Um grupo de amigos que estava surfando em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha, teve uma grande surpresa na manhã desse domingo (10): um pinguim se aproximou deles e, como se pedisse ajuda por estar debilitado, foi resgatado.
Tudo foi filmado pelo mecânico industrial Romerito Lopes, de 36 anos (veja acima). "A gente estava surfando ali no local e deu para ver ele de costas, passando na água e vindo na nossa direção. Só quando ele chegou perto é que a gente viu que era um pinguim", lembrou.
O surfista tentou passar a mão no animal, que consentiu. "Ele foi interagindo com a gente, pareceu que estava pedindo ajuda. Ele ficou mergulhando em volta. Deu para ver que estava debilitado, estava com as costelas aparecendo, sem muita carne", contou.
Depois de pegar o animal, o mecânico pediu para um amigo, que estava de jet ski, levar o pinguim até a areia. "A gente entregou para outros amigos que estavam nos esperando, orientamos eles a esperarem o salva-vidas, que acionou o resgate", disse.
A empresa CTA - Serviços em Meio Ambiente foi quem buscou o pinguim, que foi levado até o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram).
De acordo com o médico veterinário Luis Felipe Mayorga, diretor do Ipram, o pinguim está no primeiro ano de vida e segue internado. "Ele chegou bem fraquinho, com temperatura baixa e imunodeficiência, um quadro bem crítico. Ele está internado, com soro na veia e tudo", detalhou.
"É um pinguim-de-magalhães, originário da Patagônia Argentina. Eles migram em bandos. Eles vêm lá da Argentina, sobem a costa do Brasil até a região dos lagos (RJ) e voltam para a Argentina no verão. Quando ele vem para a costa, desse jeito, é porque está com algum problema. Ele estava procurando a costa, um lugar seco. Provavelmente não estava se alimentando e estava com fome", explicou Mayorga.
Assim que se recuperar, o pinguim deve ser devolvido à natureza.
O mecânico que encontrou o pinguim já até batizou o animal, em homenagem ao personagem Cadú Maverick, um pinguim do filme de animação "Tá Dando Onda". Na obra, o pinguim deixar a cidade natal e a família para participar de um torneio de surfe.
"Foi muita coincidência. A gente estava surfando e do nada ele chegou lá, aí o nome saiu no automático", contou Romerito.
Ele afirmou, ainda, que apesar de já ter resgatado outros animais, a sensação de dever cumprido é sempre gratificante. "Já passei por situações tipo essas, mas com tartaruga. Para a gente que vive no mar, mergulhando, pescando, é uma sensação legal. Você se sente cuidando e zelando pelo meio ambiente", concluiu.
Ao encontrar animais marinhos encalhados nas praias, sejam vivos ou mortos, o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Campos e do Espírito Santo (PMP-BC/ES) pode ser acionado pelos telefones 0800-039-5005 (ES) e 0800-026-2828 (RJ).
"Ao sermos acionados, um profissional se deslocará ao local para atendimento da ocorrência", explicou a empresa CTA - Serviços em Meio Ambiente. O projeto monitora diariamente todo o litoral entre Itaúnas, no Espírito Santo, e Saquarema, no Rio de Janeiro.
Sobre os pinguins, ao se deparar com um animal vivo debilitado na praia, a recomendação da empresa é acionar imediatamente o PMP-BC/ES para o resgate. Normalmente, essas aves apresentam-se com baixa temperatura, por isso, é extremamente importante mantê-las aquecidas.
Como não é possível prever se elas têm algum tipo de patologia, orienta-se evitar o contato próximo, bem como manter animais domésticos afastados.
"Se for seguro, enrolar o animal em um pano ou toalha secos, mantendo apenas a cabeça descoberta, até que a equipe realize o resgate. Este procedimento ajuda na manutenção da temperatura e aumenta as chances de sobrevivência. Também não deve ser ofertado nenhum tipo de alimento ao animal, nem tentar devolvê-lo ao mar. Caso o animal esteja morto, a orientação é acionar a equipe para realizar o recolhimento da carcaça", completou a nota.
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