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Vacinação compulsória para profissionais de saúde provoca racha no CRM-ES

Vacinação compulsória para profissionais de saúde provoca racha no CRM-ES

Conselho Regional de Medicina suspendeu nota de apoio à decisão do governo estadual  que impede a entrada em hospitais públicos de profissionais de saúde que não se vacinarem;  assunto volta ao debate em reunião nesta quarta-feira (03)

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 19:04- Atualizado há 4 anos

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Vacinação dos profissionais de saúde, veterinários e agentes funerários com 60 anos ou mais de idade, que estão na ativa, na Clínica da Família Estácio de Sá, na região central da cidade. O município do Rio de Janeiro ampliou hoje (27) o público-alvo da campanha de vacinação contra a covid-19.
Vacina da Oxford/AstraZeneca/Fiocruz contra a Covid-19. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O apoio do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) a uma portaria do governo estadual, que proíbe os profissionais da saúde que se recusarem a tomar a vacina contra a Covid-19 de entrarem em hospitais públicos do Estado, causou racha entre os médicos.

Uma nota chegou a ser publicada pelo CRM-ES, durante a tarde desta terça-feira (02), informando concordar com a decisão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No entanto, o texto foi despublicado no final do dia. A informação é que parte dos conselheiros é contrária à medida.

Uma reunião foi convocada para a noite desta quarta-feira (03), a partir das 19 horas, com os conselheiros. A expectativa é de que ao final do encontro seja definida uma nova orientação aos médicos sobre o assunto.

O QUE DIZIA A NOTA

O texto publicado pelo CRM-ES fazia referência à portaria Sesa nº 016-R, de 29 de janeiro, e que trata sobre o acesso de profissionais da saúde aos estabelecimentos da rede pública estadual, no contexto da pandemia do novo coronavírus.

Na nota, o CRM-ES posiciona-se favoravelmente à vacinação  "como medida de prevenção cientificamente comprovada contra as mais diversas doenças, salvo em casos específicos de contraindicações devidamente fundamentadas pelo profissional médico que acompanha o paciente”.

Ainda de acordo com a nota, as vacinas aprovadas pela Anvisa contam com a chancela da Sociedade Brasileira de Infectologia e  apresentam níveis satisfatórios de segurança, destacando ainda que elas são, atualmente, “a única ação terapêutica com potencial de resolutividade no sentido de prevenir e controlar uma enfermidade que de maneira tão intensa e lesiva assola toda a comunidade mundial”.

Em outro trecho, o CRM-ES destacava que o Estado, como gestor, tem o dever de organizar a sua ação assistencial com o intuito de resguardar a vida e a saúde da população, podendo determinar as condicionantes da forma de trabalho dos que a ele estão subordinados.

Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES)
Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES). (Laís Magesky)

DESPUBLICAÇÃO 

No final da noite de terça-feira (02), o CRM-ES informou que despublicou a nota em apoio à portaria. Em outro texto, a instituição explicou que o assunto seria avaliado em “debate interno”, após “melhor amadurecimento”.

 “Comunicamos que a Nota do CRM-ES sobre a Portaria da Sesa foi despublicada para melhor amadurecimento e debate interno do corpo de conselheiros. Pedimos, por gentileza, que desconsiderem a publicação anterior", informou.

O RACHA NA CATEGORIA

Fontes ouvidas pela reportagem de A Gazeta apontam que a categoria médica encontra-se dividida. Há os que apoiam abertamente a vacinação e ainda a orientação da Sesa no sentido de que todos precisam se vacinar e que aqueles que não o fizerem, podem vir a sofrer punições, como ter o seu acesso negado aos hospitais públicos.

Outros médicos apontam serem contrários à obrigatoriedade da vacina e são ainda mais contundentes em relação à punição, como o impedimento de acesso aos hospitais públicos, o que afeta diretamente o exercício da profissão.

E há ainda os profissionais que são contrários aos imunizantes, com o argumento de que eles são experimentais.

O QUE DIZ A ASSOCIAÇÃO MÉDICA

Para o presidente da Associação Médica do Espírito Santo (Ames), Leonardo Lessa Arantes, o governo do Estado deveria promover uma campanha de esclarecimento junto aos profissionais de saúde, destacando que até o momento não existe vacina para todos os que desejam se imunizar.

“Somos contrários à obrigatoriedade. O que tem que ser feito é uma campanha de esclarecimento, de conscientização. E não temos vacina para todos os profissionais. Muitos gostariam de ter acesso ao imunizante, mas não é possível. Outro ponto é quem vai acompanhar, cobrar e punir o profissional de saúde? Acho que é um equívoco”, destaca.

Segundo Arantes, médicos e outros profissionais de saúde estão na linha de frente desde o início da pandemia do novo coronavírus. “Enfrentaram a contaminação, a falta de EPIs (equipamentos de proteção individual), de estrutura. Agora, por não ter acesso ao imunizante, os profissionais não podem ser impedidos de acessar o local de trabalho. É uma medida que não conta com precedente em nenhum outro estado”, diz.

O QUE DIZ A PRESIDÊNCIA DO CRM-ES

Em uma nota de esclarecimento, o presidente do CRM-ES, Celso Murad, explica que membros do corpo de conselheiros pediram para que o assunto voltasse ao debate para “melhor amadurecimento”, o que será feito em reunião na noite desta quarta-feira (03). Veja a íntegra do texto:

“O Presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Dr. Celso Murad, esclarece que, apesar de a Diretoria do Conselho ter aprovado e emitido na tarde de ontem (02/02) uma nota em apoio à Portaria Sesa nº 016-R, de 29/01/2021, membros do corpo de conselheiros pediram para que o tema voltasse ao debate para o melhor amadurecimento do assunto. Por esse motivo, a nota foi retirada do site e rede social do CRM-ES e agendada, para a noite de hoje (03/02), uma reunião Plenária para que o assunto seja debatido em maior número de conselheiros e, assim, definida a manifestação do Conselho.”

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