A bióloga e professora Jane Lopes, de 42 anos, foi neste sábado (22) ao Tartarugão, em Vila Velha, para receber a tão esperada dose de reforço da vacina contra a Covid-19. No entanto, saiu de lá frustrada. Após a aplicação, o imunizante vazou e escorreu pelo braço dela e, mesmo questionando a equipe de vacinação no local, não foi reaplicada a dose.
De acordo com o protocolo vacinal da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), quando houver extravasamento das vacinas de Covid-19, a orientação é que a dose padrão do imunizante utilizado seja aplicada novamente, conforme informou a pasta. Isso, porém, não ocorreu.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, Jane explicou que percebeu o imunizante escorrendo no braço logo após a aplicação e se dirigiu à vacinadora ainda no local.
“Eu não fiquei olhando, porque tenho medo de agulha e, desta vez, acabamos não gravando o momento. Fui em direção ao meu filho e ele disse: ‘mãe, está escorrendo’. Então voltei para conversar com a vacinadora, ela foi falar com a coordenadora e pediu para eu aguardar”, relata.
A professora diz que a equipe do local não aplicou outra dose e alertou para a possibilidade de ocorrer uma superdosagem.
Jane chegou a cogitar fazer um teste de anticorpos para ver se recebeu a quantidade suficiente do imunizante, como sugeriu a equipe no local. No entanto, não foi entregue para ela nenhum documento que registrasse o ocorrido, tampouco algum encaminhamento se o exame poderia ser realizado na rede pública.
“Eu pensei: e se os anticorpos estiverem baixos? Como vou provar que não recebi a vacina, porque foi registrado no sistema do SUS (Sistema Único de Saúde) que eu recebi a dose de reforço”, conta.
Ao questionar a equipe de vacinadores se havia como registrar o problema no sistema, a resposta foi negativa e, segundo Jane, a orientação foi fazer o teste de anticorpos.
Em nota, a Sesa informou que capacita multiplicadores municipais em normas e procedimentos para vacinação e é responsabilidade de cada município capacitar e supervisionar suas equipes locais de vacinação. Evidenciou ainda que, nestes casos, o profissional deve notificar erros no e-SUS Notifica.
“A Sesa esclarece que em situações que possam ocorrer extravasamento de vacina no momento da aplicação, o profissional deve providenciar a notificação do erro de imunização no e-SUS Notifica, e no caso das vacinas contra a Covid-19, aplicar de forma imediata a dose padrão recomendada do imunizante utilizado", afirmou a posta.
A Sesa ainda destacou que não há recomendação de testes sorológicos para avaliar a resposta de produção de anticorpos da vacina contra a Covid-19, como sugerido para a professora pela equipe da vacinação.
A pasta orientou ainda que Jane, ou qualquer outra pessoa que passe pela situação, assim que perceber o ocorrido retorne ao local de vacinação e fale com o supervisor, ou busque a referência municipal de imunizações para esclarecer o fato.
A Prefeitura de Vila Velha enviou nota explicando que a equipe de vacinação, considerando o quantitativo que teria vazada, entendeu que não justificaria a aplicação de nova dose.
“Depois de sair, a mesma retornou afirmando ter observado que um líquido escorreu do seu braço. A equipe técnica deu as orientações conforme normatização de protocolo vacinal e disponibilizou um telefone de contato para paciente em caso de dúvida", diz a nota.
A prefeitura destacou que a professora será monitorada e o caso será avaliado e acompanhado pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde.
Jane, porém, ressaltou que não chegou a sair do local de vacinação antes de relatar o problema. Ela continuou no Tartarugão e se dirigiu às vacinadoras para falar sobre o ocorrido pouco depois.
Questionada sobre o “extravasamento de vacina” citado pela Sesa, a prefeitura enviou nova nota alegando que “não houve o ‘extravasamento da vacina no momento da aplicação’ e que a equipe do local avaliou a situação e conforme o protocolo vacinal, considerando o quantitativo, decidiu pela não aplicação de nova dose.
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