Em meio à pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas estão procurando alternativas, além dos cuidados recomendados pelas autoridades e entidades médicas, para se prevenirem e tratarem a doença. Por isso, muitos medicamentos têm ganhado destaque.
Um desses medicamentos é a Ivermectina, um vermífugo para tratar piolho e vermes, que tem sido difundido na internet como uma medicação que pode reforçar a imunidade contra a doença. Mas o que dizem os especialistas sobre os testes e o que se sabe sobre este remédio até o momento?
Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, a médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, afirma que a Ivermectina revelou uma ação antiviral (classe de medicamentos usada especificamente para tratar infecções por vírus) em poucos estudos. No entanto, destaca que isso foi constatado nos testes chamados in vitro.
A Ivermectina é um vermífugo, é um remédio utilizado para tratar piolho, vermes, que foi testado in vitro e revelou em poucos estudos alguma ação antiviral in vitro. In vitro é uma coisa, em pessoas, é outra coisa, disse.
O teste in vitro se trata de uma fase muito preliminar de pesquisa, que ainda acontece em ambientes controlados e fechados de um laboratório, em tubos de ensaio. Os resultados do teste in vitro não garantem a eficácia em seres humanos. Trata-se da primeira etapa de uma série de outras que precisam ser feitas até que o medicamente chegue a ser testado em seres humanos.
É bastante comum que substâncias funcionem in vitro e não tenham qualquer efeito em ratos (que fazem parte da testagem) e, por fim, em seres humanos. Importante frisar que, mesmo quando se chega aos humanos, a testagem não para, afinal, um organismo é diferente do outro. Para que o remédio seja autorizado, tem de ficar provada sua eficácia e tem de estar claro quais são os seus riscos.
Um exemplo claro dessa diferença é a tão falada hidroxicloroquina. In vitro, no laboratório, chegou a matar 95% do vírus causador da Covid-19, mas acabou não se mostrando assim tão eficaz quando administrada em seres humanos. Nessa quarta-feira (17), a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu suspender os ensaios clínicos do medicamento contra o coronavírus. Segundo a entidade, as evidências científicas apontam que a substância não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Por isso, Margareth Dalcolmo reforça a necessidade de se aguardar trabalhos mais consistentes que possam garantir a eficácia desses medicamentos. Então, não há nenhum trabalho consistente, até o momento, que possa autorizar ou defender a prescrição de um medicamento que não teve nenhuma demonstração clínica de eficácia para tratar Covid-19, completou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta