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Vacinação do grupo prioritário já reduz taxa de contágio no ES? Entenda

Vacinação do grupo prioritário já reduz taxa de contágio no ES? Entenda

Especialistas analisam impacto da aplicação das doses de imunizante nos primeiros vacinados como forma de frear a pandemia do novo coronavírus

Publicado em 20 de fevereiro de 2021 às 07:00- Atualizado há 4 anos

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Terça-feira (19), foi realizada a primeira vacinação contra a COVID-19
Vacinação contra a Covid-19 foi iniciada no Estado em janeiro. (Fernando Madeira)

Dez meses após ocomeço da pandemia, a campanha de vacinação contra a Covid-19, iniciada no Espírito Santo em 18 de janeiro, trouxe novo otimismo. O imunizante já começou a ser aplicado em quem tem mais risco de morrer da doença, os idosos, ou quem está mais exposto a ela, profissionais da área da Saúde.

No Espírito Santo, a aplicação da vacina será feita em três fases, seguindo as orientações de prioridade do Ministério da Saúde e as diretrizes da Organização Mundial da Saúde. Ao todo, devem ser imunizados cerca de 1,1 milhão de capixabas durante a campanha. Mesmo aqueles que já foram infectadas pelo novo coronavírus serão vacinados.

Até o momento, foram enviadas ao Espírito Santo 207.420 doses. Desse total, 176.730 foram distribuídas aos municípios.  Um total de 105.780 moradores do Estado recebeu a primeira dose da vacina e o reforço da segunda dose já começou a ser aplicado em 4.329 pessoas, que fazem parte do grupo prioritário - formado por profissionais da Saúde na linha de frente da Covid-19, indígenas, idosos em casa de repouso e pessoas com deficiência que vivem em instituições. A imunização só pode ser considerada completa após a aplicação das duas doses da vacina.

Apesar da inegável importância desse começo, que permitirá que mais vidas sejam poupadas, especialistas apontam que a imunização desse primeiro grupo prioritário ainda não é suficiente para alterar a taxa de transmissão do vírus no Estado, hoje abaixo de 1, em 0,83. Na prática, isso significa que cada 10 pessoas podiam contaminar outras oito.

O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Etereldes Gonçalves, que integra o Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) observa que  primeiro grupo a ser vacinado, de cerca de 50 mil pessoas, e que agora começa a receber a segunda dose, representa em torno de 1,2% da população capixaba. "Apesar de (a vacina) ser aplicada, em sua maioria, numa população bem exposta como é a formada pelos profissionais de saúde, isso não é suficiente para alterar o comportamento da epidemia”, observou. 

Ele ressalta, entretanto, que a situação vivenciada por Manaus que vive um colapso na Saúde e com a circulação de uma nova variante do coronavírus  – deve servir de alerta para os outros estados. “Novas variantes em circulação com capacidade de reinfeccão praticamente zeram o jogo. Isso preocupa”, diz.

Ele reforça que nenhum desses aspectos diminui a importância da imunização, mas destaca que, enquanto o percentual de imunizados não for maior, a população precisará manter os cuidados adotados em função da pandemia, como o uso de máscara, higienização constante das mãos, e distanciamento social, pois o vírus vai continuar circulando da mesma forma.

A pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, também considera que o número de pessoas que serão imunizadas nesta primeira fase da campanha de vacinação não é o suficiente para alterar o comportamento da pandemia.

Ela destaca, como o exemplo, Israel, que é um país pequeno e já imunizou mais de 25% de sua população, e que somente agora começa a ver alterações na curva de transmissão da doença.

“Para termos impacto, precisaríamos de um número mais expressivo de pessoas imunizadas. Mas o que temos previsto aqui, por enquanto, é muito pouco. Nessa primeira fase eram estimadas quase 300 mil pessoas sendo vacinadas, recebemos um terço das vacinas necessárias.”

Ela observa que, para que a imunização tenha algum efeito sobre a taxa de transmissão do novo coronavírus, seria preciso ter, pelo menos, 30% da população do Estado vacinada. E para que haja a imunidade coletiva, que permitirá voltar, ainda que não totalmente, à vida que, até pouco tempo atrás era considerada normal, em torno de 70% dos capixabas precisará estar vacinado.

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