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Vacinado, indígena de 105 anos sobrevive à Covid em Aracruz

Vacinado, indígena de 105 anos sobrevive à Covid em Aracruz

Após ter tomado a dose de reforço, o homem mais velho da Aldeia de Comboios teve Covid-19. Os sintomas foram leves e ele se recuperou; agentes de saúde atravessam até rio para imunizar a população

Publicado em 3 de março de 2022 às 08:36

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Agentes de saúde levam vacina contra a Covid-19 até a Aldeia de Comboios
Agentes de saúde levam vacina contra a Covid-19 até a Aldeia de Comboios, em Aracruz. (Juliano Gomes)

Estradas de chão com buracos e poeira, um rio para atravessar e longas distâncias. Esses são alguns dos desafios dos profissionais de saúde de Aracruz, no Norte do Espírito Santo. No entanto, isso não impede que os moradores do município tenham acesso à vacina contra a Covid-19, e eles agradecem o esforço. Um exemplo é o indígena mais velho da Aldeia de Comboios, localizada no município. Ele foi imunizado, teve a doença e passa bem. 

Edson Barbosa, de 105 anos, testou positivo para a Covid-19 em janeiro deste ano. Vacinado com a dose de reforço, ele passou pela doença, está curado e bem de saúde. A esposa dele também, a aposentada Nilza Mateus Barbosa.

“A vacina é muito importante para nós. Nós tivemos a Covid-19, mas deu fraquinha. Não nos derrubou e a vacina nos deu força. A gente agradece muito a Deus por ter esse serviço”, disse a mulher.

Seu Edson, de 105 anos, se curou da Covid-19, ao lado da esposa
Seu Edson, de 105 anos, se curou da Covid-19, ao lado da esposa. (Juliano Gomes)

COMO FUNCIONA O TRABALHO

Tudo começa por volta das 7h, quando o enfermeiro separa as doses para levar até as regiões mais afastadas do Centro. Depois, as equipes vão para as ruas.

“A gente prepara as caixas para chegar à temperatura certa, para assim dar início à vacinação. Todos os dias temos desafios diferentes. Temos um grande interior e nossas equipes fazem busca ativa para uma alta cobertura vacinal”, diz o enfermeiro Antônio Marcos.

Enfermeiro prepara vacinas para levar ao interior
Enfermeiro prepara vacinas para levar ao interior. (Juliano Gomes)

O primeiro destino na viagem feita no último dia 22 de fevereiro foi a comunidade de Córrego do Índio, na zona rural. O lugar fica a aproximadamente 40 km do Centro da cidade. Pode até faltar internet no local, mas quem mora lá sabe que ao menos um serviço não fica na mão.

A aposentada Maria da Penha Cunha Franco diz que a vinda das equipes de saúde é uma grande ajuda. “A gente fica mais tranquilo com a presença deles. É bom eles virem às casas, porque seria mais difícil irmos aos postos. Eles são todos muito bem-vindos”, diz a idosa. O marido dela foi vacinado durante a visita que a reportagem acompanhou.

Agentes de saúde visitaram casal de idosos em Córrego do Índio
Agentes de saúde visitaram casal de idosos em Córrego do Índio. (Juliano Gomes)

Uma das profissionais que atuam neste serviço, a agente de saúde Tânia dos Santos Segatto, fala do sentimento de ver a população ser vacinada. “É importante saber que a pessoa se sente realizada e ver que hoje ela tem acesso ao serviço de saúde. Se não pode ir até a vacina, a gente leva a vacina até a pessoa”, conta.

VACINA NO BARCO

Saindo do campo, os profissionais pegam mais alguns quilômetros de estrada e depois precisam navegar: passam pelo Rio Comboios e agora vão até a aldeia de mesmo nome, onde residem 215 famílias de etnia tupiniquim em aproximadamente 20 km de extensão. O trabalho é de casa em casa, para deixar todo mundo imunizado.

Embarcação com os agentes de saúde chegando até a Aldeia de Comboios
Embarcação com os agentes de saúde chegando até a Aldeia de Comboios. (Juliano Gomes)

Liderança da comunidade, cacique Toninho reconhece o trabalho dos profissionais da saúde do município. “A importância desse trabalho na comunidade é sem palavras. É uma atuação incansável de segunda a sábado, indo nas casas das pessoas, conversando com as famílias. Com todas as dificuldades que se tem para chegar em todas as casas, eu quero agradecer muito a essa equipe. Chegamos a 95% de atendimento”, relata o cacique.

Na aldeia também chegam notícias falsas, o que deixa alguns moradores desconfiados e com medo de se vacinar, relata a secretária de saúde do município, Rosiane Scarpatt. Mesmo diante deste problema, ela elogia a cobertura vacinal.

“Os agentes vão levar saúde aos moradores e, muitas vezes, chegam fake news na frente e fecham essa porta. Nossos profissionais fazem um trabalho de convencimento: alguns se sensibilizam e outros, infelizmente, não. Na aldeia de Comboios já temos 50% da população de crianças entre 5 e 11 anos vacinadas e de 12 até 60 anos com 90%. Uma excelente cobertura, porque os profissionais são incansáveis”, comentou a secretária.

*Com informações de Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte

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