Nesta sexta-feira (22), Dia Mundial da Água, o governo do Espírito Santo formalizou duas iniciativas que visam ao fornecimento de água de reúso, de forma a reduzir a demanda de mananciais. Pela manhã, foi assinado o contrato para a construção da Estação de Produção de Água de Reúso (Epar) para fins industriais que vai abastecer a ArcelorMittal Tubarão, na Serra.
O leilão para implantação da Epar a partir do efluente de Jardim Camburi foi realizado em janeiro, na B3, e foi vencido pela empresa espanhola GS Inima por R$ 2,2 bilhões. A previsão é que entre em funcionamento em 2026.
À tarde, foi formalizado um acordo entre a Vale e o governo do Estado, com presença de diretores da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), para que a mineradora utilize também água de reúso nas suas operações em Tubarão.
O documento assinado pelo governador do Estado, Renato Casagrande; pelo presidente da Cesan, Munir Abud; e pelo diretor da Vale, Rodrigo Ruggiero, formaliza o interesse das partes em realizar estudos detalhados, visando avaliar a viabilidade técnica, operacional, jurídica e regulatória para a implementação dessa parceria. Este acordo marca um passo a mais rumo à otimização do uso e consumo sustentável da água.
“No Dia Mundial da Água, muito melhor do que somente lembrar a data é ter ações concretas que impactam o dia a dia das pessoas. Esse acordo entre a Cesan e a Vale traz mais segurança hídrica. Temos importantes ações em andamento neste sentido, como o sistema de Barraginhas, a contratação da Barragem dos Imigrantes/Jucu e a implantação da usina de dessalinização. A utilização de água de reúso pela indústria reforça nosso papel de proteger a população contra eventuais intercorrências por falta de recursos hídricos”, disse o governador.
O diretor de pelotização da Vale, Rodrigo Ruggiero, destaca que viabilizar o uso industrial de água reciclada na Unidade Tubarão será um avanço importante na política de gestão hídrica da empresa.
"Estamos otimistas em relação ao estudo do modelo de negócio que vai possibilitar isso. Ao longo dos anos, temos investido no aumento da capacidade de armazenamento e do reúso de água e no estudo de fontes alternativas sustentáveis”, destaca.
O acordo feito com a ArcelorMittal prevê que a estação tenha capacidade para transformar 300 litros por segundo de esgoto sanitário em água de reúso para indústrias. O efluente tratado será bombeado de Jardim Camburi, em Vitória, até o Polo Industrial da Arcelor na Serra, onde a estação será construída.
Munir Abud, diretor-presidente da Cesan, explica que o projeto da obra é o maior do Estado e segundo maior do Brasil, atrás apenas do Aquapolo, em São Paulo. Segundo o gestor, a concessão tem o valor de R$ 2,24 bilhões, e a obra deve custar, aproximadamente, R$ 270 milhões.
“Essa obra representa segurança hídrica para a indústria e também para os moradores de Vitória e Vila Velha. Em tempos de escassez de água, poderemos contar com recursos que antes eram despejados diretamente no mar e agora serão destinados para abastecimento”, disse Munir.
De acordo com o gestor da Cesan, o projeto no Espírito Santo compõe a primeira concessão para a construção de uma estação de produção de água de reúso do Brasil, e as obras estão previstas para começar em até sete meses.
Segundo a Cesan, além de promover sustentabilidade hídrica, o projeto deve beneficiar moradores dos bairros da zona norte de Vitória, além dos bairros Hélio Ferraz, Manoel Plaza, Rosário de Fátima, Eurico Salles, Carapina I e Bairro de Fátima, na Serra.
“Com a inauguração dessa obra, vamos desativar a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jardim Camburi. Então, aquele mau cheiro da região será extinto. Além disso, como vamos destinar 300 litros de água de reúso para a indústria. Teremos uma carga de água potável ainda mais livre para a população”, explica Munir Abud.
Ainda de acordo com Abud, com a obra da Epar, a expectativa é que 200 postos de trabalho sejam criados durante a execução do projeto.
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