Estradas de chão com buracos e poeira, um rio para atravessar e longas distâncias. Esses são alguns dos desafios dos profissionais de saúde de Aracruz, no Norte do Espírito Santo. No entanto, isso não impede que os moradores do município tenham acesso à vacina contra a Covid-19, e eles agradecem o esforço. Um exemplo é o indígena mais velho da Aldeia de Comboios, localizada no município. Ele foi imunizado, teve a doença e passa bem.
Edson Barbosa, de 105 anos, testou positivo para a Covid-19 em janeiro deste ano. Vacinado com a dose de reforço, ele passou pela doença, está curado e bem de saúde. A esposa dele também, a aposentada Nilza Mateus Barbosa.
“A vacina é muito importante para nós. Nós tivemos a Covid-19, mas deu fraquinha. Não nos derrubou e a vacina nos deu força. A gente agradece muito a Deus por ter esse serviço”, disse a mulher.
Tudo começa por volta das 7h, quando o enfermeiro separa as doses para levar até as regiões mais afastadas do Centro. Depois, as equipes vão para as ruas.
“A gente prepara as caixas para chegar à temperatura certa, para assim dar início à vacinação. Todos os dias temos desafios diferentes. Temos um grande interior e nossas equipes fazem busca ativa para uma alta cobertura vacinal”, diz o enfermeiro Antônio Marcos.
O primeiro destino na viagem feita no último dia 22 de fevereiro foi a comunidade de Córrego do Índio, na zona rural. O lugar fica a aproximadamente 40 km do Centro da cidade. Pode até faltar internet no local, mas quem mora lá sabe que ao menos um serviço não fica na mão.
A aposentada Maria da Penha Cunha Franco diz que a vinda das equipes de saúde é uma grande ajuda. “A gente fica mais tranquilo com a presença deles. É bom eles virem às casas, porque seria mais difícil irmos aos postos. Eles são todos muito bem-vindos”, diz a idosa. O marido dela foi vacinado durante a visita que a reportagem acompanhou.
Uma das profissionais que atuam neste serviço, a agente de saúde Tânia dos Santos Segatto, fala do sentimento de ver a população ser vacinada. “É importante saber que a pessoa se sente realizada e ver que hoje ela tem acesso ao serviço de saúde. Se não pode ir até a vacina, a gente leva a vacina até a pessoa”, conta.
Saindo do campo, os profissionais pegam mais alguns quilômetros de estrada e depois precisam navegar: passam pelo Rio Comboios e agora vão até a aldeia de mesmo nome, onde residem 215 famílias de etnia tupiniquim em aproximadamente 20 km de extensão. O trabalho é de casa em casa, para deixar todo mundo imunizado.
Liderança da comunidade, cacique Toninho reconhece o trabalho dos profissionais da saúde do município. “A importância desse trabalho na comunidade é sem palavras. É uma atuação incansável de segunda a sábado, indo nas casas das pessoas, conversando com as famílias. Com todas as dificuldades que se tem para chegar em todas as casas, eu quero agradecer muito a essa equipe. Chegamos a 95% de atendimento”, relata o cacique.
Na aldeia também chegam notícias falsas, o que deixa alguns moradores desconfiados e com medo de se vacinar, relata a secretária de saúde do município, Rosiane Scarpatt. Mesmo diante deste problema, ela elogia a cobertura vacinal.
“Os agentes vão levar saúde aos moradores e, muitas vezes, chegam fake news na frente e fecham essa porta. Nossos profissionais fazem um trabalho de convencimento: alguns se sensibilizam e outros, infelizmente, não. Na aldeia de Comboios já temos 50% da população de crianças entre 5 e 11 anos vacinadas e de 12 até 60 anos com 90%. Uma excelente cobertura, porque os profissionais são incansáveis”, comentou a secretária.
*Com informações de Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte
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