O estudo no município de Viana com aplicação de meia dose da Astrazeneca na população de 18 a 49 anos demonstra que a estratégia adotada é eficaz para evitar mortes por Covid-19. Entre os mais de 20 mil que receberam a dose reduzida (ajustada), não houve registro de óbitos após os 28 dias estimados para que esse público desenvolvesse a proteção contra a doença. Nesse período, 88,3% apresentaram anticorpos.
Os indicadores do projeto "Viana Vacinada" foram apresentados em coletiva nesta segunda-feira (9) na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). "Os dados são preliminares, mas comprovam a capacidade das pessoas em desenvolver anticorpos contra o Sars-Cov-2 (coronavírus) com a meia dose", pontuou o secretário Nésio Fernandes.
O volume de casos confirmados também reduziu a partir da vacinação em massa - o Dia D da primeira meia dose ocorreu em 13 de junho. Naquele mês, cerca de 18% dos quadros suspeitos da doença eram positivos e, em julho, passaram para 8% mesmo após ampliar a testagem na população.
Ainda houve queda no número de mortes no comparativo entre os dois meses. Enquanto junho registrou 11 óbitos, foram sete em julho.
"No entanto, entre o grupo que é acompanhado, na janela que faz efeito, nos 28 dias que levam para fazer efeito, nenhum morador de Viana foi a óbito", ressaltou Luiz Carlos Reblin, subsecretário de Vigilância em Saúde.
No estudo em Viana, os pesquisadores combinam vacinação com meia dose (0,25 ml) da Astrazeneca no público definido, além de acompanhamento da resposta imune e sequenciamento genético do novo coronavírus. A estimativa é redução de 60% da incidência de novos casos ao longo de seis meses, a partir de 28 dias após a segunda dose - que começou a ser aplicada neste domingo (8).
A população será acompanhada por um ano para observar a efetividade da vacina produzida pela Fiocruz. Os pesquisadores querem observar, por exemplo, a redução de casos e de mortes por Covid-19 após a imunização.
Do total de voluntários, 600 foram escolhidos aleatoriamente e têm o sangue coletado antes e após receberem as doses. Com esse material, os pesquisadores analisam os títulos dos anticorpos por diferentes técnicas e estudam as células para identificar se elas desenvolveram capacidade de resposta imunológica. O grupo também avalia o surgimento de efeitos colaterais.
Após a primeira meia dose, afirmou Reblin na coletiva, cerca de 83% dos vacinados apresentaram efeitos adversos leves, como dor no local da aplicação e vermelhidão, índice muito próximo do que é registrado (84%) entre os que recebem a dose padrão. A diferença é o tempo de duração, menor no público com a dose reduzida.
O projeto nasceu de uma iniciativa do governo do Estado e profissionais do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em uma articulação do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (Icepi).
O estudo, coordenado por equipes de pesquisadores do Hucam e da Fiocruz, tem sido executado numa parceria entre o Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a Fiocruz, Hucam-Ufes e a Sesa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta