Com a perspectiva de vacinação em massa da população apenas para o segundo semestre de 2021, o Ministério da Saúde conduz o plano preliminar de imunização, apresentado no início do mês, contra a Covid-19. As ações contêm estratégias que definem grupos prioritários, medidas de operação, expectativa de prazos, investimento na rede de frio (armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e transporte dos imunobiológicos) das doses, processos para aquisição de insumos (agulhas e seringas) e fases da vacinação.
De acordo com epidemiologista capixaba Ethel Maciel, membro do comitê que discute os grupos prioritários para a vacina junto ao Ministério da Saúde, estão liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas os critérios para permissão emergencial das vacinas que serão utilizadas no Brasil. A aprovação final ainda está sendo avaliada pelo órgão.
Das vacinas que estão sendo desenvolvidas no mundo, a Moderna já comprovou eficácia superior a 90%, assim com a Pfizer, esta com negociação mais avançada junto ao governo federal para a disponibilização de 70 milhões de doses em 2021 - 8 milhões no primeiro semestre. Os outros dois imunizantes para os quais o país já tem acordo de compra - Astrazeneca/Oxford (Fiocruz) e a CoronaVac (Butantan) - não obtiveram ainda o mesmo patamar de eficácia das primeiras.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou nesta terça-feira (8) que já tem contrato com garantias para a compra de 300 milhões de doses de vacinas para 2021.
Para o Brasil, o ideal seria que o governo aprovasse todas as vacinas para suprir a demanda da população e as diferentes distâncias entre as regiões. Não temos que eliminar nenhuma vacina. Nós temos que aprovar todas, e o governo construir acordos para que possamos ter as doses no Brasil e, assim, pensar no planejamento de distribuição que seja mais adequado com relação à distância; a dificuldade de se chegar a vacina a cada localidade. O Brasil é muito grande, e nós não temos como ter uma só empresa, constata Ethel Maciel.
Ethel observa que os testes realizados com as quatro vacinas até o momento indicam alto índice de eficácia e que, para a utilização no Espírito Santo, qualquer uma seria viável, desde que realizado o planejamento para a conservação dos imunizantes na temperatura adequada.
Chamado de acompanhamento pós-marketing, a epidemiologista afirma que, depois da aplicação das doses no Brasil, é necessária a identificação das pessoas imunizadas para que sejam avaliadas as reações e eventuais efeitos adversos em cada uma. Segundo Ethel, esta fase, chamada também de fármaco vigilância, é comumente realizada após a liberação de todo medicamento introduzido no mercado e, no caso específico da vacina contra a Covid-19, deve ser planejada pelos governos de cada região.
A vacinação deve ser encarada, além de prioridade de saúde pública, também como possibilidade de avanço da sociedade. A epidemiologista sustenta que a vacinação da população brasileira é a alternativa que possibilitará a retomada da economia. Esse é o momento mais importante e quem (o país) tiver acesso a mais vacinas, para que possa vacinar em número maior sua população, vai estar muito mais protegido e vai ter a recuperação do setor econômico muito mais rápido, conclui Ethel Maciel.
*Mônica Moreira é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob supervisão da editora Joyce Meriguetti e de Aline Nunes.
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