No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho. Tinha uma pedra. O conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade foi escrito há mais de 50 anos, mas pode servir de relato dos ciclistas que passam por um trecho da Avenida Alexandre Buaiz, na altura do Portal do Príncipe, em Vitória. Isso porque existe um poste ocupando a ciclovia na via.
Quem gravou o vídeo e relatou a dificuldade de passar pelo local foi o escrivão Wagner Rodrigues, morador de Vitória que costuma pedalar pela Região Metropolitana.
Segundo ele, o poste não estava no local antes das obras do Portal do Príncipe. Wagner afirmou que passava pelo trecho antes da mudança e não encontrava problema semelhante.
A gravação feita por ele mostra um grupo de ciclistas desviando do poste, que fica no trecho para quem segue no sentido Rodoviária de Vitória. Outros postes são vistos à esquerda, mas o registrado ocupa justamente a área destinada exclusivamente à circulação de bicicletas.
O Portal do Príncipe, trecho onde está o poste, foi entregue no fim do ano passado após obras do governo do Estado.
A Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura foi procurada pela reportagem de A Gazeta para explicar o motivo da construção de uma ciclovia no local onde há um poste. Em resposta, a Semobi disse que o poste foi colocado antes das obras e não pôde ser removido porque possui equipamentos utilizados pelas forças de segurança pública. Ainda conforme a pasta, a ciclovia é larga e o poste não interfere na segurança dos ciclistas e dos pedestres.
A reportagem de A Gazeta também procurou a Prefeitura de Vitória para comentar o caso, já que, aparentemente, há uma câmera de videomonitoramento instalada no poste. A Secretaria Municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran) informou, por nota, que "o poste deveria ter sido removido pelo ente executor da ciclovia durante a obra do Portal do Príncipe, assim como o Governo do Estado deslocou ou removeu outras estruturas, como meios-fios, dutos e semáforos, por exemplo, para a segurança das pessoas".
A reportagem voltou a questionar a Prefeitura de Vitória se a estrutura no local faz parte do cerco eletrônico. Em nota, a Setran respondeu que uma câmera de um projeto de combate ao crack está instalada no poste e não tem relação com a administração municipal.
Diante da segunda resposta da prefeitura, a Semobi foi novamente procurada, e informou que os equipamentos instalados no poste são de responsabilidade da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp).
Por nota, a Sesp explicou à reportagem que o equipamento funciona por meio de sinal de rádio e depende de alinhamento, por meio de antenas, com outros pontos de sinal. "Neste caso, o poste só poderia ser deslocado para a direita, ficando nas faixas de rolamento, ou para a esquerda, onde pegaria uma rede de energia que passa pelo local. Desta, forma, como não afeta a mobilidade neste ponto da ciclovia, ocupando apenas um pequeno espaço da faixa cicloviária e considerando ainda que a faixa de calçada é larga, permitindo área de escape, optou-se por manter o poste no local para preservar o conjunto de equipamentos que fazem a segurança na região", iniciou.
Ainda de acordo com a Sesp, a câmera instalada no poste está em pleno funcionamento e é utilizada para apoio ao trabalho policial, investigativo, monitoramento de ocorrências em andamento "em uma região importante para a mobilidade urbana, ainda presta apoio em grandes eventos, visto que é rota para locais de lazer, como o estádio Kléber Andrade, o Sambódromo de Vitória, além de ser usada para observação da Romaria dos Homens, da Festa da Penha, por exemplo", finalizou.
Após a publicação desta matéria, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) foi procurada pela reportagem e explicou como funcionam os equipamentos instalados no poste citado. O texto foi atualizado.
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