Entre as cidades do Espírito Santo que possuem uma população maior do que 50 mil habitantes, Viana, na Região Metropolitana, é o município que está há mais tempo sem registrar mortes por Covid-19. De acordo com o governo estadual, há 37 dias nenhum paciente infectado pelo vírus morreu na cidade.
A informação foi publicada pelo governador Renato Casagrande (PSB) neste sábado (9) em suas redes sociais. Segundo ele, a última morte aconteceu em Viana no mês de setembro. "Viana é a cidade do Espírito Santo com mais de 50 mil habitantes com maior quantidade de dias sem óbitos: 37 dias. Um óbito notificado em setembro foi de paciente sem registro de vacinação. Sem dúvida, resultado potencializado pelo projeto 'Viana Vacinada'. Vacinas salvam vidas, vacine-se!", disse o governador.
Divulgado no início desta semana, o resultado preliminar do estudo sobre a aplicação de meia dose de AstraZeneca em voluntários de Viana, no Espírito Santo, mostrou que o imunizante induziu anticorpos em 99,8% dos participantes. O projeto faz parte do estudo "Viana Vacinada", do governo do Espírito Santo e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que avalia a eficácia de meia dose do imunizante contra a Covid-19.
Cerca de 20 mil pessoas com idades entre 18 e 49 anos participaram do estudo. A primeira meia dose foi aplicada nos voluntários em junho deste ano e a segunda dose foi aplicada oito semanas depois, em agosto.
Viana foi a primeira cidade a atingir 100% de adultos vacinados com ao menos uma dose de imunizantes contra a Covid-19 no Espírito Santo.
A pesquisa testa se a aplicação das duas meia doses é capaz de produzir anticorpos neutralizantes (protetores) e células de defesa. O estudo também investiga se os participantes terão a redução da incidência de novos casos de Covid-19 da mesma forma que quem recebeu a dose padrão da AstraZeneca.
De acordo com o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) da Ufes, que coordenou a pesquisa, os resultados preliminares apresentados confirmam que a meia dose da vacina AstraZeneca foi capaz de induzir a produção de anticorpos em 99,8% dos participantes.
A coordenadora do projeto, a pesquisadora Valéria Valim, explicou que o resultado equivale a resposta imune do esquema com dose padrão, após aplicação das duas doses com intervalo de oito semanas. “Esse é o resultado esperado pelos pesquisadores. Poder demonstrar do ponto de vista científico é muito importante, porque gera evidência, gera política pública, estratégia de saúde. É a resposta que as pessoas estavam esperando e traz tranquilidade para quem tomou a meia dose”, disse a pesquisadora.
O resultado preliminar mostrou ainda que em pessoas que tiveram Covid-19, o resultado imune com apenas uma dose foi maior que com as duas doses. Esse comportamento de resposta, de acordo com o Hucam, também se repetiu com dose padrão e está sendo analisado pelos pesquisadores. A hipótese é de que apenas uma dose pode ser suficiente, funcionando como um reforço ao estímulo produzido pela infecção natural.
O resultado do estudo será publicado apenas em dezembro. O Hucam informou que os resultados precisam passar por um segundo teste e por complementação com os dados de imunidade celular, que estão em andamento. “Uma análise conclusiva será apresentada em dezembro, três meses após a segunda dose. Se esses resultados se confirmarem, a aplicação de meia dose de AstraZeneca poderá ser uma estratégia a ser adotada pelos governos”, informou a coordenadora da pesquisa.
Depois da aplicação das doses fracionadas, a resposta imune dos voluntários será acompanhada após três meses, seis meses e um ano. Segundo Valéria, se em algum momento dessas análises a taxa de anticorpos cair ou se os casos de Covid-19 voltarem a aumentar entre os participantes, o grupo será vacinado novamente.
Com informações do G1 ES
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