Município selecionado para fazer parte de um estudo sobre a eficácia de meia dose da vacina Astrazeneca para proteção contra a Covid-19, Viana alcançou, nesta segunda-feira (21), 80% da população com mais de 18 anos com a D1 (primeira dose). A cobertura vacinal extensa - a maior do Espírito Santo - mesmo sem a segunda aplicação já pode ter reflexos na cidade, ainda que uma nova dose seja também necessária para completar o ciclo de imunização.
Ao apresentar um balanço sobre a imunização na cidade, depois de uma semana do início da campanha para o projeto Viana Vacinada, o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, ressaltou que chegar a 80,52% das 51.391 pessoas elegíveis para tomar a vacina representa uma cobertura de plenitude. "A circulação do vírus (Sars-Cov-2) a partir de 28 dias já deve começar a sofrer impactos", estimou.
O infectologista Lauro Ferreira Pinto afirmou, no entanto, que os benefícios agora devem ser menores. "Esperamos interromper a transmissão da doença quando as duas doses forem aplicadas em mais de 75% da população, mas será uma boa surpresa se, apenas com primeira dose, observarmos impacto na transmissão", pontuou.
Para Paulo Peçanha, professor no curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e também infectologista, alcançar 80% da população é significativo, mas, assim como Lauro Ferreira Pinto, frisou que a segunda dose é que deverá proporcionar melhores resultados para o município.
"Maior grau de proteção, tanto individual quanto coletiva, será obtido 15 dias depois da segunda dose. Não só para quem for vacinado, mas também para a população toda do município. A partir daí, haverá uma redução significativa da incidência da doença moderada, grave, UTI e óbito", observou.
Da população hoje imunizada, 18.557 moradores receberam a meia dose e 22.823 a dose padrão. Cerca de 10 mil pessoas não foram contempladas, mas ainda podem buscar uma unidade de saúde para se vacinar.
O estudo da meia dose é feito com a Astrazeneca, cujo intervalo entre as duas aplicações é de três meses. No entanto, Nésio Fernandes disse que foi solicitada à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) a antecipação para oito semanas, de modo a realizar o Dia D da segunda dose em 8 de agosto no projeto Viana Vacinada, conferindo o ciclo completo de imunização dos moradores do município mais cedo.
A perspectiva de adiantamento é bem-vista por Paulo Peçanha. "Assim, antecipa-se também a possibilidade de resultados efetivos. E, na medida que alcançar de 70 a 80% dos moradores (com a segunda dose), até os outros 20% vão ser beneficiados com o chamado efeito rebanho, o efeito coletivo da vacinação. O benefício da vacina se estende para as outras pessoas."
A vacinação em massa faz parte de um estudo internacional que pretende atingir cerca de 35 mil pessoas na cidade. A iniciativa combina vacinação com meia dose (0,25 ml) da Astrazeneca no público de 18 a 49 anos, além de acompanhamento da resposta imune e sequenciamento genético do novo coronavírus.
A estimativa é de redução de 60% da incidência de novos casos ao longo de seis meses, a partir de 28 dias após aplicação da segunda dose. Isso também reduziria número de internações e óbitos pela doença.
O trabalho em Viana será uma confirmação dos estudos feitos pela Astrazeneca, que já indicaram que a aplicação da meia dose é capaz de levar o organismo a produzir anticorpos contra o coronavírus.
Por se tratar de uma pesquisa, após a aplicação da segunda dose, será feito um processo de amostragem para a comprovação da imunidade ao Sars-Cov-2. Caso os vacinados não tenham adquirido a proteção, os participantes receberão dose de reforço para garantir o ciclo de imunização.
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