Uma oração dividida em quatro partes por uma cruz. De acordo com a aposentada Ada Maria Barcellos, que a encontrou entre os documentos que guardava de sua falecida mãe, há um percurso a ser feito para a sua leitura. A família estima que a origem da prece seja do período da gripe espanhola, que começou a se propagar no Brasil entre março e maio de 1918. A mensagem de fé era escrita e distribuída para que as famílias pudessem afixar em suas portas, como proteção para as casas.
A leitura, segundo Ada, deve começar pelo quadrante superior do lado esquerdo. Permanecendo no mesmo lado, siga para a parte de baixo. Logo depois, vá para o lado direito, na parte superior, e conclua deste mesmo lado, na parte inferior. “Termine dizendo um amém. Agradecendo”, observa a aposentada.
A mensagem foi encontrada pela aposentada durante uma faxina, dentro de uma bolsinha que pertenceu a sua mãe, Vivaldina Duarte de Barcelos, já falecida. “Encontrei uma bolsinha da minha mãe (Vivaldina), que ficou comigo após a morte dela. Nela estava um papel bem enroladinho. Foi até difícil abrir. Foi uma surpresa descobrir que era a oração que ela escreveu", conta.
Lembrando que o mundo vive uma nova pandemia, desta vez causada pelo novo coronavírus (Covid-19), que no mundo já matou milhares de pessoas, a aposentada resolveu distribuir a mensagem de fé entre os seus familiares e agora até para os amigos e vizinhos. “As coisas de Deus precisam ser compartilhadas. Antes precisávamos escrever à mão. Hoje podemos usar o computador e as redes sociais. O importante é que todos se unam em uma oração, para não perder a graça divina, e conseguirmos bloquear esta pandemia”, pondera.
Segundo a aposentada, a prece é uma súplica à Nossa Senhora, pedindo que ela interceda junto a seu filho Jesus, para acabar com a doença, protegendo as casas. Quando Ada era criança, lembra que sua mãe fazia várias cópias da oração e a distribuía entre os vizinhos. Em algumas ocasiões, Ada e a irmã faziam o trabalho. "Ela copiava e passava para as pessoas. Outras ocasiões eram as filhas que faziam o trabalho, já éramos alfabetizadas. Todos tinham uma cópia pregada ou colada na porta para espantar a doença", relata.
Era uma tradição antiga, diz a aposentada, que explica que as pessoas podem hoje fazer adaptações. “Você pode imprimir e plastificar e colocar na porta de sua casa ou apartamento, como faziam os antigos”, observa.
Outra alternativa é deixar a prece no cantinho de oração da casa - para os que possuem -, ou dentro da Bíblia. “Os que desejarem podem ainda carregar na carteira ou bolsa. Nas empresas que permitem, ele pode levar para seu local de trabalho. O importante é não deixar de fazer a oração, não perder a graça”, destaca Ada.
Vivaldina morou grande parte de sua vida em Itaúnas, Conceição da Barra, Norte do Estado. Ainda na infância, ela vivenciou o drama da gripe espanhola, cujos primeiros casos começaram a ser registrados no Brasil entre os meses de março a maio de 1918. "Ela tinha uns 10 a 12 anos na época e os casos duraram até 1920. Anos depois, quando eu tinha a mesma idade dela, vivenciamos a gripe asiática, em 1958", conta Ada.
Durante a gripe espanhola, Vivaldina escrevia a oração e distribuía para seus vizinhos. Anos depois, ensinou as filhas a fazerem o mesmo, durante a gripe asiática. Nesta segunda pandemia, relata Ada, sua avó, por acreditar que era um retorno da gripe espanhola - só anos depois descobriram a confusão -, lançou mão da antiga oração e, de novo, voltou a distribuí-la entre os vizinhos, para ajudar a protegê-los. "Por isto acredito que ela tenha criado a oração quando ainda tinha uns 12 anos, na época da gripe espanhola. Quando veio a outra gripe, repetiu a oração, para proteger a família e os vizinhos", pondera.
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