O caso do assassinato da médica Milena Gottardi entrou no seu sexto dia de julgamento neste sábado (28). O primeiro a falar foi Valcir da Silva Dias, apontado como intermediário no crime. Durante a sua fala, o réu negou que tenha participado do crime e ainda disse que foi agredido pelo delegado do caso em sua prisão.
Valcir relatou que trabalhava na roça, nos finais de semana, e ainda em uma empresa na Serra durante a semana. Ele também disse que trabalhava com a compra e venda de animais. “Fui surpreendido quando soube que a polícia estava a minha procura. Comecei a procurar um advogado para me apresentar, mas a polícia me prendeu antes. Eu não devia nada e minha mãe falava pra eu não ir à delegacia porque eu não devia nada”, contou
Valcir informou ainda que no sábado, dia do enterro de Milena, estava no cemitério para o enterro de um amigo de nome Valdemar. “Foi quando os policiais foram na minha casa, na primeira vez. Eu não tinha motivos para fugir e me esconder”.
“Não preciso disso, toda minha vida trabalhei. Quem me conhece a minha vida é trabalhar. Eu não fiz isso que estão me acusando não. Desde os 10 anos que eu trabalho. Nunca me envolvi com nada irregular, com nenhum crime. Minha vida é um livro aberto para todo mundo”, disse.
O réu explicou que foi algumas vezes ao Hucam, com Hermenegildo, para visitar o amigo Valdemar, que estava internado com câncer. “Não fui dirigindo ao hospital porque minha carteira estava vencida e eu estava com um problema nas vistas. No dia que fui visitar o Valdemar pedi ao Judinho (Hermenegildo) para me levar. Por isso, estávamos lá no hospital”.
Ele disse que no dia 14, dia do crime, viu Dionathas no local. “Na visita do dia 14, eu vi o Dionathas, não foi estranho porque ele sempre estava por lá por causa da irmã que fazia hemodiálise. Não sou amigo do Dionathas”, contou.
Valcir disse ainda que sempre trabalhou com o Esperidião. “Minha relação com ele era essa. Meu pai trabalhou para família dele...trabalhava para a família desde os 10 anos. Eu e ele fazíamos negócios direto com a venda e troca de animais”. Disse ainda que soube que no depoimento, o réu Bruno Broetto relatou que namorou a sua filha. “Não conhecia nem era amigo dele. Minha filha tinha 16 anos...nem sabia que ela namorava”, disse
O reú contou em seu interrogatório que não sabia que Hilário era policial civil. “Conheço ele desde pequeno, mas depois que se formou ele saiu da cidade e nunca mais soube da vida dele. Fui reencontrar com ele aqui, na cadeia. Hilário me ligou algumas vezes porque estava querendo comprar um cavalo, nossas conversas foram só sobre isso. Também não sabia que Hilário era policial. Soube depois que fui preso”. Ele também negou conhecer Milena Gottardi. “Nunca encontrei nem a esposa dele, nem sabia que ela era médica”, disse.
Também informou no interrogatório que foi agredido pelo delegado Janderson Lube logo após ter sido preso. “Quando me prenderam, na viatura fui atrás com dois policiais. Chegou na BR, eles ligaram o WhatsApp e gravaram. Eu disse que falaria com a minha advogada e eles começaram a me bater. Um deles era o delegado que estava aqui (Janderson Lube).. Achei que ia morrer. Na delegacia o delegado falava: ‘Agora o canarinho canta’”.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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