Apesar de parecer um convite aos olhos dos mais jovens, a água de chuva, acumulada nas enchentes, pode transformar brincadeiras em riscos, inclusive de morte. Nesta segunda-feira (11), devido ao cenário que vem repercutindo no Estado desde sábado (9), em especial na Grande Vitória, situações de adolescentes se divertindo no alagamento foram flagradas. Veja vídeo de um caso em Nova América, bairro de Vila Velha:
Sobre o assunto, a médica infectologista Rúbia Miossi explicou que, entre os riscos de contaminação na chuva, estão a possibilidade de infecção por leptospirose, doenças que causam diarreias e até hepatite A.
No caso da leptospirose, esta é, segundo a especialista, uma doença bacteriana transmitida pelo contato com água contaminada por urina de rato. "Apesar de não ser uma doença muito frequente, é justamente após chuvas intensas que ela ocorre, quando há alagamentos. E é extremamente grave, podendo causar até a morte, se não for tratada rapidamente. O contato com água da chuva não faz com que a pessoa apresente sintomas amanhã, mas em média depois de 14 dias. Aí é que está: às vezes, a pessoa nem lembra que teve o contato com a água e dificulta o diagnóstico", disse.
Também para o infectologista Lauro Ferreira Pinto, diante das fortes chuvas, o risco clássico é a leptospirose. Ele explica que quando a água de enchente se espalha, carrega urina de roedores.
"Em contato com a pele por muito tempo, mesmo se estiver íntegra, sem feridas, pode provocar esta infecção. O quadro começa como uma gripe, mas, em casos mais graves, pode dar olho amarelo, icterícia e insuficiência renal, sendo, por vezes, necessário hospitalizar. A orientação é nunca brincar em área de enchente. Se tiver que entrar, deve-se proteger com bota ou algum tipo de material impermeável", orientou.
Já em relação a outras doenças, é fundamental que a população não utilize alimentos que foram molhados pela água da enchente. "Infelizmente, tem que descartar esses produtos, já que apresentam risco de contágio de diarreias graves, que podem levar à desidratação, além da hepatite A", afirmou Rúbia Miossi.
De acordo com a médica, quem precisa ter contato com a água, deve usar calçados apropriados, como galochas de cano alto, para evitar que a água entre em contato com a pele. "Algumas pessoas tentam colocar saco plástico para poder caminhar, mas não é recomendado, porque nas sacolas há pequenos furos que acabam deixando ter contato da água com a pele. Às vezes, ocorre de a água ser coletada para dentro da sacola e fica mais tempo ainda em contato com o indivíduo", frisou.
Devido ao mau tempo, a Defesa Civil Estadual anunciou, na tarde desta segunda (11), que deixou o estado de atenção para entrar em estado de alerta. Com a manutenção das chuvas, são grandes as possibilidades de novos problemas, de modo que a Defesa Civil seguirá monitorando o sistema de informação de desastres 24 horas por dia, acompanhando índices pluviométricos, previsões meteorológicas, avisos e alertas.
A previsão, segundo Boletim de Avisos Meteorológicos e Alertas, é de chuva expressiva em parte do Estado, durante esta segunda-feira (11). A terça-feira (12), no entanto, deverá contar com chuva menos intensa no Estado. Porém, ela pode cair na forma de pancada em alguns pontos.
Também segundo o boletim, chove de forma moderada, a qualquer hora desta segunda (11), em todas as regiões, acarretando grandes acumulados de chuva. A chuva não deve ser acompanhada de outros fenômenos adversos. O acumulado deste dia deve ser expressivo, podendo representar entre 40 e 60% da média de chuva para um outubro típico em algumas regiões e se aproximando do total de chuva do mês nas vizinhanças da Grande Vitória e da Região Nordeste do Espírito Santo.
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