Dez meses após ocomeço da pandemia, a campanha de vacinação contra a Covid-19, iniciada no Espírito Santo em 18 de janeiro, trouxe novo otimismo. O imunizante já começou a ser aplicado em quem tem mais risco de morrer da doença, os idosos, ou quem está mais exposto a ela, profissionais da área da Saúde.
No Espírito Santo, a aplicação da vacina será feita em três fases, seguindo as orientações de prioridade do Ministério da Saúde e as diretrizes da Organização Mundial da Saúde. Ao todo, devem ser imunizados cerca de 1,1 milhão de capixabas durante a campanha. Mesmo aqueles que já foram infectadas pelo novo coronavírus serão vacinados.
Até o momento, foram enviadas ao Espírito Santo 207.420 doses. Desse total, 176.730 foram distribuídas aos municípios. Um total de 105.780 moradores do Estado recebeu a primeira dose da vacina e o reforço da segunda dose já começou a ser aplicado em 4.329 pessoas, que fazem parte do grupo prioritário - formado por profissionais da Saúde na linha de frente da Covid-19, indígenas, idosos em casa de repouso e pessoas com deficiência que vivem em instituições. A imunização só pode ser considerada completa após a aplicação das duas doses da vacina.
Apesar da inegável importância desse começo, que permitirá que mais vidas sejam poupadas, especialistas apontam que a imunização desse primeiro grupo prioritário ainda não é suficiente para alterar a taxa de transmissão do vírus no Estado, hoje abaixo de 1, em 0,83. Na prática, isso significa que cada 10 pessoas podiam contaminar outras oito.
O professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Etereldes Gonçalves, que integra o Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) observa que primeiro grupo a ser vacinado, de cerca de 50 mil pessoas, e que agora começa a receber a segunda dose, representa em torno de 1,2% da população capixaba. "Apesar de (a vacina) ser aplicada, em sua maioria, numa população bem exposta como é a formada pelos profissionais de saúde, isso não é suficiente para alterar o comportamento da epidemia”, observou.
Ele ressalta, entretanto, que a situação vivenciada por Manaus que vive um colapso na Saúde e com a circulação de uma nova variante do coronavírus – deve servir de alerta para os outros estados. “Novas variantes em circulação com capacidade de reinfeccão praticamente zeram o jogo. Isso preocupa”, diz.
Ele reforça que nenhum desses aspectos diminui a importância da imunização, mas destaca que, enquanto o percentual de imunizados não for maior, a população precisará manter os cuidados adotados em função da pandemia, como o uso de máscara, higienização constante das mãos, e distanciamento social, pois o vírus vai continuar circulando da mesma forma.
A pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, também considera que o número de pessoas que serão imunizadas nesta primeira fase da campanha de vacinação não é o suficiente para alterar o comportamento da pandemia.
Ela destaca, como o exemplo, Israel, que é um país pequeno e já imunizou mais de 25% de sua população, e que somente agora começa a ver alterações na curva de transmissão da doença.
“Para termos impacto, precisaríamos de um número mais expressivo de pessoas imunizadas. Mas o que temos previsto aqui, por enquanto, é muito pouco. Nessa primeira fase eram estimadas quase 300 mil pessoas sendo vacinadas, recebemos um terço das vacinas necessárias.”
Ela observa que, para que a imunização tenha algum efeito sobre a taxa de transmissão do novo coronavírus, seria preciso ter, pelo menos, 30% da população do Estado vacinada. E para que haja a imunidade coletiva, que permitirá voltar, ainda que não totalmente, à vida que, até pouco tempo atrás era considerada normal, em torno de 70% dos capixabas precisará estar vacinado.
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