O Ministério da Saúde recomendou no dia 25 de novembro a aplicação de uma dose de reforço em cerca de 4 milhões de pessoas que foram imunizadas contra a covid-19 com dose única da vacina da Janssen. Entretanto, a maioria dos Estados ainda aguarda o envio do imunizante para definir a estratégia e começar a aplicação, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde — como é o caso do Espírito Santo.
A expectativa é que a distribuição aconteça no início de dezembro, sem data definida. Cerca de 2 milhões de doses da fabricante estão em análise do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) para serem enviadas aos Estados e Municípios.
De acordo com a recomendação do ministério, a segunda dose aos adultos que tomaram Janssen deve ser feita com o uso do mesmo imunizante, entre dois e seis meses depois da primeira aplicação. No Espírito Santo, a estratégia será adotada assim que chegarem novos lotes da Janssen. Já São Paulo e Rio de Janeiro começaram a usar a Pfizer como dose extra (segunda dose).
Nos Estados Unidos, onde a dose extra para a vacina da Janssen também foi liberada, os vacinados acima de 18 anos com Janssen podem tomar uma dose de reforço (segunda dose) da Pfizer, Moderna ou da própria fabricante, desde que seja pelo menos dois meses depois de ter tomado a dose única. Na nota técnica do Ministério da Saúde, os técnicos citam estudos norte-americanos que também embasaram a decisão do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês).
Apesar de recomendar a dose extra com o mesmo imunizante, o Ministério da Saúde já havia orientado, em agosto deste ano, que idosos acima de 70 anos e imunossuprimidos que tivessem tomado qualquer vacina - incluindo a da Janssen - reforçassem a imunização com doses da Pfizer. Os municípios estão aplicando a regra.
Na cidade de São Paulo, a aplicação da dose de reforço (segunda dose) para quem foi imunizado com a Janssen começou nesta terça-feira (30). A prefeitura decidiu utilizar a Pfizer até a chegada da Janssen. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a utilização de outra fabricante está amparada em um documento técnico do governo de São Paulo.
A decisão da Prefeitura de São Paulo foi anunciada na segunda-feira, 29, depois de uma reunião da equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde para discutir ações de prevenção à variante Ômicron do coronavírus. A prefeitura também retirou a obrigatoriedade de comprovante de residência para ser vacinado.
No Rio de Janeiro, a prefeitura informou que somente idosos que tomaram a vacina da Janssen ou pessoas que foram imunizadas com a fabricante há mais de 5 meses estão autorizados a tomar a dose extra da Pfizer. Relatos nas redes sociais mostram, no entanto, que pessoas que se enquadram nestes casos tiveram dificuldades de receber o imunizante.
Em Recife (PE), a secretaria municipal de saúde chegou a abrir no dia 19 deste mês o agendamento online para a aplicação da dose extra (segunda dose) para aqueles que tomaram a dose única da Janssen. "Eu cheguei a realizar o cadastro, mas no dia seguinte foi bloqueado porque as doses disponíveis eram da Pfizer, não da Janssen. Eles alegaram erro", afirmou o juiz do trabalho Leonardo Burgos, de 41 anos.
Ao Estadão, a prefeitura de Recife informou que vai seguir a recomendação do Ministério da Saúde do dia 25 de aplicar a dose do mesmo fabricante para aqueles que tomaram Janssen. "(A prefeitura) segue aguardando o envio de uma nova remessa da vacina da Janssen pelo Ministério da Saúde (MS) para liberar o agendamento da aplicação da segunda dose desse imunizante", disse.
O restante dos Estados e Municípios aguardam o envio das remessas de Janssen para começar a aplicação da dose de reforço.
Em algumas cidades, pessoas que foram imunizadas com a Janssen aguardam a posição oficial da gestão municipal para se vacinar. Moradora de Salvador (BA), a esteticista Valéria Vigné, 45 anos, tomou o imunizante no dia 28 de junho e aguarda a chegada da nova remessa pelo Ministério da Saúde para se imunizar. "Soube que a prefeitura está esperando o envio para começar a aplicar", afirmou.
A professora Bianca Wainberg, 25, moradora de Natal (RN), também foi vacinada com dose única da Janssen. Ela reclama que, desde o anúncio da necessidade de dose extra do imunizante, não viu nenhuma informação da Prefeitura de Natal sobre a aplicação. "Até então eu estou bem apreensiva pois quero minha segunda dose o quanto antes", disse.
Bianca foi imunizada em agosto deste ano e sentiu efeitos colaterais como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Ela disse temer que os efeitos na segunda dose sejam piores, mas reconheceu a importância de se imunizar. "Temo sentir novamente, mas prefiro a dor dos efeitos colaterais da vacina do que pegar covid e correr riscos piores", concluiu.
Até essa segunda-feira (29), as prefeituras de Salvador e Natal não haviam anunciado estratégia de vacinação para aqueles que tomaram dose única da Janssen.
A Secretaria da Saúde (Sesa), por meio da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), atualizou, nesta quarta-feira (08 de dezembro), as recomendações para a aplicação da dose de reforço na população que recebeu a dose única da Janssen. Ficará válido em todo território capixaba o uso do imunizante Pfizer e AstraZeneca como opção à dose de reforço na indisponibilidade da vacina Janssen (esquema heterólogo) à população de 18 anos a 59 anos que recebeu a dose única no intervalo de cinco meses e de idosos acima dos 60 anos que receberam a dose única no intervalo de três meses (90 dias).
A definição é uma estratégia estadual em virtude do longo tempo para resposta por parte do Ministério da Saúde em relação ao envio necessário de doses da Janssen ao Estado para contemplar os 104 mil capixabas que receberam a dose única anteriormente.
A medida está embasada em dados epidemiológicos, evidências científicas e discussões com especialistas da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis no uso do sistema heterólogo entre imunizantes para a vacinação contra o novo Coronavírus (Covid-19).
Entretanto, havendo doses da Janssen disponíveis, o reforço homólogo poderá ser feito para quem tomou a dose única, com exceção das gestantes e puérperas que devem ser imunizadas com a Pfizer.
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