O Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) começou a realizar exames para detectar a varíola dos macacos – também conhecida como monkeypox – sem a necessidade de enviar amostras para outros Estados. A testagem para a doença ainda não é oferecida de forma ampla no Brasil. Atualmente, o Governo Federal tem cerca de oito laboratórios de referência que realizam tal análise.
Gerente de vigilância em saúde do Estado, Orlei Cardoso afirma que a novidade significa mais rapidez na detecção da doença, além de uma maior possibilidade de rastrear o comportamento dela em território capixaba. Antes, os exames eram enviados para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde, segundo ele, ficavam represados devido à alta demanda.
Orlei Cardoso afirmou também que a realização dos exames no Lacen-ES começou no último final de semana, e que o prazo médio de liberação dos resultados tem sido de 24 horas. Para realizar o teste, porém, é preciso passar por uma avaliação médica antes.
O gerente detalhou que o laboratório usa uma tecnologia parecida com a dos exames que detectam a Covid-19. No entanto, em vez das coletas nasal e oral, como acontece no caso de suspeita de coronavírus, o foco do teste para a monkeypox é na erupção cutânea – um dos principais sintomas da doença.
"Esses diagnósticos são feitos através do RT-PCR, que é o padrão ouro da biologia molecular. São coletas parecidas com aquelas para a Covid-19, utilizando o swab. Mas, desta vez, será na lesão, onde há concentração de líquido nas bolhas. Se as lesões já estiverem cicatrizando, recolhemos fragmentos da crosta", explicou.
Embora os testes já estejam sendo feitos, segundo Orlei, ainda não é possível mensurar a capacidade diária de diagnósticos do Lacen-ES. "É difícil fazer uma projeção de quantas amostras estão sendo analisadas, porque estamos começando agora. Até sexta-feira (23), teremos uma noção melhor."
Além do represamento de testes, é possível que haja uma subnotificação da doença devido ao medo do preconceito, conforme apontou Orlei Cardoso. Apesar disso, ele acredita que o cenário tem melhorado. "Nos últimos dias, as informações sobre a doença cresceram, mas, de fato, as pessoas ainda têm receio de procurar o sistema de saúde por medo de sofrer alguma retaliação", afirmou.
"Recentemente, a população passou a entender que qualquer pessoa pode pegar a doença, já que ela é transmitida pelo contato direto. Dessa forma, tem aumentado as notificações – o que é bom, porque se conseguimos identificar o paciente, conseguimos colocá-lo em isolamento a tempo", completou.
Segundo o gerente, apesar da tendência de crescimento do número de casos, o cenário do Espírito Santo frente à doença ainda é estável. Até o momento, não houve a identificação de casos graves causados pela varíola dos macacos no Estado. Já no Brasil, foram registradas duas mortes: uma em Minas Gerais e outra no Rio de Janeiro.
"Se compararmos com os outros Estados da região Sudeste, nós estamos em uma situação de equilíbrio. Temos feito o dever de casa de notificar, mas a doença também não ganhou uma proporção de forma descontrolada por aqui. O reflexo disso é que há mais de duas semanas que não temos crianças entre os casos confirmados", destacou.
Divulgado nesta terça-feira (20), o último boletim da monkeypox apontou que há 62 casos confirmados da doença no Estado. Ainda são investigados outros 170 casos suspeitos, e 248 notificações já foram descartadas. A atualização do boletim é feita às terças e sextas-feiras, pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
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