Mesmo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) orientando a não utilização de cloroquina para tratamento de pacientes de Covid-19, quatro municípios do Espírito Santo comunicaram que vão usar o medicamento na rede municipal de saúde. A rede é de assistência básica e ambulatorial.
Em 29 de maio, a Sesa atualizou o protocolo de utilização da cloroquina na rede pública estadual de saúde, mediante o previsto em uma nota técnica produzida por médicos e demais especialistas da área da saúde. O documento estabeleceu o uso do medicamento somente mediante avaliação médica e em pacientes hospitalizados, ou seja, em estado grave da doença. Antes, a norma era o uso universal para pacientes em tratamento intensivo. Também foi determinado que seja feito o acompanhamento cardiológico desses pacientes.
A decisão de alteração foi devido à não comprovação científica de que o medicamento tenha real efeito em pacientes infectados pelo novo coronavírus.
No entanto, a regra é aplicável apenas na rede estadual pública de saúde, pois os municípios possuem autonomia para decidirem por usar ou não o medicamento em pacientes com a doença. Gestores dos municípios de Aracruz, Mimoso do Sul, Cachoeiro de Itapemirim e Montanha decidiram usar o medicamento em pacientes atendidos em Pronto-Atendimentos e ambulatórios de assistência inicial de saúde e irão receber cloroquina da Sesa. O medicamento foi repassado aos Estados pelo Ministério da Saúde.
Outra cidade que se manifestou informando que vai pedir o medicamento é Cariacica. Mas a Secretaria de Saúde ainda não recebeu a solicitação do município.
Aracruz foi primeiro município há ter médicos da rede pública municipal prescrevendo a cloroquina no tratamento para os pacientes com Covid-19. Há cerca de um mês, o medicamento foi usado em 20 pacientes. "O objetivo era saber como eles reagiriam, a doença estava no estágio inicial e não internados. Obtivemos um bom resultado", afirmou a secretária de saúde municipal, Clenir Sani Avanza. No município, o medicamento é usado no estágio inicial da doença.
A secretária contou que a cloroquina não é usada sozinha e fez questão de enfatizar que não existe entrega de kits à população. "Foi criado um protocolo ambulatorial para as condições de uso, conforme critérios médicos e resposta dos exames, como ecocardiograma, para que haja ministração desses medicamentos. Nada é feito de forma amadora. Esse não é um protocolo hospitalar, mas sim do atendimento de saúde em UPAs, onde é a porta de entrada do paciente", destacou.
De acordo com Clenir Sani, os pacientes são monitorados via telefone. A primeira leva de cloroquina foi comprada pela própria prefeitura de Aracruz. Porém, agora, a administração fez a solicitação para receber os medicamentos do Estado. "É importante que o paciente esteja consciente do que está fazendo. O médico explica como funciona o medicamento, se ele não quiser tomar, não receberá o medicamento. Alguns não têm indicação clínica ou um problema de saúde grave em que não são recomendados os usos", afirmou a secretária de saúde.
Devido ao uso do medicamento, a rede municipal de saúde de Aracruz tem recebido muitos pacientes das cidades vizinhas e pediu que as pessoas sigam o isolamento. "Esse medicamento não previne a doença. A Covid-19 não tem cura, não é para todos irem para a rua. A desobediência civil vai decretar o colapso da saúde pública", afirmou Clenir.
Por nota à imprensa, a Prefeitura de Montanha informou que adotará o uso do medicamento, associado a outros fármacos, seguindo protocolo e já solicitou o medicamento à Sesa. "A utilização será de acordo com a conduta e percepção de cada médico e após exames cardiológicos e laboratoriais que assegurem as condições de uso para o paciente. Foi feita a escolha pelo Centro de Operações Emergenciais em Saúde em concordância com profissionais médicos da APS, após experiências promissoras de outros Estados, do sistema privado e de estudos que indicam a eficácia na fase de replicação viral", pontuou a nota.
A Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim informou, em nota enviada pela assessoria, que já solicitou a cloroquina junto à Sesa. "O município aguarda a chegada do medicamento e dá a opção de tratamento com cloroquina para o médico e para o paciente. É bom frisar que a indicação da cloroquina para o tratamento é por conta do médico", informou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do município, mas até o momento não obteve retorno.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta