No início de julho, A Gazeta denunciou o abandono e mau estado de conservação da plataforma que era utilizada para embarque e desembarque dos antigos catraieiros — condutores de embarcações que faziam a travessia entre Vitória e Vila Velha. Agora, pouco mais de um mês depois, ela veio abaixo.
Nesta terça-feira (17), o fotógrafo Fernando Madeira registrou a estrutura metálica caída, com os pilares de sustentação enferrujados e levantados, invadindo parte da calçada da Avenida Beira-Mar, no Centro da Capital. A estrutura oferece riscos a quem passa pela calçada. Veja vídeo do local:
Na ocasião da primeira reportagem já dava para perceber vários sinais de deterioração da plataforma: o metal estava corroído em vários pontos, de cima a baixo; o chão de concreto apresentava buracos e desníveis; o telhado tinha furos e parte dos corrimões e parapeitos estavam soltos.
Outro agravante da situação é que o espaço, embora já não fosse utilizado com a finalidade inicialmente proposta, é totalmente acessível a pedestres. Como fica na região do Porto de Vitória, com vista para o Morro do Penedo, muitas pessoas paravam no local para apreciar a vista, fotografar ou pescar.
Ex-presidente da Associação de Catraieiros, Aderaldo Francisco Alves relatou que pelo menos até junho de 2015 — quando a atividade da categoria foi interrompida — a estrutura era de responsabilidade da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), que também fazia a manutenção.
No mês passado, diante dos problemas evidentes, a reportagem de A Gazeta acionou a Codesa por cinco dias e, apesar da insistência, não obteve nenhuma resposta. Na ocasião, a Prefeitura de Vitória também foi demandada, já que a entrada da estrutura fica na calçada, sem qualquer tipo de sinalização ou interdição, e disse apenas que a plataforma não era de responsabilidade do município.
Apesar da queda da plataforma na tarde desta terça-feira, o Corpo de Bombeiros esclareceu que não foi acionado para atender ocorrências no local. Até o momento, felizmente, não há informações de que alguém tenha se ferido com o desabamento.
Novamente questionada, a prefeitura informou que "o empreendimento foi construído pela Codesa" e, mais uma vez, não se posicionou a respeito da estrutura oferecer risco a quem passa por uma das principais avenidas da cidade. O município também não esclareceu se tomou alguma providência.
A Marinha manteve o posicionamento, garantindo que "realiza fiscalização no mar aberto e em hidrovias interiores a fim de garantir a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar e a prevenção da poluição hídrica causada por embarcações, plataformas ou instalações de apoio".
A Capitania dos Portos do Espírito Santo também esclareceu que lhe cabe "conceder o parecer para casos de reforma ou manutenção de obras realizadas que acarretem mudanças de traçados ou projetos que possam provocar novas interferências ao tráfego aquaviário ou à segurança da navegação", quando comunicada formalmente pelo responsável.
Apontada pela Prefeitura de Vitória e pela antiga Associação dos Catraieiros como a responsável pela estrutura, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) respondeu, por meio de nota, que "nunca explorou este equipamento e a operação e manutenção sempre foi de responsabilidade dos próprios catraieiros que exerciam atividades de transporte público no Canal de Vitória". A companhia afirmou ainda que "como gesto de demonstração de respeito à cidade, fará, imediatamente, o isolamento da área e, em 30 dias, executará a remoção" da estrutura".
A Marinha do Brasil defende a participação da sociedade, que pode fazer denúncia diretamente com a Capitania dos Portos do Espírito Santo pelo telefone (27) 2124-6526 ou pelo e-mail [email protected]. Há ainda a possibilidade de usar o aplicativo "Praia Segura" em celulares Android e iOS.
A Codesa enviou nota informando que não é responsável pela plataforma, mas que fará o isolamento e remoção da estrutura. O texto foi atualizado.
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