMENTO DAS INTERNAÇÕES

    De acordo com especialistas, o impacto nas internações pode ser sentido após duas semanas de restrições mais severas ou de aglomerações excessivas. Ou seja, o crescimento atual pode ser apenas o início das consequências das festas clandestinas e demais imprudências durante o período de Carnaval. 

  •  A cidade do Rio de Janeiro retoma hoje (25) sua campanha de aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 em idosos da população em geral. Hoje serão vacinados os idosos com 82 anos.

    03

    LENTIDÃO DA VACINAÇÃO

    O professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Domingos Alves, relata que um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o governo federal precisaria acelerar o ritmo de vacinação em 10 vezes da velocidade atual para imunizar toda a população brasileira até o fim de 2021. Até a última terça-feira (2), pouco mais de 3% dos brasileiros tinham recebido a primeira dose de algum dos imunizantes adotados no país.

  • Coronavírus já foi responsável por mais de 220 mil mortes no Brasil

    04

    REINFECÇÃO PELO CORONAVÍRUS

    O médico infectologista Crispim Cerruti Júnior destaca que os casos de reinfecção provocados pelo novo coronavírus são uma preocupação. "Quando a reinfecção acontece, pode significar que essas pessoas não montaram uma resposta imune ou montaram e ela se desgastou com o tempo, de tal forma que elas ficaram suscetíveis outra vez.  É muito frequente, no reinfectado, o segundo episódio vir mais grave que o primeiro. E isso é preocupante", destaca o médico.

  • Covid-19: moradores denunciam aglomeração na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória

    05

    NEGACIONISMO

    Ignorando os dados oficiais e publicados pela imprensa, algumas pessoas desrespeitam os protocolos de segurança estabelecidos pelas autoridades e médicos como o uso de máscara, a manutenção do distanciamento social, com promoção de festas clandestinas, por exemplo. Muitas pessoas desse grupo, inclusive, ignoram a importância da vacina. 

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais