Pouco mais de um ano após o Ministério da Saúde confirmar o registro do primeiro caso de Covid-19 no País, os brasileiros já enfrentaram diversos estágios da pandemia do novo coronavírus, declarada no dia 11 de março de 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com mais de 254 mil mortes, a doença está na terceira fase de expansão em diversos estados brasileiros. No Espírito Santo, a chegada do vírus foi confirmada no dia 5 de março de 2020.
Em pronunciamento recente, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes disse que “a terceira onda da doença da Covid-19 no ES deve começar entre março e abril". Diante de um cenário marcado pelo medo do contágio, da preocupação com a oferta de leitos, da crise sanitária e a escassez de vacinas, o que pode ser considerado como positivo ao longo dos últimos 12 meses?
Para saber a resposta, A Gazeta conversou com especialistas em saúde que estudam e acompanham o comportamento do vírus no Espírito Santo e no restante do país. Os profissionais apontaram as boas notícias e desafios que ainda precisam ser encarados.
O médico infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Crispim Cerutti Júnior, disse que umas das principais notícias positivas está relacionada ao estudo de vacinas. De acordo com o BioRender, um site que compila informações sobre imunizantes e drogas terapêuticas para tratar a Covid-19, mais de 200 candidatas a vacinas são estudadas, sendo que 77 estão sendo testadas em humanos.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da Coronavac, produzida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina da Oxford/Astrazeneca. O medicamento da Pfizer teve o registro definitivo concedido pela agência no mês passado.
A pós-doutora em Epidemiologia e professora de Enfermagem da Ufes, Ethel Maciel, também comemora o avanço das vacinas e destaca as variantes do novo coronavírus como um dos desafios no enfrentamento à doença.
Com mais de 200 medicamentos em estudo em diversos países, os especialistas em saúde estimam que a vacinação, principalmente no Brasil, possa ser acelerada quando os novos compostos forem disponibilizados. Os imunizantes empregam todos os tipos de tecnologias: vírus vivos atenuados, vírus inativados, subunidades de proteínas, vetores virais recombinantes, partículas semelhantes ao vírus (VLPs), DNA e mRNA.
Os médicos entenderam quais procedimentos e medicamentos têm sido mais eficazes no tratamento aos sintomas e complicações que o vírus provoca no organismo. O uso de corticóides, anticoagulantes e antibióticos estão sendo, cada vez mais, incorporados ao protocolo de atendimento dos pacientes.
Esterilizador de ar, câmara de luz que elimina o vírus, pulseira anti-Covid, estudo do sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2, teste sorológico de R$ 17 e pesquisas de compostos para tratar e curar a doença. Essas são algumas das propostas criadas em somente em solo capixaba. O enfrentamento à doença estimulou a criação de diversas ferramentas que podem ajudar a identificar ou eliminar o vírus.
Aquisição de equipamentos, contratação de profissionais e a abertura de novos leitos nos hospitais. A pandemia vai deixar como herança o uso de novos protocolos de segurança, como a incorporação dos equipamentos de proteção individual (EPIs) em todos os setores dos hospitais, a instalação de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria, a telemedicina e a valorização do Sistema Único de Saúde (SUS).
O enfrentamento ao coronavírus potencializou a integração entre pesquisadores capixabas e impulsionou investimentos de recursos públicos em pesquisa e inovação, com o lançamento de editais específicos para apresentação de projetos voltados ao combate da doença no Espírito Santo. Em um deles, somente no ano passado, o governo do Estado destinou R$ 3 milhões para o apoio a projetos com ações efetivas e inovadoras para enfrentar à Covid-19.
As novas variantes do coronavírus têm causado preocupação em pesquisadores em toda a parte do mundo. Entre as mais perigosas já identificadas, a variante brasileira, chamada de P1, também já foi encontrada no Espírito Santo. Ainda segundo pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) há pelo menos cinco variantes diferentes de coronavírus no Estado.
De acordo com especialistas, o impacto nas internações pode ser sentido após duas semanas de restrições mais severas ou de aglomerações excessivas. Ou seja, o crescimento atual pode ser apenas o início das consequências das festas clandestinas e demais imprudências durante o período de Carnaval.
O professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Domingos Alves, relata que um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o governo federal precisaria acelerar o ritmo de vacinação em 10 vezes da velocidade atual para imunizar toda a população brasileira até o fim de 2021. Até a última terça-feira (2), pouco mais de 3% dos brasileiros tinham recebido a primeira dose de algum dos imunizantes adotados no país.
O médico infectologista Crispim Cerruti Júnior destaca que os casos de reinfecção provocados pelo novo coronavírus são uma preocupação. "Quando a reinfecção acontece, pode significar que essas pessoas não montaram uma resposta imune ou montaram e ela se desgastou com o tempo, de tal forma que elas ficaram suscetíveis outra vez. É muito frequente, no reinfectado, o segundo episódio vir mais grave que o primeiro. E isso é preocupante", destaca o médico.
Ignorando os dados oficiais e publicados pela imprensa, algumas pessoas desrespeitam os protocolos de segurança estabelecidos pelas autoridades e médicos como o uso de máscara, a manutenção do distanciamento social, com promoção de festas clandestinas, por exemplo. Muitas pessoas desse grupo, inclusive, ignoram a importância da vacina.
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