O amor de jovens de diferentes etnias uniu dois povos na celebração de um casamento em uma aldeia indígena em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A noiva, Rosiani Martini da Silva, é da etnia Guarani, enquanto o noivo, Leonardo Neves, faz parte da etnia Tupiniquim.
É a primeira vez que um casamento entre os povos distintos acontece na Aldeia Temática Piraquê-Açú, segundo o cacique e pai da noiva, Pedro Silva. A união inédita reuniu cinco aldeias do Estado e de Minas Gerais para celebrar a resistência de uma cultura milenar.
No casamento indígena, realizado no último sábado (22), o amor se manifestou nas cores e formas desenhadas no corpo. O noivo se prepara para a cerimônia com ajuda dos amigos. A pintura feita no corpo e no rosto de Leonardo, assim como os acessórios usados por ele, representam o lado espiritual e a cultura do povo Tupiniquim.
“A pintura representa nosso lado espiritual, é como fazemos a nossa limpeza. Representa a cultura de cada povo. Cada povo tem seus traços e seu jeito de preparar a tinta. [...] O colar representa a minha espiritualidade, de onde eu tiro forças”, conta Leonardo.
As etnias Guaranis e Tupiniquim são as únicas que existem no Estado. Apesar das diferenças entre os dos povos, o casamento entre eles é um símbolo da união e resistência indigena.
A noiva Rosiani se arrumou em outro local e chegou na aldeia acompanhada de amigos e familiares. Diferente dos casamentos em culturas não indígenas, é comum que os noivos se encontrem antes da cerimônia.
A entrada dos noivos é marcada pelo som de músicas que comemoram a união e destacam a importância da natureza.
Durante a cerimônia, uma anciã de cada etnia que representa os noivos, abençoa o casal na língua nativa. Depois, os votos são anunciados em português.
Após esse ritual, é a vez do cacique, orientar o casal e finalizar a cerimônia. Rosiani é a filha mais nova do cacique Pedro, por isso ele também faz votos no papel de pai.
“Eu faço o casamento dela, primeiro como cacique, responsável pela aldeia, e depois como pai. [...] A cerimônia contou com as duas aldeias, não é uma coisa comum o casamento entre as duas etnias. Uma cerimônia como essa é importante para que as culturas Guaranis e Tupiniquim, que já vem de 1.500 anos atrás, não sejam esquecidas”, conta.
Agora casados, Rosiani e Leonardo vão morar juntos na aldeia da noiva. Para familiares e amigos que vieram celebrar a união do casal, mais do que uma festa, é o casamento entre eles é um símbolo da continuidade do povo indígena.
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