Motoristas e motociclistas que passam pela BR 262, em Cariacica, estão se deparando com uma cena perigosa, mas também curiosa em um trecho na altura do bairro Vila Capixaba, próximo a um shopping da região. Trata-se de uma parte da via que recebeu manutenções até um certo ponto, deixando um trecho de 700 metros bastante irregular e com buracos. O trecho citado é uma parte da rodovia que ficou sem dono nos últimos anos e agora está sendo retomada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O motorista de ônibus Flávio Coelho, de 42 anos, contou à reportagem de A Gazeta que já chegou a se acidentar de moto no trecho. "Me envolvi em um acidente no dia 25 de abril deste ano. Eu estava vindo de Campo Grande, sentido Viana, e passei com a moto nessas ondulações, perdi o controle e caí sozinho. A Polícia Rodoviária Federal e o Samu estiveram no local, e classificaram as minhas lesões como graves", disse. De acordo com Flávio, foi constatado que a causa do acidente foi devido às condições da via, e ele afirma que ficou 45 dias afastado do trabalho.
"Contratei um advogado que está montando um processo para entrar na Justiça contra o Dnit, que seria o responsável pela via. Inclusive o advogado me pediu para juntar provas como receituário médico e avaliação do conserto da moto, que ficou em cerca de R$ 25 mil", disse o motorista.
O sociólogo Robson Rangel, que também passa pelo local todos os dias, conta um pouco sobre a situação vivida pelos condutores. Segundo ele, os buracos começam imediatamente após um trecho que foi recapeado recentemente.
Quem passa por ali não entende isso. A pista foi recapeada até um certo ponto. Mas, logo em seguida, começam os buracos. É um trecho perigoso, o motorista precisa reduzir a velocidade para desviar e não danificar o carro. Com isso, quem vem atrás, se não estiver atento, pode causar um acidente mais grave. Em dias de chuva é pior, já que os buracos ficam cobertos, deixando a situação ainda mais complicada, contou.
O trecho citado por Flávio e Robson tem 700 metros. É uma parte da via que ficou "sem dono" nos últimos anos. Quem explica a situação do local é o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Romeu Scheibe Neto, em entrevista concedida à produção da TV Gazeta. Ele conta que o ponto, do Km 6.4 ao Km 7.1, era inicialmente previsto para ser contemplado no contrato de concessão da BR 101. No entanto, oficialmente, isso não aconteceu.
O problema é que como existia essa intenção, esse mesmo trecho entrou no Sistema Nacional de Viação (SNV), que é um documento que lista as áreas em que o Dnit pode atuar, classificado como 'concedido', impossibilitando o Dnit de atuar nele, justamente por estar classificado no sistema assim, disse.
Depois de identificar o problema, o órgão solicitou a correção em 2019 para que o segmento voltasse para a responsabilidade do Dnit no SNV. Segundo Scheibe, a alteração aconteceu muito recentemente e, agora, o Dnit está trabalhando para fazer um novo contrato de manutenção, que contemple o novo trecho.
O Dnit está fazendo um levantamento das necessidades da rodovia para fazer uma licitação ao longo deste ano e contratarmos, até o final do ano um novo contrato de manutenção da BR 262, que a gente chama de Plano Anual de Trabalho e Orçamento. Nesse novo plano, este trecho mencionado vai estar contemplado com manutenção. E aí a gente vai poder atuar, afirmou.
Sobre a reclamação dos usuários, o superintende reconhece que o trecho está irregular, mas afirma que a via terá a pavimentação adequada, assim que o segmento estiver contemplado nos contratos de manutenção da rodovia.
Antes da gente contratar, foi necessário fazer toda essa gestão, que antecede ao período que eu estava na superintendência. Não sei o que aconteceu para trás, por que esse segmento foi tirado do Dnit sem que houvesse a colocação do trecho no contrato de concessão. O usuário tem razão: está feio, é um segmento crítico, que, infelizmente, a gente não consegue atuar, por enquanto. Fizemos intervenções nas vias urbanas de Cariacica, mas paramos do Km 6.4 até o Km 7.1, que era o nosso limite legal. Mas está no nosso radar fazer esse segmento tão logo ele esteja no contrato de manutenção, completou.
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