Para driblar a queda nos anticorpos contra a Influenza em adultos com mais 60 anos, crianças e grupos de risco, os infectologistas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam tomar a vacina contra gripe duas vezes ao ano. O intervalo entre a aplicação das doses seria de seis meses. A estratégia de reforço é defendida para diminuir o número de infecções respiratórias, de procura médica e de hospitalizações.
A vacina contra gripe disponível no Brasil começa a perder eficácia depois de seis meses, segundo os especialistas. Em função disso, os médicos apresentaram durante a 24ª Jornada Nacional de Imunizações 2022, no início de setembro, a sugestão da dose de reforço.
O infectologista Lauro Ferreira Pinto, membro da Sociedade Brasileira de Imunizações no Espírito Santo, esteve no congresso. Ele explicou que, desde o início de 2022, os Estados Unidos utilizam um imunizante com quatro vezes mais antígenos que a vacina comum. Além dele, tem uma vacina recombinante com tecnologia mais moderna e outra com adjuvantes. São três vacinas mais eficazes para os idosos, recomendadas pelo comitê oficial do governo americano.
Segundo o doutor Lauro, a vacina de alta dose do antígeno está submetida à Anvisa e a expectativa é que ela seja aprovada até o início do ano que vem para ser utilizada no Brasil.
"Como ainda não está disponível, a sugestão da sociedade de imunizações é dar uma segunda dose da vacina comum contra a gripe após seis meses, como proteção aos idosos e pessoas com o sistema imunológico deprimido. Mas isso é condicional, e não obrigatório", destacou.
No final de 2021, o Brasil teve aumento nos casos de gripe por conta da cepa Darwin (H3N2). Por isso, o serviço público fez uma campanha de vacinação fora de época. O infectologista explica que, ao contrário dos países do hemisfério Norte — onde o frio é intenso e a gripe se concentra em um período do ano — em países tropicais como o Brasil os surtos de gripe são em épocas diferentes do ano, como inverno, Natal e carnaval.
“Como no Brasil não tem as estações tão nítidas, a circulação do vírus fica mais livre. A recomendação da segunda dose contra gripe mostra a possibilidade do reforço na imunização. A vacina de gripe pode ser prescrita por médicos, dependendo do caso, mas como não é uma obrigatoriedade do serviço público de saúde para que ela seja encontrada depende da disponibilidade e da logística”, comentou o médico.
O intervalo de seis meses entre as doses pode ser menor, dependendo da situação. “Em geral, seis meses seria o indicado, mas pode ser mais curto se tiver um surto de gripe antes, por exemplo”, afirmou Lauro Ferreira.
Um levantamento de A Gazeta em laboratórios que aplicam a vacina de gripe em Vitória mostra que o valor da dose do imunizante é de R$ 120. Para a aplicação, é necessário levar cartão de vacinação. O imunizante costuma estar disponível durante todo o ano.
De acordo com o Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Espírito Santo apresentam probabilidade de crescimento. O médico infectologista Paulo Mendes Peçanha, professor do curso de Medicina da Ufes, acredita que a baixa cobertura vacinal pode ser responsável por esse possível crescimento.
"Os principais vírus que estão circulando são o da gripe e o da Covid-19. E nós estamos meio que estacionados nas terceiras e quartas doses do coronavírus e, além disso, em 2022 tivemos uma baixa cobertura vacinal da gripe. Só a adesão às vacinas pode reverter a situação", pontuou o médico.
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