A jovem Luísa Lopes, de 24 anos, morta em um atropelamento na última sexta-feira (15), em Vitória, participou do programa "Em Movimento", da TV Gazeta, em janeiro de 2022, onde falou sobre a representatividade negra na moda e sonhos envolvendo a carreira de modelo.
Na ocasião, o programa abordou novos rostos na moda e evidenciou como Luísa vinha se destacando.“Eu me via nesse lugar como modelo, mas não acreditava que poderia ter essa possibilidade por conta da falta de referências. Um sonho que foi guardado e resgatado mais recentemente”, contou a jovem em entrevista à repórter Elis Carvalho, da TV Gazeta, na ocasião.
Ao romper a bolha do que é colocado como padrão de beleza, Luísa também teve que lidar com comentários questionando qual seria o lugar dela enquanto modelo.
“‘Mas você nem é tão alta, você nem é magra. Como que você é modelo assim?’ Outros já falavam: ‘Que bom que você é modelo, a gente está se vendo, e que bom essa inclusão’. Hoje em dia, ser referência de cabelo, entre outras coisas, é muito satisfatório porque a gente consegue promover autoestima em outras meninas, que olham e falam: ‘Olha que cabelo bonito, armado, não é uma coisa feia como era na minha infância, que eu tinha que amarrar e alisar”, disse Luísa na época.
A repórter Elis Carvalho conta que, após a morte de Luísa, ouviu o pai da jovem, Ivan lopes, definindo a filha como “um sol que iluminava”. “Foi essa sensação que eu tive quando a entrevistei. Ela chamava atenção, brilhava. A gente pôde conversar e trocar algumas experiências sobre pertencimento e representatividade. Nós duas, mesmo sendo de idades diferentes, vivemos a mesma coisa, de não se ver na televisão, nos jornais, na moda, novela e desenhos”, relembra a jornalista.
“Dá uma tristeza saber que ela havia conseguido chegar lá, entrando na moda, ditando tendências, sendo negra, periférica. É muito triste. Agora, é necessário que a Justiça seja feita que as pessoas entendam que precisamos ter mais cuidado e zelo pela vida do outro, não podemos ignorar que aquilo é uma vida, com pais, famílias e sonhos. Somos responsáveis pela vida do próximo também”, reflete.
“Sempre prezamos que as pessoas vivam a cidade, aproveitem nos espaços públicos, com lazer, esporte, atividade física, então quando sabemos que uma ciclista é atropelada e perde a vida assim, tão precocemente, não tem como não nos colocarmos no lugar dela e pensar: "Poderia ter sido eu, ou um amigo". E pensar que uma menina tão nova, vivendo a cidade, teve a vida ceifada tão rapidamente”, finaliza Elis.
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